“Qualquer pessoa que desafie a NATO deve saber que estamos preparados. Qualquer pessoa que ameace um aliado deve saber que toda a aliança defenderá em conjunto cada centímetro do território da NATO”. A garantia foi dada esta quinta-feira pelo chanceler alemão, Friedrich Merz, em Vilnius, numa cerimónia que marca o estabelecimento da primeira brigada militar permanente da Alemanha no estrangeiro desde a Segunda Guerra Mundial e que foi criada em resposta à invasão russa da Ucrânia.A nova 45.ª Brigada Blindada vai ficar estacionada em Rudninkai, perto da capital lituana, estando já no local cerca de 400 militares alemães. Quando estiver totalmente operacional, no final de 2027, será composta por 4.800 soldados, 200 funcionários civis e 2.000 veículos, incluindo dezenas de tanques. Este destacamento histórico para a Alemanha tem como objetivo proteger o flanco leste da Europa, mas também da NATO, reforçando a defesa da Lituânia e das outras duas repúblicas bálticas, a Estónia e a Letónia, todos membros da União Europeia e da Aliança Atlântica - os três países estão ligados ao resto da NATO e da UE pelo Corredor Suwalki (uma pequena área de 100 quilómetros que liga a Polónia à Lituânia) e são considerados uma das regiões mais vulneráveis a um ataque russo. “Proteger Vilnius é proteger Berlim”, referiu Merz, acrescentando que “apoiamos firmemente a Ucrânia, mas também nos mantemos unidos como europeus no seu todo e jogamos, sempre que possível, como uma equipa com os EUA.” A Finlândia, país que aderiu à NATO depois da invasão da Ucrânia e que tem 1344 quilómetros paralelos à Rússia, completou esta semana os primeiros 35 quilómetros de uma cerca de 4,5 metros de altura que está a construir na sua fronteira com o território russo. No total, esta vedação terá uma extensão de 200 quilómetros e é uma resposta ao fluxo de migrantes via Rússia ocorrido há dois anos e que Helsínquia acredita ter sido arquitetado pelo Kremlin. Ao mesmo tempo, o major-general Sami Nurmi, chefe de estratégia das forças de defesa finlandesas, disse esta quinta-feira ao The Guardian que Helsínquia está a “preparar-se para o pior”, esperando que a Rússia aumente ainda mais as suas tropas ao longo da fronteira partilhada quando a guerra na Ucrânia terminar, havendo relatos de que Moscovo está já a reforçar as suas bases militares perto da fronteira da NATO.No que diz respeito a um possível fim da guerra na Ucrânia, o Kremlin garantiu esta quinta-feira que “ainda não foram acordadas” novas rondas de negociação com Kiev, contrariando as notícias de que delegações das duas partes iriam encontrar-se em breve no Vaticano.O chanceler alemão referiu-se esta quinta-feira também à próxima Cimeira da NATO, marcada para os dias 24 e 25 de junho em Haia, afirmando que a aliança deve “reforçar de forma sustentável as capacidades de defesa europeias e a nossa indústria de defesa deve expandir as suas capacidades, tem de produzir mais para a Europa e produzir mais na Europa”. Um objetivo que passa por um maior investimento em Defesa dos países europeus da NATO, como pretende o presidente dos Estados Unidos - de recordar que Donald Trump defende uma meta de 5% do Produto Interno Bruto de cada país, sendo que a atual margem de 2% ainda não é cumprida por todos -, mas também pelo programa ReArmar a Europa, apresentado este ano pela Comissão Europeia. Da parte da Alemanha, Merz reafirmou esta quinta-feira o compromisso de modernizar o exército do país, depois de em março o parlamento ter afrouxado o travão constitucional da dívida para financiar um aumento das despesas com a Defesa. De acordo com as projeções da NATO, Berlim terá investido 2,12% do seu PIB em Defesa no ano passado, sendo que Merz apontou ontem que deverão chegar aos 5% em 2032. “O nosso objetivo é fornecer no futuro todos os meios financeiros necessários para que a Bundeswehr [defesa federal] se torne no exército convencional mais forte da Europa”, disse Merz.