Cessar fogo em Gaza: 30 reféns por 300 prisioneiros palestinianos
O Egito, um dos principais mediadores no conflito de Gaza, confirmou que as negociações em Paris para uma trégua entre Israel e o Hamas "tiveram um resultado positivo" e estão "numa fase avançada", disseram hoje fontes egípcias à agência EFE.
"As conversações chegaram a um resultado positivo e a um ponto de encontro durante o qual será declarada uma trégua relativamente longa, de até seis semanas", disseram as fontes, que pediram para não ser identificadas.
O acordo inclui, numa primeira fase, a libertação de 30 reféns detidos pelo Hamas desde o ataque do grupo a Israel, em 7 de outubro, em troca de 300 prisioneiros palestinianos nas prisões israelitas.
"Além disso, nesta primeira fase, haverá um cessar-fogo completo e a retirada das forças israelitas de Gaza (...) depois seguir-se-ão outras fases (das negociações) até à libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas", acrescentaram.
Sublinharam também que durante esta primeira fase da trégua "as negociações abordarão questões como o futuro de Gaza, a solução de dois Estados e o relançamento das negociações de paz israelo-palestinianas".
As fontes atribuíram o "desenvolvimento positivo" às "concessões feitas pelos representantes do Hamas relativamente a muitas das suas exigências".
Meios de comunicação israelitas revelaram na sexta-feira "progressos significativos" nas conversações de Paris que envolveram representantes de Israel, dos Estados Unidos, do Egito e do Qatar, mas avisaram que ainda há um longo caminho a percorrer.
O conselheiro de segurança nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, confirmou à imprensa israelita no sábado que o gabinete de guerra de Israel será informado nas próximas horas sobre o que foi discutido em Paris e disse que também que "será possível fazer progressos".
Gabinete de guerra de Israel envia delegação ao Qatar
O gabinete de guerra de Israel decidiu no sábado à noite enviar uma delegação ao Qatar nos próximos dias para negociar indiretamente com o grupo islamita Hamas uma trégua na Faixa de Gaza e uma nova troca de reféns por prisioneiros palestinianos.
Os responsáveis israelitas estão "cautelosamente otimistas" quanto à possibilidade de um novo acordo sobre os reféns, segundo a imprensa hebraica, depois de os chefes dos serviços secretos israelitas, norte-americanos e egípcios, bem como os responsáveis do Qatar, se terem reunido no sábado em Paris, onde definiram os termos de um novo acordo.
O documento deve agora ser submetido à apreciação do Hamas, que até sábado à noite afirmou desconhecer os novos termos.
De acordo com a imprensa de Israel, o novo projeto prevê uma trégua de seis semanas e a libertação de cerca de 40 reféns em troca da libertação de entre 200 e 300 prisioneiros palestinianos, o que foi aprovado pelo Governo israelita.
Depois de o Hamas ter recusado um outro projeto de acordo alcançado em Paris no início de fevereiro, fontes israelitas afirmam que o diálogo foi retomado porque o grupo islamita renunciou a algumas das suas exigências "inaceitáveis" para Israel, como a cessação total das hostilidades e a retirada das suas tropas da Faixa de Gaza.
No entanto, a direção do Hamas afirma que não cedeu nestas exigências "fundamentais".
Entretanto, Israel continua determinado a lançar uma ofensiva terrestre em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza, onde vivem cerca de 1,5 milhões de pessoas, a maioria dos quais deslocadas, embora tal possa ser adiado se as negociações de tréguas, mediadas pelo Qatar, se concretizarem desta vez.
"Estamos a trabalhar para obter outro plano para a libertação dos nossos reféns, bem como para completar a eliminação dos batalhões do Hamas em Rafah. Foi por isso que enviei uma delegação a Paris e esta noite vamos discutir os próximos passos nas negociações", disse o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu na sua conta na rede social X, no sábado à noite.
Netanyahu disse que iria reunir novamente o governo esta semana para "aprovar os planos operacionais de ação em Rafah, incluindo a retirada da população civil".
"Só uma combinação de pressão militar e de negociações firmes conduzirá à libertação dos nossos reféns, à eliminação do Hamas e à realização de todos os objetivos da guerra", afirmou.
O gabinete de guerra já votou na quinta-feira à noite um documento com o plano israelita para o dia seguinte à guerra na Faixa de Gaza, que prevê o controlo de segurança israelita, uma espécie de ocupação militar semelhante à da Cisjordânia e a eliminação total da UNRWA.