António Costa e Olaf Scholz encontraram-se em Berlim.
António Costa e Olaf Scholz encontraram-se em Berlim.EPA/FILIP SINGER

António Costa e Olaf Scholz defendem que guerra comercial com os EUA pode ser evitada com o diálogo

"Já temos guerras suficientes no mundo", disse o líder do Conselho Europeu, lembrando que direitos aduaneiros elevados implicam "novos impostos para os consumidores" e "dificuldades para as empresas".
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O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, condenaram as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA) à União Europeia (UE) e defenderam o diálogo como meio de prevenção da escalada da guerra comercial.

"Temos de evitar uma escalada" e Bruxelas "propõe uma resposta proporcionada e adequada à situação atual", que exige o "diálogo e a negociação com os Estados Unidos", defendeu esta quarta-feira António Costa em Berlim, numa conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão cessante, Olaf Scholz.

António Costa e Olaf Scholz encontraram-se em Berlim.
UE responde a taxas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio com "contramedidas fortes"

As taxas de 25% impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ao aço e ao alumínio entraram esta quarta-feira em vigor, marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais.

"Já temos guerras suficientes no mundo", continuou o responsável do Conselho Europeu, que sublinhou que os direitos aduaneiros elevados implicam "novos impostos para os consumidores" e "dificuldades para as empresas".

António Costa salientou ainda que "a Europa é uma potência comercial" e deve, por conseguinte, "aprofundar e multiplicar" as suas parcerias comerciais.

"De facto, o mundo olha para a Europa como um parceiro de confiança e previsível. Temos de aproveitar esta oportunidade. Precisamos de mais acordos comerciais e não de mais direitos aduaneiros. As tarifas só aumentam a inflação", afirmou o presidente do Conselho Europeu, antigo primeiro-ministro de Portugal.

Perante a entrada em vigor das taxas alfandegárias norte-americanas, a Comissão Europeia anunciou a imposição de direitos aduaneiros "fortes mas proporcionados" sobre vários produtos importados dos Estados Unidos a partir de 01 de abril.

A reação da UE contrasta com a de vários países, como a China, o Japão e o Reino Unido, que ainda não anunciaram quaisquer medidas sobre esta matéria.

O representante europeu apelou ao diálogo, como "uma boa maneira de resolver problemas e encontrar soluções".

"Nós estamos abertos", garantiu, frisando que, apesar da reação "firme" da UE, o bloco europeu não pretende a escalada do conflito.

"Reagimos com firmeza, mas não queremos que haja uma escalada. O importante é reduzir a escalada, falar e resolver os problemas e avançar como bons parceiros", acrescentou.

O chanceler alemão condenou, por sua vez, as "decisões erradas" dos Estados Unidos em matéria de direitos aduaneiros.

"Considero que as decisões aduaneiras dos Estados Unidos são erradas e vamos responder de forma adequada e rápida", afirmou o chanceler cessante na mesma conferência de imprensa conjunta.

Scholz recordou também que a globalização depende do levantamento das barreiras comerciais.

"Isto é, evidentemente, o oposto do que estamos a ouvir dos EUA neste momento. Surpreendente, aliás, porque grande parte das regras de comércio livre estão enraizadas nas opiniões e atividades políticas dos EUA", afirmou o chanceler alemão.

O objetivo declarado da Casa Branca (Presidência) sobre o aumento dos direitos aduaneiros passa pela proteção da indústria siderúrgica norte-americana, que tem sofrido uma queda na sua produção ano após ano, face à concorrência cada vez mais acentuada nesta área, nomeadamente da Ásia.

Donald Trump já havia imposto taxas às importações de aço e alumínio durante o seu primeiro mandato (2017-2021).

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