A campa do político russo foi coberta de flores e com mensagens de apoiantes desde as primeiras horas da manhã deste domingo. Os moscovitas continuaram a chegar ao cemitério durante horas, apesar do frio de quase 10 graus negativos que se abateu sobre a capital russa."É uma perda irreparável. Quem me dera ter um filho como ele", disse à EFE um reformado russo, depois de prestar homenagem à memória do líder da oposição no cemitério de Borisovsky."Eu não tenho medo e tu também não", lia-se num cartaz junto à fotografia de Navalny, enquanto uma mensagem deixada por um dos apoiantes dizia "o tempo não cura as feridas, sentimos a tua falta".Um jovem que se deslocou ao cemitério Borisovsky desabafou: "Ele não está morto, foi assassinado".. Nas imediações do cemitério, um grande número de agentes da polícia foi visto, mas não impediu a cerimónia fúnebre, que decorreu sem incidentes.A morte de Navalny, aos 47 anos, continua a ser um trauma para os seus seguidores, que o viam como a única figura capaz de fazer frente ao Kremlin e liderar uma mudança democrática na Rússia.A opositora russa Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny, apelou aos seus apoiantes para que continuem a lutar por uma Rússia "livre e pacífica", num vídeo hoje divulgado pela sua equipa."Sabemos pelo que estamos a lutar: é possível uma Rússia livre, pacífica e bela no futuro, como sonhava Alexei. Vamos fazer tudo o que pudermos para que o seu sonho se torne realidade", afirmou Navalnaya..Antigos advogados de Navalny condenados a penas de prisão na Rússia. "Todos podem fazer alguma coisa: manifestar-se, escrever aos presos políticos, mudar a opinião das pessoas que vos são próximas, apoiarem-se mutuamente", explicou, apelando a que não haja dúvidas de que "o bem prevalecerá".Yulia Navalnaya, que assumiu as rédeas do movimento do falecido opositor, deverá participar num evento em Berlim ainda hoje, no âmbito das comemorações planeadas em vários países."Alexei inspira pessoas em todo o mundo. Elas compreendem que o nosso país não é só guerra, corrupção e repressão", afirmou no vídeo.Navalnaya acusou ainda Vladimir Putin de tentar "apagar o nome de Alexei da memória coletiva, esconder a verdade sobre o seu assassínio e forçar a população à resignação"."Mas ele não vai conseguir. A dor que sentimos torna-nos mais fortes e este ano mostrou-nos que somos mais fortes do que pensávamos", garantiu, apelando a que se siga o exemplo de "coragem", "sentido de humor" e capacidade de "amar verdadeiramente o país" do seu falecido marido.Carismático ativista anticorrupção e inimigo político número um de Vladimir Putin, Navalny foi declarado "extremista" pelos tribunais russos.Qualquer referência pública ao opositor ou à sua organização, o Fundo Anticorrupção (FBK), sem especificar que foram declarados "extremistas", expõe os infratores a penas severas.Esta ameaça continua em vigor, apesar da sua morte em circunstâncias obscuras, numa prisão do Ártico, em 16 de fevereiro de 2024. Os seus aliados afirmam que Navalny foi morto durante a detenção..Navalny: Amnistia Internacional exige a Moscovo "investigação completa". Família, oposição e as chancelarias ocidentais continuam a acusar o Presidente russo de estar por detrás do que aconteceu na penitenciária IK-3 na cidade ártica de Jarp (Yamalo-Nenets Autonomous Okrug).A versão oficial tornada pública em agosto passado é que Navalny - que tinha sido transferido dois meses antes para o Ártico - morreu de causas naturais, devido a uma arritmia. Outros afirmam que a longa permanência em celas de castigo foi o que matou o líder da oposição.Em sua defesa, Putin afirma que autorizou a troca do seu maior adversário, mas que este último morreu subitamente atrás das grades antes de a troca ser consumada.