Brasil "abriu caminho" para parceria com Israel nos testes de spray nasal

Spray nasal contra a covid-19 está em desenvolvimento em Telavive e tem demonstrado ser "muito promissor no tratamento de casos graves de covid-19", referiu o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto.
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O Brasil "abriu caminho" para ser o "principal parceiro" de Israel na segunda e terceira fases dos testes de um spray nasal contra a covid-19, em desenvolvimento em Telavive, disseram fontes oficiais na terça-feira.

"Com o Ichilov [centro médico israelita], abrimos o caminho para que o Brasil seja o principal parceiro na 2ª e na 3ª fase dos testes do EXO-CD24 [spray nasal], bem como no desenvolvimento, aprimoramento e produção deste spray nasal que vem se mostrando muito promissor no tratamento de casos graves de covid-19", anunciou o assessor para assuntos internacionais do Palácio do Planalto, Filipe Martins, na rede social Twitter.

A delegação brasileira, chefiada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, encerrou na terça-feira uma viagem de três dias a Israel, com o intuito de negociar uma possível parceria para testar o spray nasal que está a ser desenvolvido em Telavive, mas que ainda não tem eficácia comprovada.

Desde o início da pandemia, o Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, tem promovido o uso de medicamentos sem comprovação científica contra o novo coronavírus, como a cloroquina. Contudo, nas últimas semanas, o chefe de Estado tem apostado neste inalador nasal israelita para combater a doença.

Destaquedestaque"A substância EXO-CD24 foi administrada a 30 pacientes cujas condições eram moderadas ou piores, e todos os 30 se recuperaram"

O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do Presidente e que também integrou a comitiva a Israel, indicou que o processo está a ser desenvolvido em acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, órgão regulador do Brasil), de forma a que o Brasil tenha "a mesma vanguarda que Israel no combate à pandemia".

O EXO-CD24 é um medicamento experimental para o cancro dos ovários, que apresentou resultados preliminares positivos em pacientes infetados com o novo coronavírus. Contudo, ainda não foi totalmente concluído nenhum estudo clínico sobre o fármaco.

Segundo o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) brasileiro, que disponibiliza informações de diversas fontes sobre investigações feitas em todo o mundo face à covid-19, os testes de fase 1 com o EXO-CD24 já foram concluídos.

"Um novo tratamento contra a covid-19, sendo desenvolvido no Centro Médico Ichilov de Tel Aviv (Israel), concluiu os testes de fase 1. O hospital anunciou que a substância EXO-CD24 foi administrada a 30 pacientes cujas condições eram moderadas ou piores, e todos os 30 se recuperaram - 29 deles em três a cinco dias. O medicamento combate a tempestade de citocinas, que se acredita ser responsável por muitas das mortes associadas à doença", indicou o INPI, num documento partilhado no mês passado.

Ainda segundo Filipe Martins, na visita a Israel foi assinada uma outra parceria semelhante, envolvendo o medicamento Allocetra e o desenvolvimento de vacinas, com o Instituto Hadassa. O fármaco em causa será testado em casos moderados e graves.

Já com o "Instituto Weizmann, será estabelecido um grupo de trabalho para a cooperação em mais de 65 linhas de investigação na área de combate à pandemia, incluindo tecnologias de testagem, de previsão de tendências na propagação do vírus, de medicamentos e de vacinas", acrescentou o assessor.

"Por fim, enquanto o Brasil se prepara para utilizar as vacinas da Pfizer pela 1ª vez, acordamos com o Governo israelita o compartilhamento de dados sobre o uso da vacina em Israel, com a finalidade de garantir maior segurança para os brasileiros que optarem por se vacinar", concluiu Martins.

Israel, que é líder mundial na vacinação contra a covid-19, não produz vacinas contra a Covid-19, mas está a administrar as da farmacêutica Pfizer.

O Brasil, com 212 milhões de habitantes e que vacinou cerca de 4% da sua população, concentra 268 370 mortes e 11 122 429 casos de infeção, sendo um dos três países mais afetados pelo novo coronavírus em todo o mundo.

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2 600 802 mortos no mundo, resultantes de mais de 117 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

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