Tropas israelitas já começaram a retirada de partes da Faixa de Gaza.
Tropas israelitas já começaram a retirada de partes da Faixa de Gaza.IDF

Cessar-fogo já está em vigor, mas Netanyahu ameaça retomar a guerra se exigências não forem atendidas

Primeira fase do plano de paz em 20 pontos apresentado pelo presidente dos EUA, Donald Trump já está em vigor. Hamas tem 72 horas para libertar reféns.
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As forças armadas de Israel (IDF, na sigla em inglês) anunciaram que o cessar-fogo em Gaza está em vigor desde as 12.00 locais (10.00 em Lisboa). "Desde o meio-dia, as tropas do exército israelita começaram a posicionar-se ao longo das (...) linhas de reafetação, em preparação para o acordo de cessar-fogo e o regresso dos reféns", lê-se num comunicado, segundo o qual "tropas do Comando Sul (...) continuarão a eliminar qualquer ameaça imediata."

Horas depois de o governo israelita ter ratificado o acordo com o Hamas, que permitiu o cessar-fogo na Faixa de Gaza, as tropas israelitas estavam esta manhã a retirar de algumas zonas do enclave palestiniano.

Num discurso ao país pouco depois da entrada em vigor do cessar-fogo, Benjamin Netanyahu agradeceu a Trump pela "enorme pressão diplomática" sobre o Hamas e ameaçou retomar a guerra se as exigências não forem atendidas "da maneira mais fácil". O primeiro-ministro israelita garantiu que, nas etapas seguintes do plano de paz em 20 pontos apresentado pelo presidente americano na semana passada, "o Hamas será desarmado e Gaza será desmilitarizada". E deixou a ameaça de um retorno implícito à guerra: "Se isso for alcançado da maneira fácil, ótimo. E se não for, será alcançado da maneira difícil".

Segundo a BBC, os militares israelitas já retiraram da periferia noroeste da cidade de Gaza e recuaram para leste. E a AFP noticiou que os veículos militares de Israel também estavam a sair de parte de Khan Yunis.

Um porta-voz do gabinete do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu disse que as tropas irão retirar-se até um ponto em que terão 53% do controlo da Faixa de Gaza, de acordo com o plano de Trump. O próprio presidente dos EUA anunciou nas redes sociais que as tropas de Israel irão retirar-se “para uma linha acordada”. Na semana passada, a Casa Branca divulgou um mapa com uma linha amarela que marcava as posições iniciais de retirada das forças israelitas. Na altura, foi referido que essa seria a primeira de três etapas da retirada.

A partir da entrada em vigor do cessar-fogo, começa então o prazo de 72 horas para o Hamas libertar os reféns (pelo menos os 20 que ainda estarão vivos, em 48 ainda no enclave), em troca de 250 presos palestinianos a servir penas de prisão perpétua e outros 1700 detidos desde os ataques de 7 de outubro de 2023. Nesse dia, um ataque do Hamas fez 1200 mortos em Israel e 251 pessoas foram feitas reféns e levadas para Gaza. A retaliação israelita começou nesse mesmo dia. Nestes dois anos, este é o terceiro período de trégua.

Israel, entretanto, divulgou a lista dos 250 palestinianos que vai libertar - destes, 15 vão para Jerusalém Oriental, 100 para a Cisjordânia e 135 serão deportados. A lista final, divulgada pelo Ministério da Justiça de Israel, sofreu alguns acertos de última hora, com os negociadores a aceitarem trocar 11 detidos ligados à Fatah por 11 ligados ao Hamas.

Embora o Hamas tenha exigido a libertação de Marwan Barghouti, preso por planear ataques terroristas durante a Segunda Intifada e condenado a cinco penas de prisão perpétua, este não está incluído na lista publicada. O líder da Frente Popular, Ahmad Sa'adat, bem como figuras importantes do Hamas, Ibrahim Hamed e Hassan Salameh, também não estão entre os nomes divulgados, apesar da pressão relatada por parte dos negociadores do Hamas.

Entre os que vão ser libertados está Iyad Abu al-Rub, comandante da Jihad Islâmica na área de Jenine, na Cisjordânia e responsável por orquestrar e supervisionar uma série de ataques terroristas, incluindo um atentado suicida em Shadmot Mechola em junho de 2003, um atentado suicida em Telavive em fevereiro de 2004 e um atentado suicida em Hadera em 2005, segundo o Times of Israel. No total, 13 pessoas foram mortas nos três ataques.

Também devem ser libertados Muhammad Zakarneh, agente da Fatah responsável pelo ataque no qual morreu um taxista em 2009, e Muhammad Abu al-Rub, autor em 2017 de um ataque com faca.

Além disso, Mahmoud Qawasmeh, um membro sénior do Hamas que foi libertado no acordo de troca pelo soldado Gilad Shalit, deportado para Gaza e posteriormente preso novamente durante a guerra em Gaza em 2024, também será libertado.

Além dos presos de alta segurança, outros 1.700 detidos de Gaza, presos após o ataque do Hamas a7 de outubro de 2023, mas não envolvidos no mesmo, serão libertados e regressarão à Faixa de Gaza ou serão exilados no exterior.

Os prisioneiros só devem ser libertados após um período de 72 horas, durante o qual todos os reféns, vivos e mortos, devem ser libertados.

Apesar de os prazos ainda não serem totalmente claros, tudo aponta para que os reféns que ainda estão vivos comecem a ser libertados na segunda-feira (13 de outubro), esperando-se que o próprio Trump possa estar na região para os receber. 

Tropas israelitas já começaram a retirada de partes da Faixa de Gaza.
Cessar-fogo entra em vigor esta sexta-feira em Gaza e reféns devem ser libertados na segunda-feira. E depois?

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