Dois candidatos da direita vão disputar a segunda volta das presidenciais na Bolívia, marcando o fim de duas décadas de governos de esquerda.Para surpresa geral, o senador de centro-direita Rodrigo Paz Pereira, da oposição, venceu a primeira volta com 32% dos votos."Não ganhámos nada; temos o direito de jogar uma final que precisa de ser ganha em dois meses. Tenho um ditado: nada está ganho até que seja ganho, até que a vitória seja selada", disse Rodrigo Paz Pereira numa conferência de imprensa realizada na rua, no coração de La Paz.O ex-presidente de direita Jorge 'Tuto' Quiroga ficou em segundo lugar, com 27%.Após a divulgação dos primeiros resultados preliminares, Quiroga celebrou o fim de "uma longa noite de duas décadas", referindo-se à derrota do Movimento ao Socialismo (MAS, esquerda, no poder). Considerou que um dos maiores desafios, caso se torne presidente, será "estabilizar a economia boliviana".O empresário e também candidato da oposição Samuel Doria Medina, que liderava as sondagens, reconheceu a derrota após ficar em terceiro lugar, com 20%, e comprometeu-se a apoiar Rodrigo Paz.“Como disse várias vezes, cumpro os meus compromissos. Ao longo da campanha, disse que, se não chegasse à segunda volta, apoiaria quem ficasse em primeiro lugar, desde que não fosse o MAS. Esse candidato é Rodrigo Paz e mantenho a minha palavra”, disse Doria Medina numa conferência de imprensa.Paz Pereira, de 57 anos, é a grande revelação do atual processo eleitoral, tendo passado dos últimos lugares nas sondagens para o candidato mais votado nesta primeira volta, qualificando-se para disputar a segunda volta com Jorge 'Tuto' Quiroga, da Aliança Livre, que partiu para estas eleições atrás de Doria Medina nas intenções de voto.O processo eleitoral iniciado este domingo na Bolívia, país com 12 milhões de habitantes, escolhe os membros do Senado, da Câmara dos Deputados e os próximos presidente e vice-presidente do país. A segunda volta das presidenciais está agendada para 19 de outubro.Dez candidatos de partidos e alianças foram habilitados pelas autoridades eleitorais a concorrer à presidência, mas apenas oito foram a votos, incluindo Eduardo del Castillo pelo partido MAS, que era apoiado pelo atual presidente, Luis Arce. Não foi além dos 3,15%.A esquerda boliviana partiu para estas eleições em profunda crise. Arce anunciou que não iria disputar um segundo mandato presidencial e Evo Morales, que abandonou o MAS, tentou candidatar-se pelo partido PAN-BOL, mas o Tribunal Supremo Eleitoral travou a sua candidatura.Com Lusa.Direita favorita sem Evo nas eleições da Bolívia