A Ucrânia quer responder ao desfile anual do Dia da Vitória de Vladimir Putin, em Moscovo, com a presença em Kiev também a 9 de maio de líderes europeus, convite que o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Andrii Sybiha, estendeu esta segunda-feira aos seus homólogos dos 27 durante uma reunião no Luxemburgo, como forma de mostrar “a nossa união e determinação face à maior agressão na Europa desde a Segunda Guerra Mundial”.Segundo o Politico, Sybiha informou ainda os seus colegas que Volodymyr Zelensky pretende receber no mesmo dia na capital ucraniana os líderes da “coligação da boa-vontade” para que possam discutir garantias de segurança para Kiev no caso de um cessar-fogo com a Rússia. Duas fontes diplomáticas europeias disseram ao mesmo site que existem negociações em curso sobre uma possível visita no início de maio de vários líderes, incluindo Friedrich Merz, cuja eleição como chanceler alemão está marcada para dia 6.O presidente russo convidou líderes de vários países para estarem presentes em Moscovo no dia 9 para as celebrações dos 80 anos da vitória sobre os nazis, entre os quais Israel, China, Índia, Brasil, mas também Eslováquia, um Estado-membro da União Europeia, e a Sérvia, candidata a aderir ao bloco. Estes dois casos em concreto levaram esta segunda-feira a chefe da diplomacia da UE a pedir aos líderes europeus a não viajarem até Moscovo e a mostrar a solidariedade em relação a Kiev. “O que também foi discutido muito claramente, e dito por diferentes Estados-membros, é que qualquer participação nos desfiles ou celebrações de 9 de maio em Moscovo não será considerada de ânimo leve pelo lado europeu, tendo em conta que a Rússia está realmente a travar uma guerra em grande escala na Europa”, afirmou Kaja Kallas após a reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros desta segunda-feira.De acordo com o Politico, o gabinete de Viktor Orbán, um dos líderes europeus próximos do Kremlin, afirmou que o primeiro-ministro húngaro não assistirá ao desfile em Moscovo. Já o primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, disse em novembro que pretendia comparecer às celebrações organizadas por Putin.Quem recebeu novamente um convite de Zelensky para visitar a Ucrânia foi o presidente dos Estados Unidos, que decidiu levar a cabo negociações separadas com Moscovo e Kiev com vista a um acordo de paz. “Por favor, antes de qualquer tipo de decisão, qualquer tipo de negociação, venha ver as pessoas, civis, combatentes, hospitais, igrejas, crianças destruídas ou mortas. Venha, veja, e depois vamos avançar com um plano para acabar com a guerra”, referiu o ucraniano num entrevista ao programa 60 Minutes divulgada no domingo à noite. “A segurança do mundo está em jogo. Se não nos mantivermos firmes, ele [Putin], avançará ainda mais. Não se trata apenas de especulação, a ameaça é real”, referiu ainda Zelensky.Donald Trump falou esta segunda-feira na Casa Branca sobre a situação na Ucrânia, mas não mencionou o convite feito pelo seu homólogo, preferindo dizer que a culpa dos “milhões de mortos” na guerra deve-se à incompetência de três pessoas. “Biden poderia ter impedido isto, e Zelensky poderia ter impedido isto, e Putin nunca deveria ter começado isto”, declarou o republicano.Falando ainda sobre o presidente ucraniano, Trump referiu que “quando se começa uma guerra, é preciso saber que se pode ganhar a guerra. Não se começa uma guerra contra alguém que é 20 vezes maior do que nós. E depois espera que as pessoas lhe deem alguns mísseis”, afirmando ter sido o primeiro a dar mísseis Javelin à Ucrânia. “E tudo o que posso fazer é tentar impedir isso [a guerra], é tudo o que quero fazer. Quero impedir a matança. Acho que estamos a bem nesse aspeto. Acho que vão ter algumas propostas muito boas em breve”, prosseguiu. Numa publicação na Truth Social, o presidente dos Estados Unidos voltou ao tema, acusando Zelensky de ter “permitido” o início da guerra, dizendo que este conflito não é dele, mas sim de Joe Biden. “O presidente Zelensky e o corrupto Joe Biden fizeram um trabalho absolutamente horrível ao permitir que esta farsa começasse. Havia muitas formas de evitar que isto começasse”, acusou Donald Trump, garantindo que “se a eleição presidencial de 2020 não tivesse sido manipulada - e foi, de muitas maneiras - aquela guerra horrível nunca teria acontecido”.ana.meireles@dn.pt