O primeiro-ministro espanhol disse acreditar que a verdade se imporá e que a sua mulher, bem como o seu irmão, serão inocentados nos julgamentos que enfrentam. Na quarta-feira, Begoña Gómez foi chamada pelo juiz Juan Carlos Peinado para uma audiência a decorrer no sábado, e na qual será acusada do crime de peculato. Em princípio, o processo irá desaguar num julgamento com recurso a júri. Já David Sánchez enfrenta a acusação de tráfico de influências num caso sem outra ligação que fazer parte do círculo familiar de Pedro Sánchez. O líder da oposição, o popular Alberto Núñez Feijóo, diz que o chefe do governo é o “responsável pelo lodaçal” e apelou para os partidos que sustêm o governo minoritário a deixá-lo cair.Na terça-feira, o tribunal de Badajoz rejeitou os recursos de David Sánchez e de outros dez arguidos. A contratação do irmão do primeiro-ministro para o posto de coordenador de Atividades dos Conservatórios de Música da Área da Cultura, Juventude e Bem-Estar Social, que a Câmara de Badajoz criou em 2016 é vista como suspeita. No auto da acusação citado pelo El País afirma-se que David Sánchez tinha concluído um mestrado em Milão e que se encontrava “sem contrato de trabalho fixo”, o que é demonstrativo de que o cargo foi criado “à medida, decerto por uma pessoa ou pessoas no seu círculo ou relacionadas com ele e que conheciam a sua necessidade”. .Espanha. Escândalos atiram popularidade de Pedro Sánchez para o seu valor mais baixo. Para aumentar as suspeitas, a investigação deu com um conjunto de mensagens de correio eletrónico entre Sánchez e um funcionário do palácio da Moncloa, a sede do governo, Luis Carrero. Este foi contratado em 2023 para a Secção de Coordenação de Atividades Transfronteirças de Badajoz depois de ter pedido trabalho naquela cidade. Outra situação que aumentou as suspeitas - ou a sua perceção pública - deu-se quando o líder do PSOE da Extremadura, Miguel Ángel Gallardo, abandonou as funções de presidente da Delegação Provincial de Badajoz para se tornar deputado da Assembleia da Extremadura, tentando garantir dessa forma imunidade parlamentar. Em sentido contrário, refira-se que a investigação não encontrou um património suspeito de dois milhões de euros nas contas de David Sánchez, ao contrário do que alegava a queixa da associação Manos Limpias.Na quarta-feira foi a vez de a mulher de Pedro Sánchez ser notificada de que terá de comparecer no tribunal no sábado. A investigação iniciada em 2024 assentava em cinco possíveis crimes: peculato, tráfico de influências, apropriação indevida, corrupção e intrusão profissional. Caíram todas as acusações excepto a primeira. O juiz crê haver motivos suficientes para levar a mulher do primeiro-ministro a julgamento devido à contratação de uma assessora para que esta trate de “atividade privada”, em especial na relação de Begoña Gómez com a Universidade Complutense. “O tempo colocará as coisas no seu devido lugar. Se for necessário defender a verdade, defenderemos a verdade, e a verdade é que a minha mulher e o meu irmão são inocentes”, declarou Pedro Sánchez em Nova Iorque. Já o líder do Partido Popular disse que “já não pega” a queixa de perseguição judicial por parte do primeiro-ministro. “A responsabilidade penal de cada um acabará por ser decidida pela justiça, mas a responsabilidade política está já sentenciada e Sánchez é o responsável por este lamaçal”, disse Núñez Feijóo.