Georgescu recorre da proibição de ser candidato presidencial na Roménia
Calin Georgescu, o candidato de extrema-direita que surpreendeu ao vencer a primeira volta das presidenciais romenas em dezembro, anunciou esta segunda-feira que iria recorrer da decisão que o proíbe de aparecer nos boletins de voto da repetição destas eleições, marcada para 4 de maio. Há menos de um mês, Georgescu foi acusado de seis crimes, incluindo a incitação de ações contra a ordem constitucional ou a falsificação de informações sobre os fundos da sua campanha eleitoral.
“Caminhamos juntos pelos mesmos valores: paz, democracia, liberdade”, declarou o político de extrema-direita num vídeo publicado no Facebook, confirmando que iria apelar ao Tribunal Constitucional contra a proibição que lhe foi aplicada. E pediu ainda aos apoiantes que evitassem protestos violentos “como os que vimos ontem [domingo] à noite” em resposta ao seu afastamento da lista de candidatos.
Georgescu submeteu a sua candidatura na sexta-feira, tendo a comissão eleitoral da Roménia decidido no domingo rejeitar a mesma, alegando que esta era inadmissível depois do Constitucional ter anulado a votação de dezembro - na altura, os juízes concluíram que na primeira volta das presidenciais houve, entre outras coisas, manipulação de votos e suspeitas de interferência russa, uma acusação negada por Moscovo.
A anulação das eleições colocou também a Roménia, país que pertence à União Europeia e à NATO, na mira de representantes da administração Trump, como o vice-presidente JD Vance e Elon Musk, que afirmaram que esta decisão é um exemplo de como os governos europeus suprimem a liberdade de expressão.
É esperado que o Constitucional anuncie esta quarta-feira uma decisão sobre o recurso de Georgescu. Vários analistas acreditam que a resposta seja negativa, depois do precedente criado em outubro, quando bloqueou a candidatura de uma política de extrema-direita, alegando que as suas visões pró-russas e anti-europeias a tornavam inelegível para o cargo de presidente.
Segundo fontes ouvidas pela Reuters, se o Constitucional confirmar a decisão da comissão eleitoral, três partidos ultranacionalistas da oposição, que detêm 35% dos deputados no Parlamento e que apoiaram a candidatura de Georgescu, correm o risco de não ter candidato em maio. A lista final será anunciada no dia 19.
George Simion, líder do Aliança para a União dos Romenos, o maior destes três partidos, encontrou-se esta segunda-feira com Georgescu, tendo dito que “não descartamos nenhuma opção, mas não somos especuladores”.