Altos dirigentes estão reunidos desde esta segunda-feira e até quinta em Pequim para discutirem um relatório e propostas entregues pelo secretário-geral do Partido Comunista da China (PCC) Xi Jinping para os próximos cinco anos. É o quarto plenário do XX Comité Central do PCC, que se realiza a poucos dias de uma reunião do seu líder máximo com o presidente dos Estados Unidos, com uma guerra comercial em perspetiva. Os planos quinquenais foram adotados na China em 1953 e continuam a ter um papel central na administração do país. “Os planos quinquenais estão longe de ser apenas um pedaço de papel. Eles constituem um sistema totalmente integrado para transformar objetivos em realidade”, disse Dong Yu, vice-reitor executivo do Instituto de Planeamento para o Desenvolvimento da China na Universidade Tsinghua, ao Diário do Povo, o órgão do PCC. O próximo plano entra em vigor no período 2026-2030 e está a ser ultimado na capital chinesa. A reunião, que congrega os 371 membros do Comité Central, decorre à porta fechada num hotel e, no final, não se espera mais do que um comunicado. O plano final será revelado em março, durante o Congresso Nacional do Povo,o principal órgão legislador do país, que irá analisá-lo e aprová-lo. Sabe-se, porém, as linhas gerais do documento. A China tem como objetivo chegar a 2035 tendo concluído o que chama de “modernização socialista” para então “consolidar-se como um grande país socialista moderno em todos os aspetos até meados deste século”, explica a agência Nova China (Xinhua). A grande prioridade para alcançar essas metas passa pelo investimento maciço em inovação e tecnologia e em aprofundar o mercado doméstico. “À medida que a China acelera a construção de um novo paradigma de desenvolvimento, a procura interna será ainda mais expandida, tornando-se o principal motor e âncora do crescimento económico.” Por outro lado, até 2029 o país terá de concluir 300 reformas estabelecidas no plenário anterior, em 2024, sendo que estas irão levar a uma “abertura de alto nível”.O documento realça que o desenvolvimento e a segurança são “igualmente essenciais para moldar a trajetória futura” da China. Nesse sentido, a reunião de Xi Jinping com Donald Trump, prevista para 1 de novembro em Gyeongju, na Coreia do Sul, é importante para uma clarificação sobre o clima internacional, com as trocas comerciais à cabeça. Depois de o presidente dos EUA ter brindado a China com taxas aduaneiras de 145% em maio para depois declarar uma trégua, entretanto renovada e que termina no dia da reunião bilateral, Pequim respondeu com restrições às exportações dos minérios críticos, sobre os quais detém 60% da produção mundial e 90% do processamento. Trump reconheceu há dias que a tarifa de 100%, em conjunto com novos controlos à exportação de “qualquer e todo o software crítico” para a China, “não é sustentável”, tendo ainda dito que a isso foi “forçado”. Purga entre os generaisO segundo general mais graduado e outros oito militares foram expulsos das forças armadas chinesas e do Partido Comunista três dias antes do início do plenário do Comité Central do partido. Dos nove generais, oito pertenciam àquele órgão constituído por 205 membros efetivos e 171 suplentes. He Weidong, que era vice-presidente da Comissão Militar Central, assim como os restantes generais, são suspeitos de corrupção. A liderança de Xi Jinping tem periodicamente anunciado resultados da campanha contra a corrupção, um tema que é popular. Além disso, é uma arma para cerrar fileiras no partido e no governo. “Esta medida é uma demonstração política de força e um passo prático para elevar os suplentes sem direito a voto a membros plenos do Comité Central”, comentou Neil Thomas, perito em política chinesa do Asia Society Policy Institute, à AP. No ano passado, os ex-ministros da Defesa Li Shangfu e Wei Fenghe também foram acusados de corrupção e expulsos do PCC.