O Gabinete de Segurança de Israel aprovou esta segunda-feira a expansão da ofensiva israelita em Gaza, que incluirá a “conquista da Faixa de Gaza”, o controlo de territórios no enclave e a promoção da “saída voluntária dos residentes de Gaza” do território palestiniano. Uma operação que recebeu o nome de Carruagens de Gideão e que, segundo explicou esta segunda-feira o primeiro-ministro israelita, será uma operação militar intensiva destinada a derrotar o Hamas. “A população será transferida para a sua própria proteção”, declarou Benjamin Netanyahu num vídeo publicado no X, acrescentando que os soldados israelitas não entrarão em Gaza, lançarão ataques e depois recuarão, garantindo que “a intenção é o oposto disto”. Telavive já controla cerca de metade de Gaza, incluindo uma zona tampão ao longo da fronteira com Israel, bem como três corredores que vão de leste a oeste ao longo do enclave.Uma fonte oficial israelita referiu que, durante a reunião do Gabinete de Segurança, Netanyahu declarou que “continua a promover o plano de Trump para permitir a saída voluntária dos residentes de Gaza e que as negociações sobre este assunto prosseguem”.“O gabinete aprovou também por larga maioria a possibilidade de distribuição de ajuda humanitária, se necessário, para impedir o Hamas de assumir o controlo dos fornecimentos”, referiu a mesma fonte, notando, porém, que, durante a reunião, vários ministros disseram que há “atualmente alimentos suficientes em Gaza”.O plano israelita, que segundo a fonte seria implementado de forma gradual, pode marcar uma escalada significativa dos combates em Gaza, que recomeçaram a 18 de março, depois de Israel quebrar o cessar-fogo que havia sido estabelecido entre as duas partes.No domingo, o chefe do Estado-maior Militar de Israel, tenente-general Eyal Zamir, anunciou que o exército estava a convocar dezenas de milhares de soldados na reserva e disse que Israel “operaria em áreas adicionais” em Gaza e continuaria a atacar as infraestruturas dos combatentes islamistas.Janela TrumpUma outra fonte militar israelita adiantou à Reuters que esta ofensiva não acontecerá antes de Donald Trump concluir a sua visita ao Médio Oriente na próxima semana. E sublinhou que há uma “janela de oportunidade” para um acordo de cessar-fogo e libertação de reféns durante esta viagem do presidente dos Estados Unidos. “Se não houver um acordo de reféns, a operação Carruagens de Gideão começará com grande intensidade e não parará até que todos os seus objetivos sejam alcançados”, disse a mesma fonte. Para o responsável do Hamas, Mahmoud Mardawi, estas condições são “pressão e chantagem”. “Nenhum acordo, exceto um abrangente, que inclua um cessar-fogo completo, a retirada total de Gaza, a reconstrução da Faixa de Gaza e a libertação de todos os prisioneiros de ambos os lados”, disse à Reuters.Já o Fórum das Famílias, uma associação de familiares dos reféns, acusou esta segunda-feira o governo israelita de pretender sacrificar os sequestrados, dizendo que a ofensiva merece o nome de “plano Smotrich-Netanyahu” porque “sacrifica reféns”, referindo-se à influência do ministro das Finanças, o político de extrema-direita Bezalel Smotrich, no governo de Netanyahu.