Prémio Sakharov atribuído a Edmundo González e María Corina Machado

Prémio Sakharov atribuído a Edmundo González e María Corina Machado

O anúncio foi feito por Roberta Metsola. A presidente do Parlamento Europeu justificou a escolha pela "luta corajosa para restaurar a liberdade e a democracia na Venezuela".
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Os opositores políticos ao regime venezuelano de Nicolás Maduro, Edmundo González e María Corina Machado, são os vencedores do Prémio Sakharov 2024 pela "luta para restaurar a liberdade e democracia", anunciou esta quinta-feira a presidente do Parlamento Europeu (PE).

"O Prémio Sakharov 2024 para a Liberdade de Pensamento é atribuído a María Corina Machado e ao presidente eleito Edmundo González Urrutia pela sua luta corajosa para restaurar a liberdade e a democracia na Venezuela", anunciou Roberta Metsola no hemiciclo de Estrasburgo (França).

A presidente do PE acrescentou que os dois vencedores procuraram uma "transição de poder justa, livre e pacífica, defenderam destemidamente os valores de milhões de venezuelanos" e também batalharam pela "justiça, democracia e Estado de direito".

Roberta Metsola recordou que o Parlamento Europeu "está ao lado" da população venezuelana e dos dois opositores ao regime de Nicolás Maduro: "Este prémio é deles."

A escolha dos dois opositores ao regime venezuelano para o Prémio Sakharov 2024 foi feita pelas delegações portuguesa e espanhola do Partido Popular Europeu (PPE) e depois incluído como proposta do grupo político.

Em comunicado, divulgado assim que Roberta Metsola anunciou os vencedores, o europarlamentar social-democrata Sebastião Bugalho considerou a atribuição do prémio "uma demonstração de enorme apoio" pela causa da democracia.

A escolha dos opositores ao regime venezuelana é também "um sinal que o PE dá à comunidade internacional num momento fundamental para o futuro" do país, acrescentou o eurodeputado, que é vice-coordenador do grupo do PPE para os Assuntos Externos e que integrou a delegação do PE para acompanhar o sufrágio, mas que foi impedida de o fazer.

Sebastião Bugalho sustentou que o parlamento, enquanto instituição europeia, deu "mais um passo firme no sentido de defender" a população venezuelana, "a sua vontade nas urnas e as suas liberdades cívicas".

María Corina Machado foi eleita candidata presidencial da oposição venezuelana pela Plataforma Unitária em 2023, mas acabou por ser desqualificada pelo Conselho Nacional Eleitoral.

O antigo embaixador da Venezuela em Buenos Aires Edmundo González Urrutia apareceu como candidato da Plataforma Unitária.

Os dois opositores e vários observadores denunciaram a ocultação dos resultados oficiais por parte do regime venezuelano e contestaram a vitória atribuída ao Presidente em exercício, Nicolás Maduro.

Na sequência de um mandado de detenção, González Urrutia deixou o país em setembro. O prémio vai ser atribuído em 18 de dezembro, durante a sessão plenária de Estrasburgo.

Atribuído pela primeira vez em 1988 a Nelson Mandela e Anatoli Marchenko, o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento é o maior tributo prestado pela União Europeia (UE) ao trabalho desenvolvido em prol dos direitos humanos. É uma forma de reconhecimento de pessoas, grupos e organizações que tenham dado um contributo excecional para a defesa da liberdade de pensamento.

Edmundo González agradece a "solidariedade" da Europa

Edmundo González Urrutia já agradeceu à Europa pela sua "profunda solidariedade" com o povo venezuelano.

"Este prémio representa, acima de tudo, a profunda solidariedade dos povos da Europa para com o povo venezuelano e a sua luta para recuperar a democracia", afirmou o opositor político ao Presidente Nicolás Maduro, de 75 anos, numa mensagem publicada na rede social X.

Edmundo González e Maria Corina Machado, líder da oposição venezuelana, receberam o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, atribuído pelo Parlamento Europeu e o mais importante prémio de direitos humanos da União Europeia.

"A luta ainda não terminou", prosseguiu Edmundo González, que manifestou também a "gratidão, orgulho e admiração" que sente pelos seus compatriotas que, "com o maior civismo, coragem e determinação, enfrentaram durante anos e continuam a enfrentar um regime que viola sistematicamente os direitos humanos".

"Os meus compatriotas foram os protagonistas da grande manifestação democrática que teve lugar a 28 de julho", referindo-se às eleições presidenciais na Venezuela.

"Apesar de milhões de pessoas terem sido impedidas de votar, as que o fizeram conseguiram ultrapassar todo o tipo de obstáculos", disse Edmundo González, acrescentando: "Não só conseguimos derrotar a ditadura nas urnas, como também conseguimos provar esta estrondosa vitória eleitoral".

Edmundo González, antigo embaixador da Venezuela em Buenos Aires, fazia referência à sua vitória nas eleições presidenciais como candidato da Plataforma Unitária, segundo a oposição, com mais de 67% dos votos, enquanto Maduro, o Presidente em exercício, foi declarado vencedor com 52% dos votos.

Líder da oposição María Corina Machado diz-se "honrada"

A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, defensora da vitória da oposição nas presidenciais contra Maduro, declarou-se esta quinta-feira "honrada" por receber o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento, com Edmundo González Urrutia, o candidato presidencial da oposição.
"É uma honra para mim acordar com a notícia de que o Parlamento Europeu atribuiu o Prémio Sakharov 2024 ao movimento democrático venezuelano", escreveu num comunicado publicado nas redes sociais María Corina Machado, de 57 anos, que foi impedida de se candidatar às eleições presidenciais de julho, tendo sido declarada inelegível.
"Este reconhecimento é para cada preso político, requerente de asilo, exilado, para cada cidadão do nosso país que luta por aquilo em que acredita", sublinhou.

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