As forças armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram que o cessar-fogo em Gaza está em vigor desde as 12.00 locais (10.00 em Lisboa). "Desde o meio-dia, as tropas do exército israelita começaram a posicionar-se ao longo das (...) linhas de reafetação, em preparação para o acordo de cessar-fogo e o regresso dos reféns", lê-se num comunicado, segundo o qual "tropas do Comando Sul (...) continuarão a eliminar qualquer ameaça imediata."Horas depois de o governo israelita ter ratificado o acordo com o Hamas, que permitiu o cessar-fogo na Faixa de Gaza, as tropas israelitas estavam esta manhã a retirar de algumas zonas do enclave palestiniano. Num discurso ao país pouco depois da entrada em vigor do cessar-fogo, Benjamin Netanyahu agradeceu a Trump pela "enorme pressão diplomática" sobre o Hamas e ameaçou retomar a guerra se as exigências não forem atendidas "da maneira mais fácil". O primeiro-ministro israelita garantiu que, nas etapas seguintes do plano de paz em 20 pontos apresentado pelo presidente americano na semana passada, "o Hamas será desarmado e Gaza será desmilitarizada". E deixou a ameaça de um retorno implícito à guerra: "Se isso for alcançado da maneira fácil, ótimo. E se não for, será alcançado da maneira difícil".Segundo a BBC, os militares israelitas já retiraram da periferia noroeste da cidade de Gaza e recuaram para leste. E a AFP noticiou que os veículos militares de Israel também estavam a sair de parte de Khan Yunis..Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que as tropas irão retirar-se até um ponto em que terão 53% do controlo da Faixa de Gaza, de acordo com o plano de Trump. O próprio presidente dos EUA anunciou nas redes sociais que as tropas de Israel irão retirar-se “para uma linha acordada”. Na semana passada, a Casa Branca divulgou um mapa com uma linha amarela que marcava as posições iniciais de retirada das forças israelitas. Na altura, foi referido que essa seria a primeira de três etapas da retirada.A partir da entrada em vigor do cessar-fogo, começa então o prazo de 72 horas para o Hamas libertar os reféns (pelo menos os 20 que ainda estarão vivos, em 48 ainda no enclave), em troca de 250 presos palestinianos a servir penas de prisão perpétua e outros 1700 detidos desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Nesse dia, um ataque do Hamas fez 1200 mortos em Israel e 251 pessoas foram feitas reféns e levadas para Gaza. A retaliação israelita começou nesse mesmo dia. Nestes dois anos, este é o terceiro período de trégua.Israel, entretanto, divulgou a lista dos 250 palestinianos que vai libertar - destes, 15 vão para Jerusalém Oriental, 100 para a Cisjordânia e 135 serão deportados. A lista final, divulgada pelo Ministério da Justiça de Israel, sofreu alguns acertos de última hora, com os negociadores a aceitarem trocar 11 detidos ligados à Fatah por 11 ligados ao Hamas. Embora o Hamas tenha exigido a libertação de Marwan Barghouti, preso por planear ataques terroristas durante a Segunda Intifada e condenado a cinco penas de prisão perpétua, este não está incluído na lista publicada. O líder da Frente Popular, Ahmad Sa'adat, bem como figuras importantes do Hamas, Ibrahim Hamed e Hassan Salameh, também não estão entre os nomes divulgados, apesar da pressão relatada por parte dos negociadores do Hamas.Entre os que vão ser libertados está Iyad Abu al-Rub, comandante da Jihad Islâmica na área de Jenine, na Cisjordânia e responsável por orquestrar e supervisionar uma série de ataques terroristas, incluindo um atentado suicida em Shadmot Mechola em junho de 2003, um atentado suicida em Telavive em fevereiro de 2004 e um atentado suicida em Hadera em 2005, segundo o Times of Israel. No total, 13 pessoas foram mortas nos três ataques.Também devem ser libertados Muhammad Zakarneh, agente da Fatah responsável pelo ataque no qual morreu um taxista em 2009, e Muhammad Abu al-Rub, autor em 2017 de um ataque com faca.Além disso, Mahmoud Qawasmeh, um membro sénior do Hamas que foi libertado no acordo de troca pelo soldado Gilad Shalit, deportado para Gaza e posteriormente preso novamente durante a guerra em Gaza em 2024, também será libertado.Além dos presos de alta segurança, outros 1.700 detidos de Gaza, presos após o ataque do Hamas a7 de outubro de 2023, mas não envolvidos no mesmo, serão libertados e regressarão à Faixa de Gaza ou serão exilados no exterior.Os prisioneiros só devem ser libertados após um período de 72 horas, durante o qual todos os reféns, vivos e mortos, devem ser libertados.Apesar de os prazos ainda não serem totalmente claros, tudo aponta para que os reféns que ainda estão vivos comecem a ser libertados na segunda-feira (13 de outubro), esperando-se que o próprio Trump possa estar na região para os receber. .Cessar-fogo entra em vigor esta sexta-feira em Gaza e reféns devem ser libertados na segunda-feira. E depois?