O líder da CDU e provável próximo chanceler alemão afirmou esta terça-feira que as negociações para uma “grande coligação” com os sociais-democratas do SPD já “começaram” e disse esperar que as mesmas se “intensifiquem nos próximos dias”. Friedrich Merz, que se encontrou esta terça-feira com o ainda chanceler Olaf Scholz, voltou também a referir que pretende ter o governo formado até à Páscoa.“A situação global está a mudar dramaticamente de dia para dia, o que requer um governo alemão capaz”, explicou Merz, justificando esta urgência com o facto de considerar que há temas como a segurança, imigração e economia, que não podem esperar. O conservador referiu ainda estar confiante de que a CDU pode alcançar um “bom acordo de coligação” com o SPD num “curto espaço de tempo”.Segundo os media alemães, a equipa de negociação da CDU será liderada por Merz, apoiado por Markus Söder, líder da União Social Cristã (CSU), o partido irmão na Baviera, enquanto que do lado dos sociais-democratas as conversações serão encabeçadas pelo seu copresidente, Lars Klingbeil, assim que este for eleito líder do grupo parlamentar do SPD, o que deverá acontecer esta quarta-feira. De fora das negociações fica Olaf Scholz, que anunciou que se limitará a liderar o governo até que seja confirmado o nome do seu sucessor e que, depois disso, assumirá o seu cargo de deputado no Bundestag.Lars Klingbeil fez saber esta terça-feira que o SPD só assumirá uma coligação com a CDU se os seus cerca de 360 mil militantes votarem a favor do acordo, garantido que serão eles a “ter a palavra final”. Segundo o Süddeutsche Zeitung, esta auscultação aos militantes deverá demorar cerca de duas semanas, o que poderá atrapalhar o calendário estabelecido por Merz para ter o governo formado.Na segunda-feira à noite, o colíder dos sociais-democratas já havia dito que o SPD “nunca se esquivará” ao seu dever quando for chamado a governar o país, mas que não poderiam ser considerados culpados se as negociações se prolongarem, cabendo à CDU, como parte vencedora, garantir que tal não acontece.“Não é segredo que Merz aprofundou o conflito com o SPD nas últimas semanas”, afirmou ainda Klingbeil, referindo-se ao debate parlamentar no qual a CDU apresentou uma série de propostas para restringir a imigração. Este culminou com uma moção não-vinculativa dos conservadores a ser aprovada graças ao apoio da AfD, abrindo uma discussão sobre o cordão sanitário à extrema-direita. Nesse sentido, Klingbeil afirmou que o SPD vai exigir que a CDU garanta que “fronteiras claras contra a AfD”.