Central nuclear de Zaporijia, a maior da Europa
Central nuclear de Zaporijia, a maior da EuropaEPA/SERGEI ILNITSKY

Agência nuclear denuncia aumento dos ataques à central de Zaporijia

Diretor-geral da AIEA disse que "a situação não tem precedentes, uma vez que a maior central da Europa se encontra no epicentro de ações militares".
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O diretor-geral da Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA), Rafael Grossi, denunciou esta sexta-feira um aumento dos ataques à central nuclear ucraniana de Zaporijia, a maior da Europa e sob controlo militar russo desde 2022.

"O número de ataques à central de Zaporijia está a aumentar. Falamos sobre isso em cada um dos nossos relatórios", disse Grossi no final de conversações em Moscovo com o chefe da agência nuclear russa Rosatom, Andrei Likhachev.

Grossi, que visitou a Ucrânia durante a semana, disse que "a situação não tem precedentes, uma vez que a maior central da Europa se encontra no epicentro de ações militares", de acordo com a imprensa russa, citada pela agência espanhola EFE.

O diplomata argentino referiu que os esforços da AIEA se destinam "a evitar um incidente nuclear com consequências graves".

Disse também que a agência especializada da ONU continuará a trabalhar para "garantir a estabilidade" da central de Zaporijia.

Quanto aos responsáveis pelos ataques, disse que os pequenos fragmentos de plástico e de madeira provenientes dos 'drones' envolvidos não permitem determinar a origem dos engenhos.

"No entanto, gostaria de assegurar que esta questão está a ser tratada por mim ao mais alto nível em consultas internacionais", acrescentou.

A Rússia tem apelado constantemente a Grossi para que reconheça que os ataques têm origem na Ucrânia e que Kiev está a pôr em perigo as centrais nucleares.

Likhachov avisou que "o risco de ataques do exército ucraniano está a aumentar, o que se verifica no número de 'drones' e 'rockets' abatidos, e também no número de projéteis que atingem o território da central, o que é motivo de preocupação".

Disse que informou Grossi sobre as medidas adotadas pelo lado russo para garantir a segurança nuclear da central de Zaporijia, que foi tomada pelas tropas russas no início da guerra com a Ucrânia, há quase três anos.

Likhachov abordou igualmente a situação em torno da central de Kursk, parcialmente ocupada pelo exército ucraniano, e da central de Smolensk, também em território russo.

Durante a reunião, que teve lugar no museu "Atom" do VDNJ (o principal centro de exposições do país), foi também discutida a rotação dos inspetores da AIEA.

A Rússia decidiu suspender a rotação, argumentando que a AIEA propôs alterações de última hora que colocavam os seus funcionários em sério risco.

Ambas as partes autorizaram a presença de inspetores na central nuclear, mas Kiev exige que estes cheguem às instalações através do território ucraniano, o que implica atravessar a linha da frente.

A Ucrânia tem 15 reatores nucleares operacionais em quatro centrais que produzem cerca de metade da eletricidade do país, segundo a Associação Nuclear Mundial, numa atualização referente a dezembro de 2024.

A Ucrânia sofreu o pior acidente nuclear de sempre em 1986, na central de Chernobyl, quando ainda integrava a União Soviética.

Chernobyl tem três reatores desativados e os destroços do que sofreu o acidente foram selados com um sarcófago.

A guerra em curso foi desencadeada pela invasão russa da Ucrânia ordenada em fevereiro de 2022 pelo Presidente Vladimir Putin para "desmilitarizar e desnazificar" o país vizinho.

Desconhece-se o número de vítimas civis e militares em quase três anos de combates, mas diversas fontes, incluindo a Organização das Nações Unidas, têm admitido que será elevado.

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