Roberta Metsola (foto de arquivo) anunciou o prémio.
Roberta Metsola (foto de arquivo) anunciou o prémio.EPA/RONALD WITTEK

Jornalistas detidos na Bielorrússia e Geórgia vencem o prémio Sakharov

Andrzej Poczobut e Mzia Amaglobeli distinguidos pelo Parlamento Europeu. Prémio entregue numa cerimónia a 16 de dezembro.
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Os jornalistas Andrzej Poczobut, detido na Bielorrússia, e Mzia Amaglobeli, presa na Geórgia, são os vencedores deste ano do Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, entregue pelo Parlamento Europeu.

“Ao atribuir o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento deste ano a Andrzej Poczobut, da Bielorrússia, e a Mzia Amaglobeli, da Geórgia, prestamos homenagem a dois jornalistas cuja coragem brilha como um farol para todos os que se recusam a ser silenciados", disse a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, ao fazer o anúncio no hemiciclo.

"Ambos pagaram um preço elevado por dizer a verdade ao poder, tornando-se símbolos da luta pela liberdade e pela democracia. O Parlamento está ao seu lado e ao lado de todos aqueles que continuam a exigir liberdade”, acrescentou.

O prémio, que desde 1988 reconhece anualmente indivíduos e organizações que defendem os direitos humanos e as liberdades fundamentais, será entregue numa cerimónia no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, a 16 de dezembro. O galardão, batizado em homenagem ao físico e dissidente político soviético Andrei Sakharov, inclui um prémio de 50 mil euros.

Poczobut é jornalista, ensaísta, bloguista e ativista da minoria polaca na Bielorrússia, indica a nota de imprensa. Tem 52 anos e é correspondente do jornal polaco Gazeta Wyborcza.

Conhecido crítico do regime de Alexander Lukashenko e autor de textos sobre história e direitos humanos, está preso numa colónia penal desde 2021, tendo sido condenado a uma pena de oito anos em 2023. O seu atual estado de saúde é desconhecido e as visitas de família não estão autorizadas.

Amaglobeli, de 50 anos, é uma jornalista georgiana, diretora dos meios de comunicação social online Batumelebi e Netgazeti. Foi detida em janeiro de 2025 por ter participado em manifestações antigovernamentais na Geórgia e condenada em agosto a dois anos de prisão por motivos políticos, acusada de "resistência, ameaça ou violência" contra um funcionário.

"Primeira prisioneira política da Geórgia desde a independência do país e defensora da liberdade de expressão, Mzia Amaglobeli tornou-se a figura de proa do movimento de protesto pró-democracia da Geórgia, opondo-se a partido no poder Sonho Georgiano desde as eleições contestadas de outubro de 2024", refere a nota de imprensa.

Poczobut e Amaglobeli foram nomeados conjuntamente pelo grupo do Partido Popular Europeu (PPE), pelo grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus e por Rasa Juknevičienė (PPE, Lituânia) e outros 60 eurodeputados.

Os outros dois finalistas eram os jornalistas e trabalhadores humanitários na Palestina e em todas as zonas de conflito, representados pelo Sindicato dos Jornalistas Palestinianos, o Crescente Vermelho e a UNRWA; e os estudantes sérvios que iniciaram os protestos após o colapso da cobertura da estação ferroviária em Novi Sad, na Sérvia, a 1 de novembro de 2024, que matou 16 pessoas. Uma tragédia associada a alegada corrupção sistémica e negligência com as infraestruturas.

No ano passado, o prémio foi entregue aos opositores venezuelanos María Corina Machado, já este ano galardoada com o Nobel da Paz, e Edmundo González.

Roberta Metsola (foto de arquivo) anunciou o prémio.
Prémio Sakharov atribuído a Edmundo González e María Corina Machado

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