Osama al-Raqab, de 5 anos, sofre de desnutrição grave e está no Hospital Nasser, em Khan Yunis.
Osama al-Raqab, de 5 anos, sofre de desnutrição grave e está no Hospital Nasser, em Khan Yunis.FOTO: Haitham Imad / EPA

Israel acusado de matar civis junto a centro de ajuda. Exército afirma que imagens provam autoria do Hamas

Entre 23 e 31 pessoas morreram, o número é impreciso. Gravação vídeo referido pelo IDF mostrará pessoas encapuzadas que começam a disparar e a atirar pedras.
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Pelo menos 31 palestinianos foram mortos este domingo junto a um centro de distribuição de ajuda em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, com as autoridades de saúde locais, controladas pelo Hamas, a garantirem que o ataque contra os civis foi levado a cabo pelas Forças de Defesa de Israel, acusação rejeitada pelas IDF, que apontam o dedo a esta organização considerada terrorista por vários países, incluíndo a própria União Europeia.

O Crescente Vermelho Palestiniano, afiliado na Cruz Vermelha internacional, disse à Reuters que as suas equipas médicas recuperaram os corpos de 23 palestinianos e trataram outras 23 pessoas feridas perto do local de recolha de ajuda em Rafah, enquanto as autoridades de Saúde locais diziam ontem à tarde que, pelo menos, 31 corpos já haviam chegado ao Hospital Nasser. À BBC a equipa médica deste hospital referiu que muitos pacientes trazidos do local foram atingidos por tiros.

Testemunhas disseram ao jornal The Guardian que as forças israelitas abriram fogo enquanto os palestinianos se dirigiam para o centro de distribuição de ajuda em Rafah, gerido pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF), entidade sediada nos Estados Unidos e apoiada pela Casa Branca e pelo governo de Israel, que está agora encarregado de fornecer ajuda humanitária em Gaza, contornando os grupos tradicionais.

“O meu irmão foi receber ajuda nos pontos de distribuição americanos, em Rafah, quando as balas começaram a cair sobre eles”, disse ao Guardian Yarin Abu al-Naja, de 44 anos. “Os soldados israelitas começaram a disparar sobre as pessoas que ali se encontravam. O meu irmão foi com dois amigos. Um deles ficou gravemente ferido na cabeça, o outro foi morto, e o meu irmão foi baleado nas costas.”

O paramédico Abu Tareq, que trabalha no Hospital Nasser, em Khan Yunis, contou à Reuters que “há mártires e feridos. Muitos feridos”. “É uma situação trágica, neste sítio. Aconselho-os a não irem aos pontos de entrega de ajuda humanitária”, relatou.

Num primeiro momento, o Exército israelita disse estar a investigar relatos de que palestinianos tinham sido baleados num centro de distribuição de ajuda, mas que não tinha conhecimento de ferimentos causados ​por fogo militar. Já a GHF negou que alguém tenha sido morto ou ferido perto da sua sede em Rafah, garantindo que a distribuição correu sem incidentes.

Horas mais tarde, as Forças de Defesa de Israel afirmaram que os primeiros resultados de um inquérito indicam que “as IDF não dispararam sobre civis enquanto estes se encontravam perto ou dentro do local de distribuição de ajuda humanitária e que os relatos nesse sentido são falsos”.

Foi ainda referido que imagens de drones das IDF captadas na manhã de domingo revelam “indivíduos armados e mascarados a atirar pedras e a disparar sobre civis de Gaza que tentavam recolher ajuda humanitária saqueada no sul de Khan Yunis”, apontando o dedo ao Hamas.

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