Mohammed Nazzal em entrevista à Ahmed Jadallah e Andrew Mills
Mohammed Nazzal em entrevista à Ahmed Jadallah e Andrew MillsReprodução/Reuters.

Hamas quer manter controlo da segurança em Gaza e não garante desarmamento

Em entrevista à Reuters, dirigente do grupo admite trégua de até cinco anos, mas diz que entregar as armas “depende da natureza do projeto”.
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O Hamas pretende manter o controlo da segurança em Gaza durante o período de transição e não se compromete a desarmar, afirmou Mohammed Nazzal, membro do grupo, em entrevista à Reuters a partir de Doha. As declarações refletem os impasses que dificultam a consolidação do cessar-fogo e a implementação do plano de paz apoiado pelos Estados Unidos e Israel.

“Não posso responder com um sim ou não. Depende da natureza do projeto. O que significa o projeto de desarmamento? A quem seriam entregues as armas?”, disse Nazzal, sublinhando que a questão envolve não apenas o Hamas, mas outras fações palestinianas.

O dirigente indicou que o grupo está disposto a um cessar-fogo de três a cinco anos para reconstruir Gaza, devastada pela guerra. “O objetivo não é preparar uma nova guerra”, afirmou, acrescentando que as garantias para o futuro exigem que “se ofereçam horizontes e esperança ao povo palestiniano”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reiterou o apoio ao plano apresentado por Donald Trump, que prevê o retorno imediato de todos os reféns, o desarmamento do Hamas e a transferência da governação de Gaza para um comité tecnocrático supervisionado por uma entidade internacional.

Israel, segundo um porta-voz do governo, “mantém o compromisso com o acordo de cessar-fogo e cumpre a sua parte do plano”.

Desde os ataques de 7 de outubro de 2023, que deixaram 1.200 mortos e 251 raptados em Israel, as forças israelitas lançaram uma ofensiva que, de acordo com autoridades locais, já causou quase 68 mil mortos em Gaza.

Questionado sobre a entrega dos corpos de reféns mortos, Nazzal afirmou que o Hamas já devolveu nove dos 28 identificados e enfrenta “problemas técnicos” para recuperar outros. “Não temos interesse em manter os corpos. Se necessário, partes internacionais como a Turquia ou os Estados Unidos ajudarão nas buscas”, afirmou.

Nazzal também confirmou que o grupo continuará presente “no terreno” durante a fase de transição, justificando essa presença como necessária para proteger comboios de ajuda humanitária. “Esta é uma fase transitória. Civilmente, haverá uma administração tecnocrática. No terreno, o Hamas estará presente”, disse.

Segundo Nazzal, o processo deverá culminar em eleições palestinianas. “O povo palestiniano quer um Estado independente”, concluiu.

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