O chanceler alemão, Olaf Scholz, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, condenaram as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos (EUA) à União Europeia (UE) e defenderam o diálogo como meio de prevenção da escalada da guerra comercial."Temos de evitar uma escalada" e Bruxelas "propõe uma resposta proporcionada e adequada à situação atual", que exige o "diálogo e a negociação com os Estados Unidos", defendeu esta quarta-feira António Costa em Berlim, numa conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão cessante, Olaf Scholz..UE responde a taxas impostas pelos EUA sobre aço e alumínio com "contramedidas fortes".As taxas de 25% impostas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, ao aço e ao alumínio entraram esta quarta-feira em vigor, marcando uma nova etapa na guerra comercial entre os Estados Unidos e os principais parceiros comerciais."Já temos guerras suficientes no mundo", continuou o responsável do Conselho Europeu, que sublinhou que os direitos aduaneiros elevados implicam "novos impostos para os consumidores" e "dificuldades para as empresas".António Costa salientou ainda que "a Europa é uma potência comercial" e deve, por conseguinte, "aprofundar e multiplicar" as suas parcerias comerciais."De facto, o mundo olha para a Europa como um parceiro de confiança e previsível. Temos de aproveitar esta oportunidade. Precisamos de mais acordos comerciais e não de mais direitos aduaneiros. As tarifas só aumentam a inflação", afirmou o presidente do Conselho Europeu, antigo primeiro-ministro de Portugal.Perante a entrada em vigor das taxas alfandegárias norte-americanas, a Comissão Europeia anunciou a imposição de direitos aduaneiros "fortes mas proporcionados" sobre vários produtos importados dos Estados Unidos a partir de 01 de abril.A reação da UE contrasta com a de vários países, como a China, o Japão e o Reino Unido, que ainda não anunciaram quaisquer medidas sobre esta matéria.O representante europeu apelou ao diálogo, como "uma boa maneira de resolver problemas e encontrar soluções"."Nós estamos abertos", garantiu, frisando que, apesar da reação "firme" da UE, o bloco europeu não pretende a escalada do conflito."Reagimos com firmeza, mas não queremos que haja uma escalada. O importante é reduzir a escalada, falar e resolver os problemas e avançar como bons parceiros", acrescentou.O chanceler alemão condenou, por sua vez, as "decisões erradas" dos Estados Unidos em matéria de direitos aduaneiros."Considero que as decisões aduaneiras dos Estados Unidos são erradas e vamos responder de forma adequada e rápida", afirmou o chanceler cessante na mesma conferência de imprensa conjunta.Scholz recordou também que a globalização depende do levantamento das barreiras comerciais."Isto é, evidentemente, o oposto do que estamos a ouvir dos EUA neste momento. Surpreendente, aliás, porque grande parte das regras de comércio livre estão enraizadas nas opiniões e atividades políticas dos EUA", afirmou o chanceler alemão.O objetivo declarado da Casa Branca (Presidência) sobre o aumento dos direitos aduaneiros passa pela proteção da indústria siderúrgica norte-americana, que tem sofrido uma queda na sua produção ano após ano, face à concorrência cada vez mais acentuada nesta área, nomeadamente da Ásia.Donald Trump já havia imposto taxas às importações de aço e alumínio durante o seu primeiro mandato (2017-2021).