Um empresário agrícola espanhol será julgado por homicídio imprudente, depois de ter deixado à porta de um centro de saúde um trabalhador imigrante com uma paragem cardiorrespiratória, sem pedir ajuda médica, em crime que decorreu em 2020. A informação foi foi avançada pelo El País.A vítima em questão era Eleazar Benjamín Blandón Herrera, de 42 anos, natural da Nicarágua. Empregado no setor agrícola, Eleazar morreu no dia 1 de agosto de 2020 em Lorca, na região de Múrcia, na sequência de uma insolação devido à abusos laborais.Segundo a juíza do caso, Pedro Manuel P. T. manteve o trabalhador em jornada durante horas sob temperaturas extremas, superiores a 40 graus, sem condições mínimas de segurança, sombra ou hidratação. Apesar dos sinais de mal-estar manifestados ao longo do dia, o patrão não suspendeu a atividade nem chamou assistência. Pelo contrário, terá consentido que Blandón fosse transferido para outra parcela agrícola para descarregar um caminhão de melancias.Os relatos presentes no despacho judicial descrevem uma jornada de trabalho que começou às 7h e se prolongou até depois das 15h, com um único intervalo. Eleazar, que trabalhava sem contrato nem registo na Segurança Social, apresentava dificuldades respiratórias e mal-estar visível ao longo da manhã. Ao ser finalmente levado para o centro de saúde, já estava inconsciente e com uma temperatura corporal de 41 graus. Foi declarado morto pouco depois no hospital Rafael Méndez.A juíza Emilia Ros decidiu avançar com o processo por entender que existem indícios suficientes de vários crimes: homicídio imprudente (por negligência), infrações contra os direitos dos trabalhadores e contra o património e ordem socioeconómica. A decisão pode ainda ser alvo de recurso na Audiência Provincial de Múrcia.Eleazar Blandón havia chegado a Espanha apenas alguns meses antes da tragédia. Tinha esposa, cinco filhos e fugira da Nicarágua depois de participar em manifestações contra o regime de Daniel Ortega. Pediu asilo em Bilbao, mas o processo ficou suspenso durante a pandemia, o que o levou a aceitar o trabalho irregular no setor agrícola.Para a magistrada, o caso revela uma cadeia de negligência por parte do empresário, que “presenciou o estado da vítima” e ainda assim permitiu a continuação do trabalho. .Espanha. Extrema-direita aproveita agressão a idoso para lançar “caça aos imigrantes” em Torre Pacheco