O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou esta segunda-feira, 22 de dezembro, que Moscovo está pronta para confirmar num acordo legal que não tem a intenção de atacar a União Europeia ou a NATO, tentando assim contrariar o que tem vindo a ser dito pelos mais variados líderes europeus e pelo secretário-geral da Aliança, mas também um recente relatórios dos serviços de informação dos Estados Unidos citados na semana passada pela Reuters. “Certamente não temos planos para atacar países da UE e da NATO. A Rússia não persegue os objetivos agressivos que alguns dizem que tem”, afirmou Sergey Ryabkov, citado pela Tass, num debate do Clube Internacional de Discussão Valdai com o tema “Estabilidade (Não) Estratégica 2025: Um Ano em Segurança Internacional”.Segundo a Tass, Ryabkov recordou a declaração do presidente Vladimir Putin de que a Rússia “está mesmo pronta para o consagrar legalmente em relação a uma possível solução para a crise atual, baseada no princípio da segurança igual e indivisível”.Numa declaração separada, o Kremlin garantiu esta segunda-feira que os serviços de informação dos Estados Unidos estavam errados ao acreditarem que Putin quer apoderar-se da Ucrânia e de partes da Europa que faziam parte da União Soviética após a Segunda Guerra Mundial, como noticiou a Reuters na semana passada. “Isso não é absolutamente verdade”, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov. Ao longo da história, Moscovo já assinou vários acordos que veio depois a não cumprir, como nota, por exemplo, o especialista em relações internacionais Richard Rousseau, num artigo que escreveu em setembro no site Geopolitical Monitor intitulado A Rússia e a “arte” de romper acordos com os vizinhos. Entre os exemplos dados por este analista estão dois relacionados diretamente com a Ucrânia, o Memorando de Budapeste e os Acordos de Minsk. O primeiro, assinado em 1994, estabelecia que em troca de Kiev renunciar às suas armas nucleares, a Rússia, os EUA e o Reino Unido garantiram a sua integridade territorial, acordo que foi violado pela Rússia ao invadir a Ucrânia. Nos segundos, referentes a 2014 e 2015, Moscovo não cumpriu os cessar-fogos e a retirada de tropas da Ucrânia, nomeadamente na região do Donbass, intensificando o conflito e supervisionando referendos fraudulentos para anexação de regiões ucranianas. Mas também existem exemplos referentes à invasão da Geórgia em 2008, ou como, desde 1992, Moscovo mantém o seu exército na região da Transnístria, na Moldova, e apoia uma república e separatista que realizou referendos fraudulentos sobre a anexação à Rússia, que está a mais de 550 quilómetros de distância.“Hoje, tal como no passado, os tratados e acordos que a Rússia assina com os seus vizinhos são meramente um passo preparatório para a futura anexação destes territórios, assim que as condições forem favoráveis”, nota Richard Rousseau, sublinhando que “esta cronologia demonstra a profundidade e a consistência das intenções da política externa russa e não deve obscurecer as repetidas fragilidades e a total responsabilidade do bloco ocidental, que se caracteriza por dois pesos e duas medidas”.Uma atitude dúbia dos países do ocidente que, prossegue Rousseau, só se alterou com a invasão russa da Ucrânia em fevereiro de 2022. .Rússia diz estar disponível para alcançar acordo de não agressão que visa a NATO e a União Europeia