Canadá e China alertam para riscos das tarifas de Trump

O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, preveniu ontem que o segundo mandato de Donald Trump vai ser mais difícil, porque a sua equipa "tem ideias mais claras" e que a ameaça das barreiras alfandegárias para o Canadá e o México é "séria", mas garantiu que se o republicano impuser tarifas alfandegárias, fará o mesmo..Trudeau, que a 30 de novembro se deslocou de forma inesperada a Mar-a-Lago para se reunir com Trump, afirmou ainda que a relação com a nova administração do republicano "vai ser um pouco mais difícil. Chegam com ideias claras do que querem fazer de forma imediata", referindo que a ameaça do presidente eleito aplicar de forma imediata 25% de taxa alfandegária ao Canadá e ao México tem de ser levada a sério, uma vez que seria "devastadora" para a economia canadiana.."Mas também representaria problemas reais para os seus cidadãos. Os EUA compram 65% do seu petróleo ao Canadá, grandes quantidades de eletricidade e todo o gás exportado pelo Canadá. Dependem do nosso aço e alumínio, bem como uma variedade de importações agrícolas", assinalou o líder canadiano, salientando que todos estes produtos ficariam mais caros para os consumidores norte-americanos..No final de novembro, Donald Trump garantiu que uma das suas primeiras ordens executivas depois de tomar posse será impor novas taxas sobre as importações vindas do México, Canadá e China, nomeadamente de 25% sobre os dois primeiros e uma “taxa extra de 10%, acima de quaisquer tarifas adicionais” aos produtos vindos de Pequim, como parte dos esforços para travar a imigração ilegal e o tráfico de droga. Os Estados Unidos são o maior importador de bens do mundo, sendo o México, a China e o Canadá os três principais fornecedores..O Canadá é um dos países mais dependentes do comércio no mundo, sendo que cerca de 75% das suas exportações têm como destino os Estados Unidos – os dois países são o maior parceiro comercial um do outro, com quase 2,5 mil milhões de euros em bens e serviços a cruzar a fronteira diariamente em 2023..Três dias depois das presidenciais norte-americanas, Justin Trudeau anunciou que iria voltar a reunir um comité especial sobre as relações com os Estados Unidos para discutir as preocupações do seu governo face a uma nova presidência de Donald Trump. Este comité será liderado pela vice-primeira-ministra e titular da pasta das Finanças, Chrystia Freeland, e contará com a participação dos ministros dos Negócios Estrangeiros, Segurança Pública e Indústria..Desde então, o primeiro-ministro canadiano também já disse publicamente não rejeitar a ideia de um futuro acordo comercial com os Estados Unidos que exclua o México, embora prefira o atual tratado trilateral, conhecido como T-MEC..O T-MEC, negociado e ratificado durante a primeira presidência de Trump para substituir o Acordo de Comércio Livre da América do Norte (NAFTA) original, incorpora uma revisão automática em 2026, o que poderá abrir a porta para a exclusão do México..Uma guerra sem vencedores.O presidente chinês abordou ontem também este assunto, advertindo que “não haverá vencedores” numa guerra comercial entre Pequim e Washington com o regresso de Donald Trump à Casa Branca - o seu primeiro mandato ficou marcado por uma guerra comercial com a China, que ele acusou de usurpação de propriedade intelectual e de outras práticas comerciais injustas.."As guerras tarifárias, as guerras comerciais e as guerras tecnológicas vão contra as tendências históricas e as regras económicas e não haverá vencedores", afirmou ontem Xi Jinping..Cerca de duas semanas depois das eleições americanas, Xi já tinha considerado um “retrocesso histórico” a ameaça de Trump de impor tarifas às importações chinesas, tal como aconteceu na sua primeira passagem pela Casa Branca. Enquanto isso, e ainda em novembro, Pequim decidiu prorrogar até 28 de fevereiro de 2025 a isenção de taxas alfandegárias sobre mais de uma centena de produtos provenientes dos Estados Unidos. No entanto, esta última renovação é significativamente mais curta do que a anterior: em abril, foi anunciado que ia prorrogar-se a isenção por seis meses e 29 dias, enquanto neste caso a duração será de dois meses e 27 dias. Este novo quadro permitirá a importação de produtos-chave como terras raras, minério de ouro ou alguns eletrodomésticos e produtos químicos sem taxas adicionais até ao final de fevereiro, pouco mais de um mês depois de Trump recuperar a presidência..No entanto, desde o primeiro mandato de Trump, a China reduziu a percentagem das suas exportações para os EUA, aligeirando potencialmente o impacto de um novo confronto comercial.

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