Maria da Graça Carvalho, ministra do Ambiente
Maria da Graça Carvalho, ministra do AmbienteGerardo Santos / Global Imagens

COP30. Nova proposta de acordo "não é suficientemente ambiciosa", diz ministra do Ambiente

No último dia da COP30, a ministra manifestou, ainda assim, a esperança de que seja possível chegar a um acordo "que seja ambicioso". Já a UE disse que a proposta apresentada é "inaceitável".
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A ministra do Ambiente defendeu esta sexta-feira, 21 de novembro, que a nova proposta da presidência brasileira da COP30 “não é suficientemente ambiciosa” na mitigação e não contém uma "referência explícita" ao abandono dos combustíveis fósseis, mas manifestou esperança num "acordo ambicioso".

“Tivemos a reunião de coordenação da União Europeia a analisar o documento e a posição da União Europeia é que o documento não é suficientemente ambicioso na mitigação, na redução das emissões, e não tem uma referência explícita ao diminuir dos combustíveis fósseis”, afirmou à Lusa Maria da Graça Carvalho em Belém, Brasil, onde decorre a conferência da ONU sobre as alterações climáticas.

No último dia da COP30, a ministra portuguesa manifestou a esperança de que seja possível chegar a um acordo "que tenha alguma ambição, que seja ambicioso".

A presidência brasileira da COP30 publicou hoje uma nova proposta de acordo, que não contém qualquer referência ao abandono dos combustíveis fósseis, questão que tinha sido exigida por dezenas de países.

Ao longo das sete páginas da proposta da presidência da 30.ª conferência da ONU sobre alterações climáticas (COP30), intitulada Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização mundial contra as mudanças climáticas e publicada hoje de madrugada, não há uma única referência aos combustíveis fósseis.

A necessidade de uma transição para o abandono dos combustíveis fósseis foi mencionada oficialmente pela primeira vez na COP28 no Dubai, sem clarificar como nem quando, mas o presidente brasileiro lançou logo na abertura da COP30.

UE admite que a conferência termine "sem acordo". Proposta é "inaceitável"

A União Europeia admite que a conferência da ONU sobre alterações climáticas termine “sem acordo” por considerar que a proposta hoje apresentada pela presidência brasileira da COP30 é inaceitável.

“O que está atualmente sobre a mesa é inaceitável. E, dado que estamos tão longe de onde deveríamos estar, é triste dizer, mas estamos realmente perante um cenário sem acordo”, disse aos jornalistas o comissário europeu do clima, Wopke Hoekstra, no último dia oficial da COP30.

A posição da UE é conhecida após a presidência brasileira da COP30 publicar a nova proposta de acordo, intitulada “Mutirão Global: Unindo a humanidade em uma mobilização mundial contra as mudanças climáticas”. Documento não contém qualquer referência ao abandono dos combustíveis fósseis, questão que tinha sido exigida por dezenas de países.

Numa nota enviada pela Comissão Europeia aos jornalistas após ser conhecido o documento, o comissário já tinha manifestado desilusão com a proposta da presidência.

“Está longe de corresponder ao nível de ambição de que precisamos em mitigação. Estamos dececionados com o texto atualmente apresentado”, dizia então Wopke Hoekstra.

O comissário disse que os 27 estão dispostos “a ser ambiciosos em adaptação”, mas esclareceu que “qualquer linguagem sobre financiamento deve estar estritamente alinhada com o compromisso alcançado no ano passado” sobre o “Novo Objetivo Coletivo Quantificado” (NCQG).

A ideia de um roteiro para o abandono e o primeiro rascunho apresentado na terça-feira pelo Brasil apresentava opções a serem negociadas.

No entanto, o texto hoje conhecido, publicado no último dia oficial da conferência, limita-se a reconhecer os "níveis recordes de capacidade global de energia renovável e investimentos em energia limpa”.

Mais de trinta países escreveram na quinta-feira à presidência brasileira da conferência climática da ONU (COP30) a pedir que incluísse um roteiro para a eliminação gradual das energias fósseis, segundo um texto citado pela AFP.

"Estamos profundamente preocupados com a proposta atual, a aceitar ou a rejeitar", escrevem a Colômbia, França, Reino Unido, Alemanha, entre mais de três dezenas de países, de acordo com uma lista fornecida pela delegação colombiana à AFP.

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