Tim Walz a receber Kamala  em março. Então eram governador e vice-presidente, agora formam a dupla para tentar derrotar Trump.
Tim Walz a receber Kamala em março. Então eram governador e vice-presidente, agora formam a dupla para tentar derrotar Trump.STEPHEN MATUREN / AFP

Kamala escolhe o governador que batizou Trump de “estranho”

Tim Walz, um veterano e antigo professor de 60 anos que governa o Minnesota desde 2019, é o candidato a vice-presidente da democrata. Insulto que usou contra os republicanos viralizou.
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O governador do Minnesota, Tim Walz, já fazia parte da lista de nomes que estavam a ser vetados para candidato a vice-presidente de Kamala Harris quando foi ao programa Morning Joe, da MSNBC. “Estes tipos são estranhos”, lançou, referindo-se aos republicanos como Donald Trump e o seu candidato a vice J.D. Vance e à forma como semeiam a divisão, até dentro de uma família, ou querem proibir determinados livros. O adjetivo que usou parece ter assentado como uma luva e tornou-se viral, para mal do ex-presidente. “Eles é que são estranhos. Nunca ninguém me chamou estranho. Sou muitas coisas, mas não sou estranho”, já disse o republicano. 

Tim Walz, veterano da Guarda Nacional de 60 anos e antigo professor do secundário nascido no Nebrasca, é o candidato a vice-presidente escolhido por Harris. “O Tim é um líder testado em batalha que tem um historial incrível de fazer coisas pelas famílias do Minnesota. Eu sei que ele trará a mesma liderança de princípios para a nossa campanha e para o cargo de vice-presidente”, afirmou a candidata.

Walz, casado com uma professora e pai de dois filhos, respondeu nas redes sociais que era a “honra de uma vida” poder juntar-se à campanha de Kamala, alegando que ela está a mostrar “a política do que é possível”. O antigo professor de Estudos Sociais e Geografia e treinador de futebol americano comparou tudo “ao primeiro dia de aulas”. E mudou a descrição no perfil pessoal no X para dizer: “A concorrer para ganhar isto com a Kamala Harris.”

Há poucas semanas, seriam poucos aqueles que conseguiam reconhecê-lo fora do Minnesota, onde fez a carreira política. Primeiro como congressista eleito por um distrito rural, derrotando em 2006 o republicano que estava no cargo, e depois, a partir de 2019, como governador. Mas o comentário sobre o “estranho” (weird, no original) virou quase um lema alternativo da campanha e tornou-o numa estrela nos círculos democratas. 

Enquanto governador, reeleito em 2022, Walz tem implementado uma agenda progressista, inscrevendo o direito ao aborto na constituição estatal, legalizando a marijuana, aprovando baixas médicas pagas ou garantindo pequeno-almoço e almoço gratuito para os estudantes. Caçador, já teve o apoio do poderoso lóbi das armas, mas renunciou a ele após o tiroteio na escola de Parkland (Florida), que fez 17 mortos em 2018. No Minnesota, aumentou as verificações de antecedentes para a compra de armas.

Assim que o nome foi revelado, os republicanos passaram ao ataque. Nas redes sociais, foi de imediato colado aos motins em Minneapolis em 2020, que se seguiram à morte de George Floyd pela polícia. “Ele permitiu que uma multidão de bandidos queimassem uma esquadra”, lia-se numa das muitas mensagens sobre o tema, com imagens do fogo e a indicação de que “uma foto vale mais do que mil palavras”. O governador é acusado de ter demorado demasiado tempo a agir.

O republicano J. D. Vance, disse esta terça-feira que deixou uma mensagem no telemóvel de Walz a dar-lhe os parabéns, dizendo-lhe para “aproveitar” e que estava desejoso de ter uma “conversa robusta” com ele. Mas também deixou claro que a escolha de Kamala “mostra o quão radical ela é”. A campanha de Trump acusou Walz de ser um “extremista de esquerda”, com o próprio ex-presidente a dizer que ele vai “libertar o inferno na terra”.

A decisão de Harris foi entre Walz e o governador da Pensilvânia, Josh Shapiro. Este elogiou a escolha, lembrando que ela é “pessoal” e que ainda tem muito a dar ao seu estado - que governa há menos de dois anos. Foi precisamente na Pensilvânia que o duo Harris-Walz começou esta terça-feira um périplo de cinco dias pelos sete swing states das eleições. 

A Pensilvânia é um desses estados que oscilam entre democratas e republicanos, ao contrário do Minnesota (que tradicionalmente vota nos candidatos presidenciais democratas). Mas Walz não é visto como uma desvantagem, já que representa a América branca e rural (o tipo de eleitores que escapam a Harris) e o seu estado está próximo do Wisconsin e do Michigan (dois dos swing states). 

susana.f.salvador@dn.pt

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