Guerra na Ucrânia. Mark Rutte admite que negociações lideradas por Trump "não são fáceis"

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse, entretanto, que “não é fácil chegar a acordo" com os EUA sobre os principais aspetos de um entendimento para acabar com a guerra na Ucrânia.
O enviado especial dos EUA à Rússia, Steve Witkoff, com o presidente russo Vladimir Putin
O enviado especial dos EUA à Rússia, Steve Witkoff, com o presidente russo Vladimir Putin EPA/GAVRIIL GRIGOROV/SPUTNIK/KREMLIN

Rutte admite que negociações lideradas por Trump "não são fáceis"

O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, admitiu hoje que as “importantes negociações” lideradas pelo Presidente norte-americano com a Rússia e Ucrânia “não são fáceis”, enquanto deplorou o recente ataque russo contra Sumi.

“Hoje voltámos a falar sobre as importantes negociações que o Presidente Trump está a conduzir com a Ucrânia, bem como com a Rússia, para tentar pôr fim à guerra e garantir uma paz duradoura. Essas discussões não são fáceis – principalmente após esta violência terrível –, mas todos apoiamos a procura do Presidente Trump pela paz”, declarou Rutte, numa conferência de imprensa ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Odessa, sul da Ucrânia, onde realizou hoje uma visita surpresa.

O responsável da NATO destacou que “outros aliados”, nomeadamente através de iniciativas lideradas por França e Reino Unidos, “estão prontos, dispostos e aptos a assumir mais responsabilidades para ajudar a garantir a paz quando chegar esse momento”.

Rutte condenou o ataque russo contra a cidade de Sumi, no passado domingo, que fez mais de 30 mortos civis e mais de 100 feridos.

“Isso é simplesmente ultrajante. Faz parte de um padrão terrível de ataques russos a alvos civis e infraestruturas em toda a Ucrânia”, criticou, recordando que “até centenas de hospitais e profissionais de saúde foram alvos" desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.

O responsável da Aliança Atlântica reiterou a Zelensky que “a NATO está com a Ucrânia”.

“Sei que alguns questionaram o apoio da NATO nos últimos meses, mas que não haja dúvidas: o nosso apoio é inabalável”, assegurou.

A NATO, prosseguiu, “continua a prestar apoio político e prático à Ucrânia, fornecendo assistência em segurança e treino através do nosso comando em Wiesbaden”.

Além disso, sublinhou que nos primeiros três meses de 2025, os aliados já prometeram mais de 20 mil milhões de euros em assistência em segurança para a Ucrânia.

“Permitam-me dizer novamente, ao povo da Ucrânia: estamos com vocês. E ansiamos por um dia em que os bravos homens e mulheres deste país incrível possam desfrutar da liberdade sem medo”, disse.

Em Odessa, Rutte e Zelensky visitaram um hospital, onde falaram com feridos.

Por seu lado, o Presidente ucraniano declarou que a Ucrânia tem uma "necessidade aguda" de sistemas de defesa aérea e pediu a preparação "rápida e eficaz" de um contingente militar ocidental no país.

Zelensky confirmou que uma delegação ucraniana está na Turquia para discutir a possibilidade de enviar militares estrangeiros para garantir a segurança no Mar Negro.

"A presença dos nossos parceiros ocidentais no céu, no mar e em terra. É disso que se trata a 'coligação dos dispostos'”, afirmou, citado pela agência de notícias estatal ucraniana Ukrinform.

O Presidente ucraniano acrescentou que uma das questões em discussão é a opção de enviar "um contingente para o mar".

"Acreditamos que a Turquia pode desempenhar um papel importante nas futuras garantias de segurança marítima", acrescentou Zelensky.

A chamada coligação dos países dispostos a ajudar a Ucrânia é liderada pelo Reino Unido e pela França e é composta por países que têm mostrado disponibilidade para enviar um contingente militar para a Ucrânia, uma vez terminada a guerra, como garantia de segurança.

Portugal tem participado nas reuniões deste grupo.

Lusa

Enviado de Trump descreve reunião com Putin como convincente

O enviado especial dos Estados Unidos à Rússia, Steve Witkoff, descreveu como “convincentes” as conversas mantidas com o líder russo, Vladimir Putin, na semana passada, que incluíram medidas para pôr fim à guerra na Ucrânia.

Witkoff disse na segunda-feira à emissora Fox News que esteve reunido quase cinco horas com Putin, a quem pediu para garantir “uma paz permanente”, um ponto a que os dois interlocutores demoraram “um pouco a chegar”.

A chave para um acordo global, segundo o investidor, advogado e diplomata enviado pela Casa Branca a Moscovo, gira em torno de “cinco territórios”, que Witkoff não especificou.

A Rússia insiste que a tomada de controlo de partes da Ucrânia desde 2014, incluindo a península da Crimeia e as regiões de Luhansk e Donetsk, deve ser reconhecida em qualquer futuro acordo.

Embora Putin tenha exigido anteriormente que a Ucrânia fosse impedida de se tornar membro da NATO, Witkoff disse que também levantou questões relacionadas com o princípio central do bloco atlântico de que um ataque a um membro constitui um ataque contra todos os membros.

“Este acordo de paz é sobre os chamados cinco territórios, mas há muito mais do que isso”, disse Witkoff, acrescentando estar convencido de que “podemos estar à beira de algo que seria muito, muito importante para o mundo em geral”.

Por outro lado, na sequência de reuniõs em São Petersburgo, Witkoff disse ver “uma possibilidade das relações entre a Rússia e os Estados Unidos serem remodeladas através de algumas oportunidades comerciais muito atraentes que [na sua opinião] também proporcionam uma verdadeira estabilidade à região”.

Na sequência destes encontros, o Kremlin fez saber esta terça-feira que não há sequer um esboço de um acordo entre os EUA e a Rússia sobre a Ucrânia.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse, no entanto, que os contactos com os EUA foram positivos e úteis, segundo a Sky News.

O enviado especial dos EUA à Rússia, Steve Witkoff, com o presidente russo Vladimir Putin
Zelensky quer desfile de líderes em Kiev contra desfile de tanques de Putin em Moscovo a 9 de maio

MNE russo diz que não é fácil chegar a acordo com os EUA sobre a paz na Ucrânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros russo disse que “não é fácil chegar a acordo" com os EUA "sobre os principais aspetos de um entendimento" para acabar com a guerra na Ucrânia, em curso há mais de três anos.

Os componentes chave de um acordo "estão a ser discutidos”, disse Sergei Lavrov numa entrevista ao jornal Kommersant, publicada esta terça-feira.

“Estamos bem cientes do que é um acordo mutuamente benéfico, que nunca rejeitámos, e do que é um acordo que nos pode levar a outra armadilha”, considerou o chefe da diplomacia russa na mesma entrevista.

Na segunda-feira, o presidente norte-americano Donald Trump voltou a culpar o homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, pela guerra, quando questionado sobre qual dos lados é responsável pelo fracasso do cessar-fogo.

Os comentários de Trump surgiram depois de a Ucrânia ter dito que 35 pessoas foram mortas e pelo menos 84 ficaram feridas após um ataque de mísseis russos contra a cidade de Sumy na manhã do Domingo de Ramos.

Na sexta-feira, o presidente norte-americano escreveu na sua plataforma social Truth que “a Rússia tem de se mexer” para ajudar a conseguir um cessar-fogo.

O enviado especial dos EUA à Rússia, Steve Witkoff, com o presidente russo Vladimir Putin
Governo português condena ataque russo à cidade de Sumi, na Ucrânia

Ataque ucraniano a Kursk faz um morto e pelo menos nove feridos

Já na noite de segunda para terça-feira, um ataque ucraniano à região russa de Kursk, com recurso a dezenas de drones, matou uma mulher e feriu, pelo menos, nove pessoas.

Registaram-se ainda incêndios em vários edifícios no centro administrativo da região, disseram, esta terça-feira, as autoridades russas, citadas pela Reuters, referindo que o Ministério da Defesa russo fez saber que abateu 109 drones.

"Kursk foi submetido a um ataque inimigo massivo durante a noite", informou a administração da região de Kursk numa mensagem divulgada no Telegram. “Infelizmente, uma mulher de 85 anos morreu”, acrescentou.

De acordo com a agência de notícias, o presidente interino da Câmara de Kursk, Sergei Kotlyarov, disse que um edifício de apartamentos foi danificado, o que levou à evacuação do prédio, tendo os moradores sido retirados para uma escola próxima.

Diário de Notícias
www.dn.pt