"Estamos a fazer tudo para fazer disto um sucesso", garante comissário europeu sobre a COP29
EPA/IGOR KOVALENKO

"Estamos a fazer tudo para fazer disto um sucesso", garante comissário europeu sobre a COP29

Wopke Hoekstra admite que "é incerto" que algo resulte da cimeira das alterações climáticas cujo encerramento previsto para a última sexta-feira foi adiado para este sábado.
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O comissário europeu responsável pelas negociações sobre o clima, Wopke Hoekstra, admitiu este sábado que o sucesso da COP29 em Baku continua incerto, apesar de prosseguirem negociações já depois do final previsto da conferência.

"Estamos a fazer tudo o que está ao nosso alcance para construir pontes em todas as frentes e fazer disto um sucesso. Mas será que vamos conseguir? É incerto", disse, citado pela agência francesa AFP.

A cimeira da ONU em Baku sobre as alterações climáticas, conhecida por COP29, deveria ter terminado na sexta-feira, mas prosseguiu este sábado na capital do Azerbaijão por falta de um acordo sobre o financiamento dos países mais ricos aos mais pobres.

"Resistam, levantem-se, lutem", apelou um grupo de ativistas aos seus representantes políticos, num protesto realizado hoje junto à cimeira, que decorre desde 11 de novembro, noticiou a agência espanhola EFE.

"É preferível sair daqui sem um acordo do que com um mau acordo", afirmaram os ativistas, que exigiram que os países ricos paguem a transição energética e a adaptação aos impactos inevitáveis das alterações climáticas nos países em desenvolvimento.

Segundo eles, as populações dos países mais pobres são as que mais sofrem com as consequências do aquecimento global, apesar de serem as que menos contribuíram para o fenómeno.

O texto divulgado pela presidência azeri da COP29, na sexta-feira, propunha que o montante a mobilizar do Norte para o Sul Global fosse de 250 mil milhões de dólares (238 mil milhões de euros, ao câmbio atual).

Este valor foi saudado pelos países desenvolvidos, como os Estados Unidos, a Austrália e o bloco europeu, mas rejeitado por muitos estados em desenvolvimento, que o consideraram inaceitável.

Os países em vias de desenvolvimento pedem entre 500 mil milhões de dólares (479 mil milhões de euros) e 1,3 biliões de dólares (1,2 biliões de euros) por ano.

A verba destina-se a ajudar os países em desenvolvimento a abandonarem os combustíveis fósseis e a adaptarem-se às alterações climáticas associadas ao aquecimento global.

Fontes europeias admitiram hoje que a UE estava disponível para apoiar um aumento do compromisso financeiro para 300 mil milhões de dólares (237 mil milhões de euros) anuais até 2035.

As negociações decorrem num ritmo de contrarrelógio e num clima de tensão, segundo as agências internacionais.

A norte-americana AP disse que os principais negociadores se reuniram em gabinetes durante a maior parte do dia para tentar elaborar um novo acordo que as nações ricas e em desenvolvimento pudessem aceitar.

O ministro irlandês do Ambiente, Eamon Ryan, admitiu hoje que o próximo projeto de acordo inclua um novo número para o financiamento das alterações climáticas, mas que não será de 1,3 biliões de dólares.

"Não se trata apenas desse número, trata-se de saber como chegar aos 1,3 biliões de dólares", disse Ryan.

Para o negociador do Panamá, Juan Carlos Monterrey Gomez, mesmo um valor mais elevado do que a proposta inicial "ainda é uma migalha".

"Como é que se passa de um pedido de 1,3 biliões de dólares para 300 mil milhões de dólares? Nem é sequer metade do que propusemos", disse.

Alden Meyer, do grupo de reflexão europeu E3G, disse que os negociadores têm agora muito pouca margem de erro e têm de garantir que o que colocam em cima da mesa tem hipóteses de gerar consensos.

"Caso contrário, começamos a perder massa crítica à medida que os ministros começam a sair esta noite e amanhã [domingo]", disse Meyer à AP.

"É nesta altura que as coisas se tornam reais", acrescentou.

Pequenos Estados insulares e países menos desenvolvidos abandonam reunião

Os representantes dos pequenos Estados insulares e dos países menos desenvolvidos abandonaram entretanto uma reunião de consulta com a presidência azeri da cimeira da ONU sobre o clima.

A iniciativa visa protestar contra o projeto de acordo financeiro em preparação. "Abandonámos a reunião (...). Sentimos que não fomos ouvidos", declarou o representante de Samoa, Cedric Schuster, em nome do grupo de Estados insulares (Aosis), citado pela agência francesa AFP.

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