Bolsonaro fica em silêncio durante interrogatório na polícia
Jair Bolsonaro ficou em silêncio durante o interrogatório, nesta quinta-feira, 22, em Brasília, dos investigadores da polícia federal, que apuram envolvimento do ex-presidente do Brasil numa suposta tentativa de golpe de Estado.
Fábio Wajngarten, advogado de Bolsonaro, disse que, além de se valer do direito a ficar em silêncio, a decisão do seu cliente foi estratégica “baseada no fato de que a defesa não teve acesso a todos os elementos por quais estão sendo imputados ao presidente a prática de certos delitos”.
Wajngarten, que antes de defender Bolsonaro foi assessor de comunicação do governo dele, havia pedido, por três vezes, o adiamento do depoimento de Bolsonaro por esse motivo mas ouviu sempre uma recusa de Alexandre de Moraes, o juiz relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele e os demais advogados dos supostos implicados na tentativa de golpe alegam que não tiveram acesso a todas as diligências e provas juntadas aos autos. Eles também solicitaram as medias digitais do ex-assessor da presidência Mauro Cid, cujo acordo de delação premiada firmado com a justiça é uma das bases da investigação.
A decisão do silêncio, entretanto, preserva ainda Bolsonaro do risco de entrar em contradição com outros investigados no caso.
Além dele, foram convocados a prestar depoimentos figuras como os ex-ministros Augusto Heleno (titular do Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (chefe Casa Civil e Defesa) e Paulo Sérgio Nogueira (Defesa), todos no mesmo horário, precisamente para verificar contradições em discursos e evitar combinações de versões entre partes.
Bolsonaro entrou na sede da polícia às 17.20, no horário de Lisboa e saiu 30 minutos depois.