O vice-presidente norte-americano, J.D. Vance, descartou esta terça-feira, 21 de outubro, o destacamento de tropas dos EUA para a Faixa de Gaza, ao mesmo tempo que afastou estabelecer um prazo para a desmilitarização do grupo palestiniano Hamas.O dirigente norte-americano indicou, em conferência de imprensa no início de uma visita a Israel, que, em alternativa, as forças dos Estados Unidos podem dedicar-se a “uma coordenação útil”, no âmbito do plano para o fim das hostilidades no enclave palestiniano."Como se consegue a presença dos Estados do Golfo, além de Israel, além dos turcos e dos indonésios? Como se faz para que estas pessoas trabalhem em conjunto para alcançar uma paz duradoura? Os únicos mediadores são os Estados Unidos", defendeu J.D. Vance, em declarações no Centro de Coordenação Civil-Militar, no sul do território israelita..Israel identifica restos mortais de refém entregue na segunda-feira.A visita do vice-presidente norte-americano ocorre num momento em que se cumpre o 11.º dia de um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, no âmbito de um plano desenvolvido pelos Estados Unidos, com apoio dos restantes mediadores internacionais, Egito e Qatar, e de vários países árabes.Na sua primeira fase, que está em vigor, o plano prevê a troca de reféns em posse do Hamas por prisioneiros palestinianos, a retirada parcial das forças israelitas do enclave e o acesso de ajuda humanitária ao território.A etapa seguinte, ainda por acordar, prevê a continuação da retirada israelita da Faixa de Gaza e o desarmamento do Hamas, apesar da resistência do grupo islamita palestiniano a este respeito..Israel demarca linha amarela na Faixa de Gaza antes da chegada de JD Vance. Nas suas declarações, Vance afastou, porém, que Washington tenha estabelecido um prazo para o desarmamento do Hamas, ou que tencione dirigir-lhe um ultimato."O Hamas deve cumprir o acordo, e, se o Hamas não o cumprir, coisas muito más vão acontecer. Mas não farei o que o Presidente dos Estados Unidos [Donald Trump] se recusou a fazer até agora, que é estabelecer um prazo explícito, porque [...] estas coisas são difíceis", observou.Apesar disso, insistiu num aviso ao grupo islamita “muito direto” de que se deve desarmar, no âmbito do plano de 20 pontos do Presidente norte-americano, que “são muito claros” e merecem o apoio não só de Israel, mas também de todos os países “amigos árabes do Golfo”.No entanto, reconheceu que o desarmamento dos islamitas "levará algum tempo" e terá de ser feito através de um "dispositivo humanitário e de segurança", que, segundo disse, está a ser discutido entre os mediadores."E se o Hamas não cooperar, como disse o Presidente dos Estados Unidos, o Hamas será aniquilado", alertou.J.D. Vance pediu que não se duvide da eficácia do cessar-fogo devido aos recentes incidentes no território, que justificou com o ódio acumulado entre as partes em conflito.“Não é o fim. Na verdade, é exatamente como deveria ser quando há pessoas que se odeiam e lutam entre si há muito tempo”, comentou o dirigente norte-americano, que expressou "grande otimismo" em relação à continuação do acordo.O Hamas foi acusado por Israel de violar a trégua no domingo, após a morte de dois militares das forças israelitas, que, em resposta, lançaram fortes bombardeamentos no território.Mas Vance recomendou que se resista à declaração do fim do entendimento a cada ato de violência, do mesmo modo que pediu paciência a propósito dos corpos dos reféns na Faixa de Gaza que ainda não foram devolvidos a Israel pelo Hamas.Ao abrigo do acordo, foram entregues no dia 13 de outubro os 20 reféns vivos em posse das milícias palestinianas, mas desde então apenas 13 dos 28 dos que são dados como mortos foram devolvidos, devido a alegadas dificuldades em localizar os corpos entre os escombros do território devastado.No dia em que o Hamas anunciou a entrega ainda hoje de mais dois corpos de reféns, o vice-presidente norte-americano reconheceu que a recuperação da totalidade dos reféns mortos “não acontecerá de um dia para o outro”, uma vez que “ninguém sabe onde" estão alguns deles."Isto não significa que não devamos trabalhar para os encontrar”, afirmou, acrescentando que “é apenas um motivo para recomendar um pouco de paciência”, porque ainda “vai demorar algum tempo”.A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, nos quais morreram cerca de 1.200 pessoas e 251 foram feitas reféns.Em retaliação, Israel lançou uma operação militar em grande escala na Faixa de Gaza, que provocou mais de 68 mil mortos, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, a destruição de quase todas as infraestruturas do território e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.