Dirigentes estudantis do Bangladesh querem Nobel da Paz para liderar Governo interino
AFP

Dirigentes estudantis do Bangladesh querem Nobel da Paz para liderar Governo interino

Yunus, Prémio Nobel da Paz em 2006, "concordou em assumir a responsabilidade", dizem os estudantes.
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Os líderes dos protestos estudantis que levaram à demissão e fuga da primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, propuseram esta terça-feira o vencedor do Prémio Nobel da Paz, Muhammad Yunus, como chefe de um Governo interino.

"Dada a situação de emergência, anunciamos agora (...) que decidimos formar um Governo interino com o Prémio Nobel Muhammad Yunus como conselheiro-chefe, que é universalmente aceite e reconhecido internacionalmente", disseram três dirigentes.

Yunus, Prémio Nobel da Paz em 2006, "concordou em assumir a responsabilidade", acrescentaram os estudantes, numa mensagem em vídeo.

O economista de 84 anos, atualmente na Europa, é conhecido por tirar milhões de pessoas da pobreza no Bangladesh através de um pioneiro banco dedicado ao microcrédito.

Yunus enfrentou uma série de acusações de corrupção e foi levado a julgamento durante o governo de Hasina. O economista disse que as acusações contra si foram motivadas por vingança política.

O chefe do exército do Bangladesh, Waker-Uz-Zaman, anunciou na segunda-feira a formação de um governo interino.

Isto horas depois de a primeira-ministra do Bangladesh, Sheikh Hasina, se ter demitido e fugido do país de helicóptero, após 15 anos no poder e um mês de protestos mortíferos.

Embora Zaman não tenha revelado nomes dos futuros candidatos à liderança do Governo interino, afirmou ter mantido reuniões com representantes dos principais partidos do país asiático, incluindo a Liga Awami da ex-primeira-ministra.

Os líderes das manifestações insistiram que não aceitarão qualquer Governo senão aquele proposto pelos estudantes.

Os dirigentes instaram ainda o Presidente do país, Mohamed Shahabuddin, a tomar medidas urgentes para resolver a atual situação de insegurança, em referência aos ataques a templos religiosos e aos saques generalizados.

"Devido à anarquia no país e à insegurança sobre a vida das pessoas, instamos o Presidente a tomar medidas imediatas e eficazes para restaurar a lei e a ordem no país, e que os estudantes que procuram a liberdade também estejam nas ruas para ajudar a aplicação da lei nesse sentido", disseram.

"Até que o Governo interino seja formado, os estudantes terão de permanecer nas ruas para salvaguardar a sua revolta", acrescentaram.

Na segunda-feira, pelo menos 99 pessoas morreram, de acordo com fontes policiais e hospitalares citadas pela agência de notícias EFE, num dos dias mais mortíferos desde que eclodiram os protestos antigovernamentais.

Os três líderes estudantis disseram hoje que os atos violentos registados após a fuga de Hasina "estão a ser realizados de forma planeada para frustrar a (...) revolta estudantil e popular".

No total, mais de 400 pessoas morreram no Bangladesh em confrontos desde o início das manifestações estudantis em julho, de acordo com um balanço da agência de notícias France-Presse, a partir de dados da polícia, de fontes oficiais e hospitalares.

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