Blinken promete apoio continuado e Zelensky pede urgência
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Blinken promete apoio continuado e Zelensky pede urgência

Visita a Kiev de secretário de Estado dos EUA dá-se em momento delicado, com Moscovo a anunciar avanços e a denunciar “nervosismo” da liderança ucraniana e seus aliados.
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O responsável pela diplomacia norte-americana visitou o Médio Oriente sete vezes desde os ataques do Hamas de 7 de outubro. O mesmo Antony Blinken deslocara-se três vezes à Ucrânia desde o início da invasão russa. A quarta viagem acontece num dos momentos mais delicados para Kiev, resultado de meses de racionamento de munições e a perdas de militares na sequência do impasse político nos EUA e da insuficiente assistência dos restantes parceiros, e com uma incursão terrestre russa na região de Kharkiv. O secretário de Estado dos EUA assegurou que o seu país irá estar ao lado da Ucrânia “até que a segurança, a soberania e a capacidade de escolher o seu próprio caminho estejam garantidas”. 

Blinken disse estar consciente do momento complicado que o país sob invasão atravessa, mas acredita que a assistência militar dos EUA “vai fazer uma verdadeira diferença contra a atual agressão russa no campo de batalha”. Segundo a Associated Press, que cita um funcionário que viajou com Blinken, Kiev já recebeu artilharia, intercetores de defesa aérea e mísseis balísticos de longo alcance, estando algum deste material nas linhas da frente.

O presidente Volodymyr Zelensky - que recebeu um telefonema do presidente francês Emmanuel Macron a condenar a intensificação dos ataques russos e a dar conta das próximas entregas de armamento “nos próximos dias e semanas” - agradeceu a ajuda, mas tal como já tinha referido numa mensagem de vídeo na noite anterior, esta tem de se materializar com urgência. Voltou a pedir mais sistemas de defesa aérea, “o maior défice” do país, e em específico disse que Kharkiv - cujo centro foi de novo atingido por ataques aéreos russos, ferindo pelo menos 20 pessoas - necessita de duas baterias Patriot. Há especialistas que duvidam da eficácia deste sistema na segunda maior cidade ucraniana, uma vez que está junto da fronteira e sujeita a ataques aéreos sem tempo de resposta útil. 

Moscovo aproveitou o momento em que tem a iniciativa para distribuir farpas. “Estamos cientes do nervosismo sentido não só em Kiev, mas nas capitais europeias e nos EUA, devido à operação militar especial em curso”, comentou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. O Ministério da Defesa russo disse ter capturado outra aldeia na região de Kharkiv, estando agora no controlo de até 150 quilómetros quadrados da região ucraniana.

O avanço deu-se durante a mudança de titular do Ministério da Defesa, uma mexida em que os observadores são unânimes em atribuir à ideia de Vladimir Putin apostar numa guerra a longo prazo. Andrei Belousov, o novo ministro, nas suas primeiras declarações no cargo, prestadas na Duma, introduziu uma novidade, ao reafirmar os objetivos da operação militar especial, mas “com o mínimo de perdas humanas”. Há um mês, o site russo Mediazona identificou mais de 50 mil soldados russos, mas com base em indemnizações às famílias, o número supera 85 mil. 

É neste contexto que o líder russo irá fazer a segunda visita à China no espaço de seis meses, na quinta-feira. Pequim disse que “o presidente Xi Jinping trocará impressões com o presidente Putin sobre os laços bilaterais, a cooperação em vários domínios e as questões internacionais e regionais de interesse comum” - enquanto do lado russo será mais uma ocasião para tentar obter mais apoio para o esforço de guerra. 

E ainda

Estónia pondera envio de tropas

O conselheiro de segurança nacional da Estónia disse ao site Breaking Defense que o executivo da Estónia está a ponderar “seriamente” a hipótese de enviar tropas para o oeste da Ucrânia. A ideia seria libertar recursos militares ucranianos ao assumir funções de retaguarda, como por exemplo tarefas de logística ou defesa aérea, disse Madis Roll.

Dança russa de cadeiras

Vladimir Putin nomeou o até agora secretário do Conselho de Segurança Nikolai Patrushev seu assessor para assuntos de construção naval. Patrushev, ex-diretor do FSB e um aliado de décadas do líder russo, cedeu o seu cargo ao ex-ministro da Defesa Sergei Shoigu, que por sua vez foi substituído pelo economista Andrei Belousov. Em compensação a esta aparente despromoção, o filho de Patrushev, Dmitri, ascendeu a vice-primeiro-ministro.

Pena confirmada a Kara-Murza

O Supremo Tribunal da Rússia confirmou a sentença de 25 anos de prisão do dissidente Vladimir Kara-Murza por traição e outras acusações, rejeitando um recurso dos advogados. Kara-Murza, de 42 anos, tem uma saúde frágil na sequência de dois envenenamentos e cumpre pena em regime de solitária numa prisão siberiana.

27 aprovam apoio a Kiev 

Os ministros das Finanças da União Europeia aprovaram o plano de reformas e de investimentos na Ucrânia até 2027, o qual prevê até 50 mil milhões de euros em apoios. A UE é o maior doador financeiro internacional da Ucrânia - 32 mil milhões de euros desde a invasão russa em 2022. O Conselho da UE anunciou também que a missão de aconselhamento e segurança civil na Ucrânia vai ser prolongada até 2027. Em paralelo, a UE prorrogou por mais um ano a isenção de tarifas aos produtos agrícolas ucranianos, embora com limitações nas quantidades de alguns (cereais, carne de aves, por exemplo). 

Scholz sem ilusões

O chanceler alemão mostrou não ter grandes ilusões em relação à cimeira da paz que vai decorrer daqui a um mês perto de Lucerna, na Suíça. “Na melhor das hipótese será o início do processo que poderá levar a conversações diretas entre a Ucrânia e a Rússia”, disse Olaf Scholz em entrevista.

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