Volodymyr Zelensky alertou esta quinta-feira, 2 de outubro, os restantes líderes da Comunidade Política Europeia (CPE) que a Rússia está a “intensificar as suas ações destrutivas”, sublinhando que “o que mais importa para a segurança europeia agora é a vontade política” de agir e depressa. “Só ações conjuntas e esforços unidos podem garantir a segurança real. Nenhum país deve ser deixado sozinho perante esta ameaça”, afirmou o presidente ucraniano, sublinhando que Moscovo “está a cometer muitos erros, e é por isso que precisamos de aumentar a pressão agora, para que sejam forçados a acabar com a guerra e a mudar a sua política”.Num recado a países como a Hungria e a Eslováquia, que dizem que vão continuar a importar energia da Rússia, Zelensky fez ainda um apelo: “Qualquer ligação com a Rússia pode ser usada contra vós, portanto, quanto menos laços com a Rússia, mais segura será a vida, e a vida deve ser protegida”. Esta proteção, defendeu o líder ucraniano, passa também pela criação do muro de drones, uma proposta de Ursula von der Leyen que já havia sido discutida em Copenhaga no dia anterior durante o Conselho Europeu informal e que prosseguiu esta quinta-feira na cimeira da CPE, um formato criado depois da invasão russa da Ucrânia e alargado a 47 líderes europeus. “Estamos prontos para partilhar esta experiência convosco, parceiros. E isto é apenas o início, o primeiro passo para um muro de drones eficaz para proteger toda a Europa. Por favor, vamos trabalhar juntos em soluções coordenadas que tornem isto realidade”, afirmou Zelensky, acrescentando que “quando falamos do muro dos drones, falamos de toda a Europa. Não apenas de um país.”A primeira-ministra dinamarquesa, que presidiu a esta reunião, alertou também que a Rússia está a “testar-nos mais do que nunca”, sublinhando que Moscovo “não vai parar até ser forçado a isso” e que “esta guerra nunca foi apenas sobre a Ucrânia”. “Temos uma tarefa importante pela frente: precisamos de tornar a nossa Europa comum tão forte que uma guerra contra nós se torne impensável, e precisamos de o fazer agora”, notou Mette Frederiksen. Estes dois dias de reuniões entre líderes europeus não ficaram sem resposta de Moscovo, através de uma intervenção feita esta quinta-feira pelo presidente russo no Clube de Discussão Valdai, que começou por referir que as sanções internacionais por causa da guerra na Ucrânia não conseguiram subjugar a Rússia, que “demonstrou a mais alta resiliência”.Facto que, para Vladimir Putin, significa que não se pode estabelecer um “equilíbrio global” sem a aprovação da Rússia num mundo multipolar, notando ainda que alguns “ainda estão obstinados no seu desejo de infligir uma derrota estratégica” a Moscovo.Putin continuou o seu discurso criticando os países europeus por estarem a “gerar histeria”, tentando “recriar o inimigo conhecido que inventaram há centenas de anos: a Rússia”. Chamou ainda de “absurda” a possibilidade levantada por estes de que a guerra com Moscovo está próxima, pois é contrária aos seus interesses de segurança.Mesmo assim, o presidente russo garantiu que Moscovo responderá à “perigosa” militarização da Europa, uma resposta que será “para dizer o mínimo, bastante convincente”. “Devemos ter isso em conta para sustentar a nossa defesa e segurança”, concluiu Vladimir Putin.Horas antes, a porta-voz da diplomacia russa havia dito que não havia uma Guerra Fria com o Ocidente - em resposta a uma questão dos jornalistas sobre a semelhança do possível muro de drones europeu a uma “cortina de ferro”. “Já estamos noutra forma de conflito. Não há frio aqui há muito tempo; já há fogo aqui”, respondeu Maria Zakharova.Esta responsável foi ainda questionada sobre as acusações europeias de que a Rússia invadiu o espaço aéreo da NATO, respondendo que a Aliança, mas também a UE, estavam a preparar “provocações” contra Moscovo. “Todas as suas declarações indicam: primeiro, que estão a preparar uma cadeia de provocações. Segundo, que precisam de justificar os seus orçamentos militares”, disse.EUA vão ajudar UcrâniaOs Estados Unidos vão fornecer à Ucrânia informações sobre alvos de infraestruturas energéticas de longo alcance na Rússia, segundo notícias avançadas pela Reuters e o Wall Street Journal, que referem ainda que Washington está a pedir aos aliados da NATO para darem um apoio semelhante. Paralelamente, a Casa Branca está a avaliar o envio de mísseis Tomahawk para Kiev, que poderão ser utilizados neste tipo de ataques.O WSJ adianta ainda que, embora os EUA já partilhem há muito informações de inteligência com a Ucrânia, agora será mais fácil para Kiev atingir infraestruturas como refinarias, oleodutos e centrais elétricas.Em resposta a estas notícias, o Kremlin afirmou que “o fornecimento e a utilização de todas as infraestruturas da NATO e dos EUA para recolher e transferir informações para os ucranianos são óbvios”, acrescentou o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.Moscovo voltou esta quinta-feira a comentar também a proposta de Bruxelas de usar de ativos russos congelados para fornecer empréstimos à Ucrânia, classificando a ideia como “delirante”. “De acordo com o princípio da reciprocidade, qualquer ataque da UE à nossa propriedade será recebido com uma resposta muito dura”, disse a porta-voz da diplomacia russa. “A Rússia possui um arsenal suficiente de contramedidas e capacidades para uma resposta política e económica adequada”.Zakharova abordou ainda o plano de reembolsar estes empréstimos quando Kiev receber reparações de guerra da Rússia num acordo de paz, afirmando Moscovo está a ganhar e as reparações são pagas pelos vencidos. Este assunto, cuja discussão começou na quarta-feira no Conselho Europeu informal e será terminada na reunião de dia 23, tem na Bélgica um dos seus maiores objetores, país onde está sediada a Euroclear, central depositária que tem em sua posse 185 mil milhões dos 210 mil milhões de euros de ativos russos que estão detidos na Europa. Ontem, o primeiro-ministro belga, Bart de Wever, disse ter pedido a outros líderes que dessem fortes garantias de que partilhariam os riscos caso este plano avance. .Líderes europeus partilham dúvidas sobre defesa numa conversa que só acabará no dia 23 .Ações do Kremlin podem levar a “um confronto armado entre a NATO e a Rússia”