Bruxelas quer projetos pan-europeus de Defesa em grande escala
A Comissão Europeia vai pedir aos 27 Estados-membros para que cheguem rapidamente um entendimento sobre quais são as suas necessidades de Defesa mais prementes, com vista ao lançamento de “projetos emblemáticos pan-europeus em grande escala”, de acordo com um projeto do livro branco desta área noticiado esta quinta-feira pela Reuters. É esperado que a versão final do documento seja apresentada na próxima quarta-feira por Bruxelas.
A versão preliminar, segundo a Reuters, identifica ainda áreas onde a Europa apresenta “lacunas de capacidades”, como a defesa aérea e antimíssil, a artilharia, as munições e os mísseis, os drones, o transporte militar, a inteligência artificial, a guerra cibernética e a proteção de infraestruturas.
Lacunas que Bruxelas pretende ver colmatadas de “forma colaborativa”, o que “exigirá o desenvolvimento de projetos emblemáticos pan-europeus”, uma vez que “a escala, o custo e a complexidade da maioria dos projetos nestas áreas vão para além da capacidade individual dos Estados-membros”, pode ler-se no documento, que inclui também o plano de 800 mil milhões de euros para rearmar a Europa já apresentado por Ursula von der Leyen e que recebeu a aprovação dos 27 no Conselho Europeu de dia 6.
De notar ainda que, de acordo com a versão vista pela Reuters, a Europa assume que “não pode considerar como certa a garantia de segurança dos EUA e deve aumentar substancialmente a sua contribuição” para manter a força da NATO.
Na Alemanha, e na semana em que um relatório revelou que o exército enfrenta uma crise de efetivos e equipamentos, o líder da CDU e presumível futuro chanceler, Friedrich Merz, enfrentou esta quinta-feira um debate de mais de quatro horas no Parlamento sobre o seu projeto de alterar o limite do travão da dívida, previsto na Constituição, de forma a poder, entre outras coisas, aumentar os gastos de Berlim com a Defesa. Para isso, precisa do apoio de dois terços dos deputados, mas as objeções dos Verdes estão a impedir que as alterações sejam aprovadas. Haverá novo debate na terça-feira.
Em Espanha, o primeiro-ministro teve esta quinta-feira uma ronda de reuniões com os partidos representados no Congresso para discutir o aumento da despesa em Defesa. De fora ficou o partido de extrema-direita Vox, que não foi convidado. Pedro Sánchez já disse que pretende aumentar os gastos em Defesa até 2% do Produto Interno Bruto antes de 2029 - Espanha é o país da NATO com a percentagem do PIB mais baixa em gastos com a Defesa, 1,28%, segundo dados relativos a 2024.
No final do dia, o líder espanhol garantiu que “não vamos cortar um único cêntimo de euro na política social para cumprir o nosso compromisso com a Europa”. Sobre quanto representam os 2% do PIB que pretende atingir, Sánchez afirmou que é preciso esperar pelo valor final do PIB de 2024 “para conhecer o esforço que (...) implicará para os cidadãos”. Questionado sobre se este assunto será aprovado pelo governo ou pelo Congresso, Sánchez declarou que “todas as coisas que têm de passar pelo Parlamento passarão pelo Parlamento”, sem dar mais pormenores.