Israel perto de aprovar acordo com o Hezbollah
O Gabinete de Segurança de Israel deverá reunir-se hoje em Telavive para discutir e dar luz verde à proposta dos Estados Unidos para um cessar-fogo com a milícia xiita Hezbollah no Líbano, segundo confirmou uma fonte próxima das negociações do acordo. A versão mais recente desta proposta de entendimento estipula um período de 60 dias durante o qual o Exército israelita se retirará do sul do Líbano, as forças militares libanesas ficam colocadas na fronteira e o Hezbollah terá de recuar para além do rio Litani.
Esta segunda-feira, o embaixador israelita em Washington, Mike Herzog, admitiu que um acordo de cessar-fogo para pôr fim aos combates entre Israel e o Hezbollah poderá ser alcançado “dentro de dias”. Em declarações à Rádio do Exército israelita, Herzog disse que ainda restam “pontos a serem finalizados” e que qualquer acordo requer luz verde do Governo, mas reconheceu haver sinais de um acordo para breve, que “pode acontecer dentro de alguns dias”.
O atual otimismo em torno de um acordo surge depois de um enviado especial dos EUA ter mantido conversações entre as partes, na semana passada, numa tentativa de encontrar uma solução. Entre as questões por ajustar, está a exigência de Israel de reservar o direito de agir caso o Hezbollah viole as suas obrigações ao abrigo do acordo.
Telavive acusa o Hezbollah de não aderir a uma resolução da ONU que pôs fim à guerra de 2006 e teme o movimento possa encenar um ataque transfronteiriço ao estilo do Hamas a partir do sul do Líbano se mantiver uma presença na região. Já o Líbano diz que Israel também violou a resolução de 2006 e condena os voos militares e os navios de guerra que entram no seu território mesmo quando não há conflito ativo.
Os familiares dos reféns ainda detidos em Gaza apelaram ontem para que qualquer acordo com o Hezbollah inclua “um pedido explícito” de libertação dos prisioneiros. “O ataque de 7 de outubro, orquestrado pelo Hamas e apoiado pelo Irão, trouxe o Hezbollah para o conflito, ligando o seu destino à guerra em Gaza”, lê-se num comunicado do Fórum das Famílias dos Reféns, que representa a maioria dos 97 reféns ainda em Gaza.
Apesar de estarem em curso as negociações para um possível acordo, o exército israelita confirmou ter bombardeado ontem, no espaço de uma hora, 25 “alvos” do Conselho Consultivo do Hezbollah em todo o Líbano. “Estes ataques degradam a capacidade do Conselho Consultivo do Hezbollah de dirigir e assistir os terroristas do Hezbollah nos seus ataques contra Israel, bem como as capacidades de comando e controlo do movimento xiita libanês e a sua capacidade de reagrupar e recolher informações”, justificou Telavive.