Alemanha, França e Reino Unido enviaram uma carta ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a desencadear o processo de 30 dias que permitirá repor automaticamente as sanções contra o Irão, que tinham sido suspensas após a negociação do acordo nuclear de 2015. Os três países, conhecidos como E3, confirmaram o recurso ao chamado mecanismo de snapback previsto nesse acordo antes de, em meados de outubro, terminar o prazo para o fazerem. Consideram que o Irão “está em incumprimento significativo dos seus compromissos” do acordo.“Os E3 estão empenhados em utilizar todas as ferramentas diplomáticas disponíveis para garantir que o Irão nunca desenvolva uma arma nuclear. Isto inclui a nossa decisão de acionar hoje o mecanismo de snapback através desta notificação”, indicaram na carta, a que a Reuters teve acesso. “O compromisso dos E3 com uma solução diplomática mantém-se firme. Os E3 farão pleno uso do período de 30 dias após a notificação para resolver a questão na sua origem”, acrescentaram.No mês passado, os três países tinham ameaçado usar o mecanismo se os iranianos não cumprissem três condições (que ainda estarão em cima da mesa): o retomar das negociações com os EUA sobre o programa nuclear (depois de os norte-americanos terem bombardeado as principais instalações nucleares do país); permitir o regresso dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) às instalações nucleares; e explicar o que foi feito dos 400 quilos de urânio enriquecido a pelo menos 60% que esta agência diz que tinha antes dos ataques.O chefe da diplomacia do Irão, Abbas Araghchi, rejeitou a ação do E3 como “injustificada, ilegal e sem qualquer base legal”. E garantiu que Teerão “responderá apropriadamente” de forma a “proteger e assegurar os seus direitos e interesses nacionais”, acrescentando que espera que os países europeus “corrijam adequadamente esta ação errada nos próximos dias”..Estará o mundo às portas de uma nova corrida às armas nucleares? .O mecanismo de snapback foi criado para permitir o retomar rápido das sanções que existiam antes do acordo de 2015, contornando qualquer possibilidade de veto da parte dos membros permanentes do Conselho de Segurança. O processo começa com o envio da carta a dizer que Teerão não está a cumprir o acordo, abrindo-se um prazo de 30 dias para ser aprovada uma nova resolução a travar o retomar das sanções. Isso não vai acontecer, porque EUA (que perderam o direito a usar o mecanismo depois de saírem do acordo em 2018), Reino Unido e França usariam o direito de veto, o que significa que as sanções que existiam antes voltam a ser aplicadas.