Hamas não governará Gaza no pós-guerra
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Hamas não governará Gaza no pós-guerra

"Renunciou ao controlo da Faixa de Gaza, mas continua a ser um elemento fundamental da sociedade palestiniana”, declarou uma fonte próxima da equipa de negociadores do Hamas.
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O Hamas não participará na governação de Gaza no pós-guerra, afirmou este domingo, 12 de outubro, uma fonte do movimento, na véspera da cimeira dedicada ao território palestiniano, que reunirá no Egito cerca de duas dezenas de dirigentes em torno de Donald Trump.

Após dois anos de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, entrou em vigor na passada sexta-feira um cessar-fogo com base no plano de 20 pontos apresentado pelo Presidente norte-americano, que prevê o desarmamento do Hamas e exclui qualquer papel do movimento na futura governação do território palestiniano.

“Para o Hamas, a governação da Faixa de Gaza é uma questão resolvida. O Hamas não participará de forma alguma na fase de transição, o que significa que renunciou ao controlo da Faixa de Gaza, mas continua a ser um elemento fundamental da sociedade palestiniana”, declarou à AFP, sob anonimato, uma fonte próxima da equipa de negociadores do Hamas.

Centenas de camiões com ajuda humanitária começaram este domingo a entrar na Faixa de Gaza a partir do Egito, como previsto no plano de cessar-fogo entre Israel e Hamas.

O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, ordenou este domingo ao Exército para “destruir todos os túneis terroristas do Hamas em Gaza” após a libertação dos reféns.

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Israel ordena a destruição dos túneis do Hamas em Gaza

Já Benjamin Netanyahu disse que Israel está pronto para receber imediatamente todos os reféns.

“Israel está pronto e preparado para a receção imediata de todos os nossos reféns”, afirmou o gabinete do primeiro-ministro israelita num comunicado à imprensa israelita.

O diário ‘The Wall Street Journal’ adiantou nas últimas horas que o Hamas confirmou a Israel ter 20 reféns vivos e que se prontificou a entregá-los ainda este domingo ou na segunda-feira, como inicialmente previsto.

O acordo alcançado na quinta-feira prevê a libertação de centenas de detidos palestinianos em troca do regresso dos 48 reféns ainda cativos em Gaza, dos quais 47 (e entre esses 27 mortos) foram sequestrados no ataque do Hamas a 07 de outubro de 2023 em Israel.

Segundo o coordenador israelita para o tema dos reféns, Gal Hirsch, já terminaram os preparativos para a trasladação dos reféns mortos, que será assegurada pelo Comité Internacional da Cruz Vermelha, de "forma respeitosa", até ao Instituto de Medicina Legal, onde serão identificados os restos mortais.

Os presos e detidos palestinianos que serão libertados já se encontram nas prisões de Ofer na Cisjordânia ocupada e na prisão de Ketziot, no sul de Israel, esta última de onde serão repatriados para Gaza e países terceiros.

Milhares de funcionários trabalharam durante toda a noite de sexta-feira, segundo adiantaram este domingo os serviços prisionais israelitas, para transferir os presos palestinianos que serão libertados na troca de reféns.

Na lista dos que serão libertados não se encontram figuras proeminentes como Marwan Barghouti - detido em 2002 durante a segunda Intifada e a quem muitos palestinianos veem como sucessor de Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestiniana - ou Ahmed Saadat, ex-secretário-geral da Frente Popular para a Libertação da Palestina.

No entanto, adensam-se as dúvidas sobre a viabilidade da troca, já que o Hamas recusou participar na assinatura oficial do acordo de paz com Israel, depois de rejeitar a parte do plano que implica o desarmamento do movimento de resistência islâmica.

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