Há pouco mais de um ano, os países do G7 estiveram reunidos em Hiroxima, no Japão, para discutir temas como a invasão russa da Ucrânia, as alterações climáticas, a pandemia, e com convidados que iam desde Volodymyr Zelensky a Lula da Silva e Narendra Modi e outros, numa tentativa de influenciar o chamado Sul Global. Olhando para o programa da cimeira deste ano, que se realiza entre esta quinta-feira e sábado, a principal novidade é o conflito entre Israel e o Hamas, sendo que o foco das atenções vai continuar a ser a Ucrânia. Mas com a sua anfitriã, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a querer também que o grupo dê atenção ao hemisfério sul..Esta 50.ª cimeira do G7, além do momento delicado em termos mundiais, com as guerras na Ucrânia e em Gaza, tem lugar também numa altura sensível para três líderes do grupo, com o presidente norte-americano, Joe Biden, o francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak a enfrentarem eleições nas próximas semanas e meses nas quais não sabem se sairão vencedores. .Os primeiros temas na agenda da cimeira que junta as sete maiores economias do mundo - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - e a União Europeia serão África, alterações climáticas e desenvolvimento. Seguir-se-á uma sessão dedicada à situação no Médio Oriente e depois debates sobre a Ucrânia, considerado o tema central da cimeira. Esta importância é vincada pela presença do presidente ucraniano, que irá pedir aos seus aliados mais ajuda contra a invasão russa - o Exército ucraniano, com falta de munições e de homens, enfrenta dificuldades crescentes, especialmente devido ao atraso na entrega da ajuda militar ocidental. Volodymyr Zelensky terá também um encontro bilateral com Joe Biden, durante o qual será assinado um acordo de segurança entre os dois países..Na terça-feira, a Casa Branca anunciou que as medidas para ajudar a Ucrânia usando bens russos congelados vão ser divulgadas na cimeira do G7, bem como novas sanções e controlos de exportação sobre Moscovo. “Acho que veremos unanimidade aqui no G7 quando se trata de trabalhar no sentido de usar esses ativos congelados para ajudar a Ucrânia na sua reconstrução”, declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby..Os líderes do G7 esperam chegar a um acordo sobre a utilização dos lucros provenientes dos juros de 300 mil milhões de euros de ativos congelados do banco central russo para ajudar Kiev. A questão é que, enquanto alguns países da União Europeia querem usar os lucros para ajudar diretamente a Ucrânia, os Estados Unidos pretendem que estes sirvam um empréstimo plurianual de até 50 mil milhões de dólares para Kiev..Ontem, Washington anunciou já uma série de sanções destinadas a restringir a guerra de Moscovo na Ucrânia. Estas medidas do Departamento do Tesouro e do Departamento de Estado atingiram mais de 300 alvos, incluindo entidades na Rússia e em países como a China, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos. Entre os visados estão a Bolsa de Moscovo e várias subsidiárias, uma medida que irá complicar milhares de milhões de dólares em transações, bem como entidades envolvidas em três projetos de gás natural liquefeito..O Departamento do Tesouro decidiu também alargar a sua definição de “base militar-industrial” da Rússia - até agora, os bancos estrangeiros poderiam ser sancionados por apoiarem a indústria de defesa da Rússia, este novo passo expande o alcance das chamadas sanções secundárias a todos os indivíduos e entidades russas que já foram afetados pelas sanções dos EUA..Aos líderes do G7 irão juntar-se ainda como convidados os presidentes do Brasil, Lula da Silva (na qualidade de líder rotativo do G20), e da Argentina, Javier Milei, entre uma dúzia de individualidades, o chefe de Estado da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. E vários líderes africanos, incluindo o argelino Abdelmadjid Tebboune, o tunisino Kais Saied, o queniano William Ruto e o mauritano Mohamed Ould Ghazouani..Amanhã, o Papa Francisco participará para falar sobre paz e inteligência artificial, mas o encontro será também uma oportunidade para ter reuniões bilaterais com “sete chefes de Estado”, revelou o próprio esta semana. .Segundo fontes citadas pela EFE, com estes convidados, Meloni pretende que o G7 olhe para zonas de crise - como Ucrânia, Gaza, África ou Taiwan - com uma “visão mais ampla e global”, dando mais um passo para que o grupo continue a abrir-se ao Sul Global face à ascensão da China. .ana.meireles@dn.pt