Há um ano, no Japão, os líderes do G7 e da UE estiveram reunidos com Zelensky. Giorgia Meloni tinha regressado mais cedo a Itália por causa das cheias no seu país.
Há um ano, no Japão, os líderes do G7 e da UE estiveram reunidos com Zelensky. Giorgia Meloni tinha regressado mais cedo a Itália por causa das cheias no seu país.Stefan Rousseau / POOL / AFP

G7 reunidos em Itália com a Ucrânia na agenda e um olhar para o Sul

A Casa Branca anunciou que Joe Biden vai assinar um acordo de segurança com Kiev no seu encontro bilateral com Zelensky. Não é garantindo que haja um entendimento quanto ao uso dos lucros de ativos russos congelados.
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Há pouco mais de um ano, os países do G7 estiveram reunidos em Hiroxima, no Japão, para discutir temas como a invasão russa da Ucrânia, as alterações climáticas, a pandemia, e com convidados que iam desde Volodymyr Zelensky a Lula da Silva e Narendra Modi e outros, numa tentativa de influenciar o chamado Sul Global. Olhando para o programa da cimeira deste ano, que se realiza entre esta quinta-feira e sábado, a principal novidade é o conflito entre Israel e o Hamas, sendo que o foco das atenções vai continuar a ser a Ucrânia. Mas com a sua anfitriã, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, a querer também que o grupo dê atenção ao hemisfério sul.

Esta 50.ª cimeira do G7, além do momento delicado em termos mundiais, com as guerras na Ucrânia e em Gaza, tem lugar também numa altura sensível para três líderes do grupo, com o presidente norte-americano, Joe Biden, o francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak a enfrentarem eleições nas próximas semanas e meses nas quais não sabem se sairão vencedores. 

Os primeiros temas na agenda da cimeira que junta as sete maiores economias do mundo - Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido - e a União Europeia serão África, alterações climáticas e desenvolvimento. Seguir-se-á uma sessão dedicada à situação no Médio Oriente e depois debates sobre a Ucrânia, considerado o tema central da cimeira. Esta importância é vincada pela presença do presidente ucraniano, que irá pedir aos seus aliados mais ajuda contra a invasão russa - o Exército ucraniano, com falta de munições e de homens, enfrenta dificuldades crescentes, especialmente devido ao atraso na entrega da ajuda militar ocidental. Volodymyr Zelensky terá também um encontro bilateral com Joe Biden, durante o qual será assinado um acordo de segurança entre os dois países.

Na terça-feira, a Casa Branca anunciou que as medidas para ajudar a Ucrânia usando bens russos congelados vão ser divulgadas na cimeira do G7, bem como novas sanções e controlos de exportação sobre Moscovo. “Acho que veremos unanimidade aqui no G7 quando se trata de trabalhar no sentido de usar esses ativos congelados para ajudar a Ucrânia na sua reconstrução”, declarou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby.

Os líderes do G7 esperam chegar a um acordo sobre a utilização dos lucros provenientes dos juros de 300 mil milhões de euros de ativos congelados do banco central russo para ajudar Kiev. A questão é que, enquanto alguns países da União Europeia querem usar os lucros para ajudar diretamente a Ucrânia, os Estados Unidos pretendem que estes sirvam um empréstimo plurianual de até 50 mil milhões de dólares para Kiev.

Ontem, Washington anunciou já uma série de sanções destinadas a restringir a guerra de Moscovo na Ucrânia. Estas medidas do Departamento do Tesouro e do Departamento de Estado atingiram mais de 300 alvos, incluindo entidades na Rússia e em países como a China, a Turquia e os Emirados Árabes Unidos. Entre os visados estão a Bolsa de Moscovo e várias subsidiárias, uma medida que irá complicar milhares de milhões de dólares em transações, bem como entidades envolvidas em três projetos de gás natural liquefeito.

O Departamento do Tesouro decidiu também alargar a sua definição de “base militar-industrial” da Rússia - até agora, os bancos estrangeiros poderiam ser sancionados por apoiarem a indústria de defesa da Rússia, este novo passo expande o alcance das chamadas sanções secundárias a todos os indivíduos e entidades russas que já foram afetados pelas sanções dos EUA.

Aos líderes do G7 irão juntar-se ainda como convidados os presidentes do Brasil, Lula da Silva (na qualidade de líder rotativo do G20), e da Argentina, Javier Milei, entre uma dúzia de individualidades, o chefe de Estado da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi. E vários líderes africanos, incluindo o argelino Abdelmadjid Tebboune, o tunisino Kais Saied, o queniano William Ruto e o mauritano Mohamed Ould Ghazouani.

Amanhã, o Papa Francisco participará para falar sobre paz e inteligência artificial, mas o encontro será também uma oportunidade para ter reuniões bilaterais com “sete chefes de Estado”, revelou o próprio esta semana. 

Segundo fontes citadas pela EFE, com estes convidados, Meloni pretende que o G7 olhe para zonas de crise - como Ucrânia, Gaza, África ou Taiwan - com uma “visão mais ampla e global”, dando mais um passo para que o grupo continue a abrir-se ao Sul Global face à ascensão da China. 

ana.meireles@dn.pt

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