Mais de 400 mortos. Netanyahu avisa Hamas que ataques em Gaza são "apenas o começo"
EPA/MOHAMMED SABER

Mais de 400 mortos. Netanyahu avisa Hamas que ataques em Gaza são "apenas o começo"

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que ordenou os ataques devido à falta de progressos nas negociações em curso para prolongar o cessar-fogo
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Novos combates na fronteira sírio-libanesa um dia após anúncio de cessar-fogo

A fronteira entre a Síria e o Líbano registou hoje novos confrontos, cerca de 24 horas depois de ambos os países terem anunciado um cessar-fogo após dois dias de confrontos violentos que fizeram pelo menos sete mortos.

"Os confrontos entre clãs libaneses e fações sírias recomeçaram nas cidades de Hawsh al-Sayid Ali e al-Mashrafeh, na fronteira norte entre a Síria e a região de Hermel", referiu a agência de notícias nacional libanesa NNA.

A agência libanesa não forneceu detalhes, nem se os novos confrontos causaram vítimas, embora a agência de notícias oficial síria, SANA, tenha acusado diretamente o grupo xiita libanês pró-iraniano Hezbollah de atacar "com projéteis de artilharia e metralhadoras pesadas" áreas residenciais a oeste da província central síria de Homs, a cerca de 160 quilómetros a norte de Damasco.

"A milícia libanesa Hezbollah, estacionada na cidade libanesa de Qusayr, está a atacar as casas dos residentes nas aldeias de Zeita e Al Masryia, a oeste de Homs, com projéteis de artilharia e metralhadoras pesadas", frisou a SANA, sem adiantar mais pormenores.

Huthis relatam novos ataques dos EUA contra bastião dos rebeldes no Iémen

Os meios de comunicação dos Huthis e testemunhas relataram hoje à noite ataques dos Estados Unidos na província de Saada, no norte do Iémen, um bastião dos rebeldes apoiados pelo Irão.

"Um ataque de agressão dos EUA" teve como alvo "a província de Saada", relataram a agência de notícias dos Huthis, Saba, e a televisão pró-rebelde Al Massira, enquanto testemunhas relataram à agência France-Presse (AFP) "três ataques" em Saada.

Hamas apela a pressão de "países amigos" sobre EUA e Israel para travar ataques

O movimento palestiniano Hamas apelou hoje aos "países amigos" para que exerçam "pressão" sobre os Estados Unidos, principal apoiante de Israel, para travar os ataques israelitas em curso na Faixa de Gaza.

"Apelamos aos países amigos que apoiam a justa causa palestiniana para que pressionem o Governo dos EUA a pôr fim a esta agressão e a esta guerra genocida contra civis indefesos", afirmou num comunicado o movimento islamita palestiniano.

Manifestação em Lisboa apela para "o fim dos crimes" contra o povo palestiniano

Centenas de pessoas juntaram-se hoje junto da estação do Cais do Sodré, em Lisboa, para protestar contra os bombardeamentos israelitas em Gaza que mataram mais de 400 pessoas e para apelar para "o fim dos crimes" contra os palestinianos.

Os cerca de 200 manifestantes, muitos dos quais envergavam o lenço tradicional palestiniano e empunhavam cartazes onde se lia "Ethnic cleansing is not self defense" (Limpeza étnica não é auto-defesa) e "Stop Israel's genocide and illegal occupation" (Fim ao genocídio e à ocupação ilegal) reuniram-se em frente da estação ferroviária do Cais do Sodré, em torno de uma extensa bandeira palestiniana estendida sobre o chão para exigir o "fim do genocídio" e o "boicote, sanções e desinvestimento".

A manifestação surge após os bombardeamentos israelitas na Faixa de Gaza, que provocaram pelo menos 420 mortos e cerca de 500 feridos durante a noite, pondo fim ao acordo de cessar-fogo entre Israel e o movimento extremista palestiniano Hamas, em vigor desde 19 de janeiro.

O protesto, que teve início hoje às 18:00, foi organizado pela Plataforma Unitária de Solidariedade com a Palestina (PUSP) perante a onda de ataques israelitas, em solidariedade com o povo palestiniano e para apelar à "denúncia das violações dos direitos humanos e do direito internacional" levadas a cabo por Israel.

Netanyahu avisa Hamas que ataques em Gaza são início

Os ataques aéreos do exército israelita na Faixa de Gaza, realizados hoje, são "apenas o começo", avisou o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu.

O movimento islamita palestiniano Hamas "já sentiu a força de Israel nas últimas 24 horas", disse sobre os ataques que causaram pelo menos 420 mortos.

"Quero assegurar-vos a vós e a eles: isto é apenas o começo", sublinhou, num discurso transmitido pela televisão.

As negociações sobre a libertação dos reféns ainda detidos em Gaza "só terão lugar sob fogo, a partir de agora", afirmou, considerando que a pressão militar "é essencial" para garantir o regresso dos israelitas sequestrados em 07 de outubro de 2023.

UE deplora quebra unilateral do cessar-fogo por parte de Israel

A UE deplorou hoje a quebra por parte de Israel do cessar-fogo com o Hamas, num ataque à Faixa de Gaza que causou pelo menos 420 mortos, e exigiu o fim das operações militares israelitas.

"A UE deplora a quebra do cessar-fogo em Gaza [por parte de Israel] e a morte de civis, incluindo crianças, em bombardeamentos israelitas", escreveu a Alta-Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, nas redes sociais.

Kaja Kallas exigiu em nome da UE o fim da incursão de Telavive no enclave palestiniano: "Israel tem de parar com as operações militares e voltar a deixar entrar apoio humanitário e eletricidade em Gaza."

Face à quebra unilateral do acordo de cessar-fogo com o movimento islamita palestiniano Hamas, que opera em Gaza, a Alta-Representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança acrescentou, em comunicado, que todas as partes "têm de cumprir as obrigações ao abrigo da lei humanitária internacional".

"A UE acredita que o regresso das negociações é o único caminho em frente. Os palestinianos e os israelitas sofreram imensamente ao longo do último ano e meio. É momento de quebrar o ciclo de violência", comentou Kaja Kallas, na nota conjunta com duas comissárias europeias.

ONU diz que palestinianos de Gaza vivem com "medo"

Tom Flecher, subsecretário-geral da ONU, disse em conferência de imprensa na sequência dos ataques israelitas em Gaza que "os piores receios materializaram-se".

"Há relatos não confirmados de centenas de pessoas mortas. Mais uma vez, o povo de Gaza está a viver com medo. Os trabalhadores humanitários permanecem no local, prontos para fornecer suporte vital aos sobreviventes e realizar operações humanitárias, mas temos de ter permissão para fazê-lo", disse Fletcher, acrescentando que a ajuda humanitária foi cortada desde 2 de março.

“Este bloqueio da ajuda vital terá um impacto desastroso sobre as pessoas em Gaza que continuam dependentes de um fluxo constante de assistência”, disse.

António Costa "chocado e triste" com ataques em Gaza

António Costa, presidente do Conselho Europeu, manifestou hoje "choque e tristeza" pelo regresso dos ataques na Faixa de Gaza.

Através de uma publicação na rede social X apelou a que os reféns e os prisioneiros sejam libertados, apelando ainda à retoma da ajuda humanitária.

"Chocado e triste com as notícias vindas de Gaza e as muitas vítimas civis após os ataques aéreos israelitas na noite passada. A violência deve parar e os termos do acordo de cessar-fogo devem ser respeitados. Todos os reféns e prisioneiros devem ser libertados, e a ajuda humanitária deve ser retomada imediatamente", escreveu o antigo primeiro-ministro português.

Novo "capítulo de genocídio" israelita não surpreende embaixadora palestiniana em Lisboa

A embaixadora da Palestina em Lisboa afirmou hoje que o novo "capítulo de genocídio" feito por Israel na Faixa de Gaza "não foi uma surpresa", argumentando que Telavive sempre deu sinais de que não respeitaria o cessar-fogo.

Em declarações à agência Lusa, Rawan Sulaiman mostrou-se indignada e sublinhou que os palestinianos nunca acreditaram em Israel e sempre souberam que o "regime colonial liderado por um criminoso de guerra", Benjamin Netanyahu, "nunca respeitaria o cessar-fogo".

"O genocídio continua e, para nós, isso não é uma surpresa ou um choque, porque sabemos que essa é, e sempre foi, a intenção de Israel. Um governo de regime colonial liderado por um criminoso de guerra nunca está disposto a acabar com a guerra. Só lhe interessa matar mais bebés, crianças, mulheres e idosos enquanto dormem", criticou Sulaiman.

"Isso foi o que aconteceu no passado e o que continua a acontecer, tal como aconteceu hoje de madrugada", acrescentou a diplomata palestiniana.

"Eu acredito que os políticos, os governos, os grupos de solidariedade, todos devem ficar unidos e rejeitar essa agressão e esse genocídio, incluindo aqui em Portugal. Temos de evitar o silêncio e de ter vozes que falem de forma acentuada, para que isso não continue. Temos mais de 400 pessoas que foram assassinadas na noite passada enquanto dormiam", acrescentou Sulaiman. 

Nesse sentido, pediu à comunidade internacional que ponha em prática a "obrigação legal e moral" de travar e condenar os ataques israelitas. "Isto nunca vai parar porque Israel está a cometer um genocídio em Gaza", acrescentou a diplomata palestiniana, sublinhando que espera que Portugal se junte à maioria dos países que condenaram já os bombardeamentos israelitas. 

A embaixadora palestiniana em Lisboa disse ser importante que a comunidade internacional "envie mensagens para que Israel saiba que os palestinianos não estão sozinhos".

"Hoje, voltaram todos aqueles que não estavam felizes com o frágil cessar-fogo do governo racista em Israel. Temos o [ex-ministro da Segurança Interna, Itamar] Ben-Gvir a voltar, temos [o ministro das Finanças, Bezalel] Smotrich, que estão a dizer que, com outros, não têm a intenção de fazer paz, que têm a intenção de continuar a matar palestinianos inocentes", frisou Suleiman.

 "Dizem que querem acabar com a presença dos militares do Hamas em Gaza, mas o que eles conseguiram foi matar mais de 400 pessoas, a maioria delas são bebés, crianças, mulheres e idosos", afirmou. 

Lusa

EUA foram informados dos ataques de Israel

Karoline Leavitt, porta-voz da Casa Branca, disse hoje em entrevista à estação de televisão Fox News que os Estados Unidos foram informados por Israel que iriam ser retomados os ataques na Faixa de Gaza.

Na prática, Netanyahu consultou os aliados antes de terminar as tréguas que duravam há um mês.

Embaixador israelita em Lisboa, Oren Rosenblatt, fala ao DN sobre o novo ataque de Israel ao Hamas.

Marcelo critica quem tenta sabotar fórmula de «dois povos, dois Estados»

EPA/TIAGO PETINGA

 O Presidente da República lamentou esta terça-feira o agravamento da situação no Médio Oriente, com bombardeamentos israelitas a Gaza, comentando que "há quem, dos vários lados, não queira a fórmula" de «dois povos, dois Estados» e faça tudo para a impossibilitar.

Numa conferência de imprensa conjunta, em Ljubljana, com a sua homóloga eslovena, Natasa Pirc Musar, no âmbito de uma visita oficial à Eslovénia, Marcelo Rebelo de Sousa, questionado sobre o retomar das hostilidades em grande escala na Faixa de Gaza, afirmou que "Portugal continua a considerar que é fundamental passar a uma fase seguinte de conversações, porque a ideia não é, também aqui [tal como na Urcânia], olhar para o cessar-fogo como uma solução parcial que esgota problema global".

"E havendo reféns que, vivos ou mortos, estão por entregar, havendo uma situação que estava prevista envolver várias fases de diálogo, isso quer dizer que não se pode entender, quaisquer que sejam as condutas de um lado e outro, que termine abruptamente esse diálogo que estava ajustado ser mais fundo, mais duradouro, mais ambicioso", disse.

Lembrando que "a fórmula final que Portugal deseja é a de «dois povos, dois Estados»", Marcelo disse então que é sabido que "há quem, dos vários lados, queira essa fórmula", mas também "há quem, dos vários lados, não queira essa fórmula".

"E uma forma de não querer a fórmula é torná-la impossível. E alguns comportamentos que se têm verificado no passado ou se verificam no presente parecem querer dizer a vontade de tornar impossível esse caminho, mesmo com o argumento de que se trata de uma forma de pressão da parte contrária", denunciou.

Para o Presidente da República, "aquilo que se deve fazer para quem quer que haja uma solução duradoura é apoiar aqueles que querem o diálogo e essa solução, e não deixar de criticar aquelas atitudes ou comportamentos que criam obstáculos a essa decisão".

Também a Presidente da Eslovénia, país que já reconheceu a Palestina, lamentou as violações ao cessar-fogo acordado entre Israel e Hamas, sublinhando que, "uma vez fechado um acordo, há que respeitá-lo até à ultima letra do papel, ou perde-se a confiança", algo que lamentar estar já a suceder, e que, defendeu, só pode ser resolvido com "diálogo, diálogo e mais diálogo".

Lusa

Ministério da Saúde de Gaza apela às doações de sangue

O Ministério da Saúde administrado pelo Hamas em Gaza lançou um apelo urgente para que sejam feitas doações de sangue.

Tendo em conta os 562 feridos resultantes dos últimos ataques israelitas, o ministério alertou que há uma "necessidade urgente de unidades de sangue". "Quem salva uma vida, é como se tivesse salvado a humanidade inteira", diz uma publicação nas redes sociais.

Partido de extrema-direita de Israel anuncia regresso ao governo de Netanyahu

Itamar Ben-Gvir, líder do partido de extrema direita israelita Otzma Yehudit, anunciou hoje que vai regressar ao governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

Este partido deixou a coligação de governo em janeiro, depois de Netanyahu ter concordado com o cessar-fogo em Gaza.

Ben-Gvir já tinha anunciado, através das redes sociais, o seu apoio ao regresso de Israel aos combates em Gaza. "Este é o passo certo para destruir a organização terrorista Hamas e trazer de volta nossos reféns", escreveu.

Tanques israelitas posicionam-se na fronteira com Gaza 

Os tanques israelitas posicionaram-se perto da fronteira com Gaza, depois de o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter dito que Israel "passará a agir contra o Hamas com uma força militar crescente", depois de acusar o grupo de "recusa repetida em libertar reféns".

EPA/ATEF SAFADI

Israel garante ter atacado "alvos terroristas" 

O exército israelita (IDF) confirmou hoje que continua a atacar "alvos terroristas" em Gaza que pertencem ao Hamas e à Jihad Islâmica Palestina.

O IDF explica que os alvos atingidos nas últimas horas incluem "células terroristas, postos de lançamento, armazéns de armas e infraestruturas militares" usadas para planear e executar ataques contra civis israelitas e soldados da IDF.

"Neste momento, estamos a atacar alvos terroristas em toda a Faixa de Gaza", acrescentam os militares israelitas.

Em comunicado, o Hamas acusou Israel de violar o acordo de cessar-fogo e de "enganar a opinião pública e dar falsas explicações para encobrir a decisão anterior de retomar o genocídio contra civis indefesos".

"Netanyahu procurou uma saída para as crise interna e preferiu reacender a guerra às custas do sangue do nosso povo", sublinhou o Hamas.

Egito condena ataques israelitas. "Violação flagrante” do cessar-fogo

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Egito condenou os ataques israelitas contra a Faixa de Gaza, referindo-se a uma "violação fragrante" do cessar-fogo que estava em vigor desde 19 de janeiro.

Em comunicado, o chefe da diplomacia egípcia, refere que a ofensiva das Forças de Defesa de Israel representa uma “perigosa escalada que ameaça trazer sérias consequências para a estabilidade da região”.

De referir que o Egito, juntamente com os EUA e o Qatar, ajudou a alcançar o acordo de cessar-fogo em Gaza.

"Alimentar o 'inferno na terra'". UNRWA pede o regresso do cessar-fogo

Philippe Lazzarini, comissário-geral da Agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês) fala em "cenas horríveis de civis mortos, entre os quais crianças, na sequência" dos bombardeamentos das forças israelitas durante a noite.

"Alimentar o 'inferno na terra' com o recomeço da guerra só trará mais desespero e sofrimento", considerou. "O regresso ao cessar-fogo é uma necessidade" defendeu Lazzarini.

Sobe para mais de 400 o número de mortos devido ao ataque israelita contra Gaza

As autoridades palestinianas atualizaram a informação sobre o ataque israelita contra a Faixa de Gaza, indicando que mais de 400 pessoas morreram no território devido ao ataque israelita.

Pelo menos 404 pessoas morreram na ofensiva do exército israelita, segundo o Ministério da Saúde do enclave palestiniano, território controlado pelo Hamas. O balanço anterior era de 326 vítimas mortais.

Há ainda a registar mais de 660 feridos que foram levados para os hospitais, tendo ainda sido reportado que várias pessoas estão debaixo de escombros.

No entanto, a Cruz Vermelha fez saber que muitas instalações médicas na Faixa de Gaza ficaram “sobrecarregadas” na sequência dos ataques.

Elementos do Governo de Gaza entre as vítimas mortais

Pelo menos quatro elementos do Governo de Gaza morreram nos ataques israelitas desta terça-feira, refere o gabinete de imprensa do Executivo do território palestiniano controlado pelo Hamas desde 2017.

Mahmoud Abu Wafah, do Ministério do Interior, Issam al-Dalis, responsável pelas obras públicas do Governo, Ahmed al-Hatta, do Ministério da Justiça, e Bahjat Abu Sultan, diretor-geral dos serviços de segurança interna, estão entre as vítimas mortais, segundo o The Guardian.

Hamas diz que está a trabalhar com mediadores para conter ataques israelitas

Um líder do Hamas revelou esta terça-feira que o movimento islamita palestiniano está "a trabalhar com mediadores internacionais" para "conter a agressão de Israel", após uma noite de ataques intensos do exército israelita.

O Hamas "aceitou o acordo de cessar-fogo e implementou-o integralmente, mas a ocupação israelita renegou os seus compromissos (...) ao retomar [esta noite] a agressão e a guerra", disse o responsável à AFP, sublinhando que o movimento, até agora, não respondeu aos ataques.

Segundo fonte do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas, a vaga de ataques do exército israelita contra a Faixa de Gaza na madrugada de hoje causou a morte a mais de 300 pessoas.

Lusa

Guterres "chocado" com ataques israelitas contra a Faixa de Gaza

EPA/MONIRUL ALAM

O secretário-geral da ONU, António Guterres, está "chocado" com os ataques israelitas desta terça-feira contra a Faixa de Gaza e o número elevado de civis mortos.

Guterres "apela veementemente ao respeito pelo cessar-fogo, ao restabelecimento da assistência humanitária sem entraves e à libertação incondicional dos restantes reféns", lê-se num comunicado das Nações Unidas.

Kremlin admite "preocupação" com o que se passa em Gaza e alerta para "agravamento" da situação  

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, alertou esta terça-feira para o "agravamento da situação" na Faixa de Gaza, com o fim do cessar-fogo, na sequência do ataque israelita contra o território palestiniano.

Referindo-se a uma "espiral da escalada", Peskov, citado pela AFP, admitiu: "Isto está a preocupar-nos".

Famílias dos reféns acusam governo israelita de abandonar os reféns. "Totalmente dececionados"

O Fórum das Famílias dos Reféns e Desaparecidos, que reúne os familiares da maioria dos prisioneiros na Faixa de Gaza, condenou os bombardeamentos israelitas desta noite no enclave e acusou o Governo israelita de abandonar os reféns.

Os membros da organização disseram estar "totalmente dececionados" com o ataque que ocorreu durante a noite.

Em Israel, o Fórum das Famílias que se manifesta semanalmente para exigir o fim da guerra e garantir o regresso dos reféns, afirma que o Governo de Benjamin Netanyahu deve regressar ao cessar-fogo que esteve em vigor durante quase dois meses.

"Porque é que não lutam na sala de negociações? Porque é que abandonam o acordo que podia ter trazido toda a gente para casa", lamentam os familiares dos reféns.

No mesmo comunicado publicado hoje de manhã no jornal Haaretz, de Jerusalém, o fórum acusa o Governo israelita de abandonar os reféns.

Neste momento, permanecem 59 cativos na Faixa de Gaza, a maioria raptada no ataque do Hamas de 07 de outubro de 2023.

No ataque de 2023, o Hamas matou 1.200 pessoas em território israelita e fez 251 reféns.

"O regresso aos combates antes da libertação do último refém será feito à custa dos 59 prisioneiros que permanecem em Gaza e que poderiam ser salvos", continua o comunicado.

Para os familiares dos reféns, o Executivo de Israel recusou-se a declarar o fim da guerra afastando-se das etapas seguintes do acordo e recuperar os 59 cativos.

Por outro lado, o fórum de direita Tikva, um outro grupo que reúne as famílias de alguns dos reféns, apoiou os bombardeamentos.

"Ou tudo ou o inferno", disse o grupo Tikva.

"As últimas semanas provaram o que temos vindo a dizer: o Hamas não vai devolver os reféns. Só a pressão militar, o bloqueio total, incluindo o corte da eletricidade e da água, e a ocupação dos territórios vão levar o Hamas ao colapso", indica o comunicado o fórum de direita.

DN/Lusa

ONU considera ataque a Gaza inconcebível. "Cessar-fogo deve ser restabelecido imediatamente"

O coordenador humanitário da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinianos (UNRWA), Muhannad Hadi, classificou o ataque israelita à Faixa de Gaza na madrugada de hoje como inaceitável, apelando à restauração imediata do cessar-fogo.

Num comunicado, Hadi disse que centenas de pessoas foram mortas na onda de ataques aéreos contra o enclave palestiniano, que, segundo o Governo de Gaza, foram pelo menos 322.

"Isto é inconcebível. O cessar-fogo deve ser restabelecido imediatamente", disse Hadi na nota, acrescentando que "o povo de Gaza está a passar por um sofrimento inimaginável".

"O fim das hostilidades, a assistência humanitária sustentada, a libertação de reféns e a restauração dos serviços básicos e dos meios de subsistência da população são o único caminho a seguir", acrescentou.

Lusa

Rebeldes Houthis do Iémen reivindicam terceiro ataque contra porta-aviões dos EUA

Os Houthis reivindicaram esta terça-feira o terceiro ataque em 48 horas contra o porta-aviões norte-americano Harry Truman no mar Vermelho, em resposta aos ataques dos Estados Unidos contra os bastiões dos rebeldes no Iémen.

"Nas últimas horas, as forças armadas iemenitas atingiram com sucesso o porta-aviões norte-americano USS Harry Truman no norte do mar Vermelho com dois mísseis de cruzeiro e dois drones, e atingiram um contratorpedeiro norte-americano com um míssil de cruzeiro e dois drones", disseram os Huthis, na plataforma de mensagens Telegram.

O anúncio surgiu horas depois dos rebeldes terem denunciado um novo ataque dos Estados Unidos da América na região ocidental de Hodeida, controlada pelos rebeldes apoiados pelo Irão, no âmbito de uma operação ordenada pelo presidente norte-americano, Donald Trump.

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Rebeldes Houthis do Iémen reivindicam terceiro ataque contra porta-aviões dos EUA

Donald Trump terá dado "luz verde" para a ofensiva israelita em Gaza

O presidente dos EUA, Donald Trump, terá dado "luz verde" para o ataque de Israel à Faixa de Gaza. A informação foi avançada pelo The Wall Street Journal, que cita um funcionário israelita.

De acordo com o jornal, Israel informou os EUA de que iria retomar os ataques contra o Hamas em Gaza.

"Este é um dia negro", diz pai de refém israelita

“Hoje, estou mais preocupado do que nunca". As palavras são de Dani Miran, pai do refém Omri Miran. À Rádio do Exército contou que ficou “horrorizado” ao saber da nova ofensiva israelita. “Pensei que o meu filho iria ser libertado dentro de uma semana", disse, citado pelo Times of Israel.

Miran critica o Chefe do Estado-Maior das Forças de Defesa de Israel (IDF, em inglês), Eyal Zamir, e o Governo. “Para mim, este é um dia negro.”

Forças de Israel emitem ordens de evacuação para algumas zonas de Gaza

As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês), emitiram novas ordens de evacuação para algumas zonas de Gaza, indicam que a ofensiva israelita pode expandir-se, de acordo com o Times of Israel.

O exército israelita pediu aos habitantes que sigam em direção ao centro do território palestiniano, indicando que em breve poderá lançar novas operações terrestres.

A operação do exército israelita foi denominada de "Strength and Sword".

Israel rompe tréguas e ataca Faixa de Gaza. Há mais de 300 mortos

Mais de 330 pessoas morreram esta terça-feira devido a ataques do exército israelita contra a Faixa de Gaza, disse o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo movimento islamita palestiniano Hamas.

Num anterior balanço, fontes do Governo do enclave, citadas por meios de comunicação da Palestina, apontavam para pelo menos 205 mortes.

Um responsável do ministério, Mohammed Zaqout, disse à AFP que foram registados "mais de 330 mortes, a maioria crianças e mulheres palestinianas, e centenas de feridos, dezenas dos quais estão em estado crítico".

De acordo com a agência de notícias palestiniana Sanad, ligada ao Hamas, dezenas de pessoas foram mortas em ataques na cidade de Khan Yunis, incluindo membros de duas famílias que estavam nas suas casas quando foram bombardeadas pelo exército israelita.

Além dos ataques aéreos, foram também registados disparos de tanques na mesma cidade, no sul da Faixa de Gaza, indica a mesma fonte.

Outras áreas visadas pelas tropas israelitas incluem o sul e o leste de Rafah, referiu a Sanad, bem como a Cidade de Gaza, a norte.

Relatos dos meios de comunicação palestinianos mencionam o vice-diretor do Ministério do Interior do Hamas, general Mahmoud Abu Watfa, como uma das vítimas mortais.

Após os ataques, o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, anunciou que o país "retomou os combates" na Faixa de Gaza até que todos os reféns ainda retidos pelo Hamas sejam libertados.

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que ordenou os ataques devido à falta de progressos nas negociações em curso para prolongar o cessar-fogo.

"Isto aconteceu depois de o Hamas se ter recusado repetidamente a libertar os nossos reféns e ter rejeitado todas as ofertas que recebeu do enviado presidencial dos EUA, Steve Witkoff, e dos mediadores", afirmou o gabinete de Netanyahu.

Decisão de atacar Gaza equivale a uma "sentença de morte" para os restantes reféns, diz Hamas

Um dirigente do Hamas disse que a decisão do primeiro-ministro israelita equivale a uma "sentença de morte" para os restantes reféns.

Izzat al-Risheq acusou ainda Netanyahu de lançar os ataques para tentar salvar a coligação governamental de extrema-direita e apelou aos mediadores para "revelarem os factos" sobre quem quebrou a trégua.

"Netanyahu decidiu retomar a guerra de extermínio, que vê como uma tábua de salvação para as crises internas" que Israel atravessa, disse al-Rishq.

No domingo, o procurador-geral israelita, Gali Baharav-Miara, rejeitou a decisão, tomada por Netanyahu, de demitir o diretor dos serviços secretos internos (Shin Bet), Ronen Bar.

Isto três semanas depois de a Procuradoria israelita ter ordenado ao Shin Bet que investigasse alegadas ligações entre vários funcionários do gabinete do primeiro-ministro e autoridades do Qatar, num escândalo conhecido como "Qatargate".

Lusa

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