O ataque desta quinta-feira de manhã contra um protesto sindical em Munique levado a cabo, segundo a polícia alemã, por um requerente de asilo afegão de 24 anos levou a um aumento do tom da retórica sobre a imigração numa campanha eleitoral que já estava a ser marcada por este tema. O jovem, que era conhecido das autoridades por crimes relacionados com drogas e furtos em lojas, foi detido depois de fazer pelo menos 28 feridos com o carro no qual seguia, alguns em estado grave. Ainda não foi determinado o motivo para o ataque, estando o caso a ser investigado pelo Gabinete Central de Combate ao Extremismo e ao Terrorismo da Procuradoria-Geral de Munique, mas parece não haver ligação com a Conferência de Segurança que começa esta sexta-feira nesta cidade da Baviera e na qual irão participar dezenas de dignatários, desde o vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, ao líder ucraniano Volodymyr Zelensky.Reagindo a este incidente, Friedrich Merz, líder da conservadora União Democrata Cristã (CDU) e potencial futuro chanceler após as eleições de dia 23, sublinhou que “algo tem de mudar na Alemanha”. “A segurança das pessoas na Alemanha será a nossa principal prioridade”, declarou Merz numa publicação no X, garantindo que “iremos aplicar a lei e a ordem de forma consistente”.Já o chanceler Olaf Scholz descreveu o incidente como “horrível”. “Do meu ponto de vista é bastante claro que este agressor não pode contar com nenhuma piedade, deve ser punido e deve deixar o país”, acrescentou o também candidato à reeleição pelo SPD, de centro-esquerda. A ministra do Interior, Nancy Faeser, prometeu “máxima firmeza”, notando que o suspeito era “mais uma vez um jovem do Afeganistão”, mas sublinhando que as leis sobre a deportação de criminosos violentos foram “massivamente reforçadas” e devem agora ser aplicadas. A Alternativa para a Alemanha (AfD), de extrema-direita, culpou as políticas de migração negligentes do governo, chamando a atenção para a nacionalidade do suspeito, com a líder do partido, Alice Weidel, a publicar no X: “Isto deveria durar para sempre? Reviravolta na migração agora!”.O incidente desta quinta-feira com o jovem requerente de asilo afegão é o terceiro num curto espaço de tempo em solo alemão em que os suspeitos são imigrantes - em dezembro, um saudita de 50 anos conduziu um camião contra um mercado de Natal em Magdeburgo, matando cinco pessoas e ferindo 200; há menos de um mês, um outro jovem afegão de 28 anos foi detido enquanto tentava fugir após atacar com uma faca um grupo de um jardim de infância num parque em Aschaffenburg (também na Baviera), fazendo dois mortos. O ataque em Aschaffenburg levou os partidos da oposição a acusarem o governo de Olaf Scholz de ser demasiado brando em questões de migração, tendo a CDU apresentado no Parlamento duas moções com políticas mais restritivas. Uma delas acabou por ser aprovada no dia 29 graças à AfD, o que causou uma polémica que tem marcado a campanha eleitoral desde então, com Merz a ser acusado de ter enfraquecido o “cordão sanitário” à extrema-direita. Na altura, o líder da CDU garantiu que “uma decisão correta não se torna errada só porque as pessoas erradas concordam”, mas tem vindo a garantir, desde então e por várias vezes, que não está disponível para cooperar com a AfD e que o seu objetivo é que “sejam outra vez pequenos”. Uma garantia que não lhe tem poupado críticas dos mais variados quadrantes políticos, incluindo do seu partido, pela voz da antiga chanceler Angela Merkel.