Demissão. Comissário Thierry Breton critica “governação questionável” de von der Leyen
O comissário da Indústria e Mercado Interno, Thierry Breton, não vai cumprir o mandato de cinco anos até ao fim. A pouco mais de um mês do final do mandato, deixa o atual executivo de Ursula von der Leyen descontente com a forma como a presidente da Comissão está a liderar o processo de formação do futuro executivo.
Esta segunda-feira, Breton, que também deveria integrar o futuro colégio, divulgou uma carta, enviada à presidente da Comissão Europeia, a anunciar a sua demissão, “com efeitos imediatos”, questionando a conduta da alemã durante o processo que deveria estar terminado amanhã, terça-feira, altura em que Ursula von der Leyen tem uma reunião agendada para anunciar aos presidentes dos grupos parlamentares em Estrasburgo a composição e os cargos de cada um dos membros do futuro colégio.
Na carta, Breton denuncia que von der Leyen contactou Emmanuel Macron a pedir para que o presidente francês retirasse o nome do comissário proposto por França, alegando razões pessoais. E, caso Macron apresentasse uma alternativa ao nome Thierry Breton, seria oferecida a França uma pasta mais importante.
“Há poucos dias, durante a fase final das negociações sobre a composição do futuro Colégio, pediu à França que retirasse o meu nome – por razões pessoais que em nenhum momento discutiu diretamente comigo – e ofereceu, como troca política, um portefólio supostamente mais influente para França no futuro Colégio. Agora será proposto um candidato diferente”, lê-se na carta dirigida a von der Leyen.
Na carta enviada à presidente da Comissão, Thierry Breton considera que “estes acontecimentos são mais um testemunho de uma governação questionável”, afirmando que “nos últimos cinco anos, se esforçou incansavelmente para promover e defender o bem comum europeu, acima dos interesses nacionais e partidários [e] foi uma honra”.
No entanto, considera que à luz destes últimos desenvolvimentos é “forçado a concluir que não pode continuar a exercer as funções” no Colégio de Comissários.
O francês, visto como crucial na resposta europeia à falta de componentes críticos durante a pandemia e, mais recentemente, a fazer um levantamento das carências da indústria europeia de defesa, renuncia, assim, ao atual cargo de Comissário Europeu, “com efeito imediato”.