O presidente do Partido Popular, Alberto Nuñez Feijóo, aproveitou a reunião da Junta Diretiva Nacional do PP de ontem para deixar recados dirigidos ao correligionário e líder da Comunidade Valenciana, Carlos Mazón, pedindo-lhe “humildade” e para continuar a “reconhecer erros e assumir responsabilidades” na forma como o seu executivo dirigiu a resposta às inundações de final de outubro na região causadas pelo fenómeno meteorológico Dana, cujo balanço mais recente aponta para 227 mortos..Feijóo voltou ainda a dizer que o governo de Pedro Sánchez também tem culpa no desenrolar dos acontecimentos. “Tenho a convicção de que na política, como na vida, o erros humanos podem ser perdoados, mas a manifesta indolência jamais se desculpa”, declarou o líder popular referindo-se a Sánchez..Na mesma reunião, e referindo-se a Mazón, Feijóo mostrou-se satisfeito por o líder da Comunidade Valenciana ter anunciado na sexta-feira que não será candidato à reeleição em 2027 se não conseguir reconquistar a confiança da população..Já num recado para o governo de Mazón, mas também para o executivo de Sánchez, o presidente dos populares disse que devem “avaliar a tragédia a partir da crítica e da autocrítica” e “compensar o sucedido com um processo de reconstrução que permita às pessoas voltarem a viver com normalidade”..Susana Camarero, vice-presidente e porta-voz da Generalitat Valenciana, garantiu ontem que o executivo a que pertence se sente “apoiado pelo presidente Feijóo e por todo o Partido Popular”..O barómetro de novembro do Centro de Investigação Sociológica (CIS), realizado entre 2 e 7 deste mês, após a tragédia que assolou a Comunidade Valenciana, mostra que o PSOE aumentou a sua vantagem sobre o PP para quase cinco pontos, surgindo com 34,2% das intenções de voto, mais duas décimas que em outubro. Já o PP acusa o desgaste da gestão das inundações em Valência, passando de 31,5% para 29,3% das intenções de voto..O Vox, de extrema-direita, mantém-se como a terceira maior força, com os mesmos 11,8%, enquanto que o Sumar (parceiro do PSOE no governo), após meses de queda, ganha sete décimos e sobe para 7%..Uma moção de censura sem futuro.Carlos Mazón admitiu na sexta-feira falhas na gestão das inundações e pediu desculpa às populações, mas garantiu que agiu com base em informações “tardias e inexatas” de agências estatais. As populações têm-se queixado de que receberam alertas nos telemóveis quando localidades e estradas estavam já inundadas e também, após as cheias, de falta de assistência ou de ajuda tardia por parte das autoridades..Ontem começou a ser anunciada a remodelação do governo valenciano prometida por Mazón, que falou em “gente preparada”. Uma das novidades é o afastamento de Nuria Montes da pasta da Indústria, devido à sua falta de empatia com as vítimas das inundações, sendo substituída por Marian Cano, líder da Associação Valenciana de Empresários do Calçado..Entretanto, o Compromís anunciou ontem a possibilidade de apresentar uma moção de censura contra o presidente da Generalitat Valenciana. Iniciativa condenada ao fracasso, pois da parte dos socialistas, a ministra da Ciência e líder do PSPV, Diana Morant, disse ontem “respeitar e compreender” a iniciativa do Compromís, mas disse que a “solução realista” passa pelo PP destituir Mazón e nomear um governo “técnico”. Morant, porém, não descartou apresentar uma moção de censura caso isso não aconteça. O quarto partido das Cortes Valencianas, o Vox, também não apoia esta moção de censura..ana.meireles@dn.pt