21 crianças morreram de fome em Gaza nas últimas 72 horas
EPA/HAITHAM IMAD

21 crianças morreram de fome em Gaza nas últimas 72 horas

Diretor do hospital Al-Shifa avança que há 900 mil menores com fome na região e 70 mil crianças sofrem atualmente de subnutrição.
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O diretor do hospital Al-Shifa, um dos maiores da Faixa de Gaza, afirmou esta terça-feira, 22 de julho, que 21 crianças morreram de subnutrição e fome nas últimas 72 horas no enclave, avançando ainda que há 900 mil menores com fome na região.

Em declarações feitas à televisão pública britânica BBC, Mohammed Abu Salmiya, diretor do Al-Shifa – que já foi o hospital central da Faixa de Gaza –, acrescentou que 70 mil crianças sofrem atualmente de subnutrição, o que significa que não ingerem nutrientes suficientes para suportar as necessidades dos seus corpos.

O médico alertou para o número alarmante de mortes e lembrou que os riscos aumentam no caso dos doentes diabéticos e renais.

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Além destes números avançados por Mohammed Abu Salmiya, o Ministério da Saúde do enclave, tutelado pelo grupo islamita Hamas, mas cujos números são considerados fiáveis pela ONU, afirmou que outras 15 pessoas em Gaza morreram de fome e subnutrição no último dia.

Isto eleva o total de mortes para 101, segundo o ministério, incluindo 80 crianças.

Na última sexta-feira, a organização não-governamental (ONG) Médicos Sem Fronteiras (MSF) avisou que a subnutrição aguda em Gaza atingiu “níveis históricos”, sublinhando que grande parte dos afetados são crianças ou grávidas e lactantes.

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A organização sublinhou que uma grande parte dos doentes atendidos nas suas clínicas ainda operacionais no enclave são crianças, especificando que um em cada três tem entre 6 meses e 2 anos de idade.

“Esta é a primeira vez que assistimos a uma escala tão grave de casos de subnutrição em Gaza”, disse na altura o coordenador médico adjunto da MSF na Faixa de Gaza, Mohamed Abu Mughaisib.

Para a MSF, a subnutrição em Gaza é o resultado de “decisões deliberadas e calculadas” das autoridades israelitas, incluindo a limitação da ingestão de alimentos “ao mínimo necessário para a sobrevivência” e a “militarização dos canais de distribuição”.

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A guerra em curso em Gaza foi desencadeada pelos ataques liderados pelo grupo extremista palestiniano Hamas em 07 de outubro de 2023 no sul de Israel, que causaram cerca de 1.200 mortos e mais de duas centenas de reféns.

A retaliação de Israel já provocou mais de 59 mil mortos, a destruição de quase todas as infraestruturas de Gaza e a deslocação forçada de centenas de milhares de pessoas.

Israel também impôs um bloqueio de bens essenciais a Gaza, como alimentos, água potável, medicação e combustível e, depois de muitos apelos para que abrisse portas à ajuda humanitária, permitiu apenas que uma entidade controlada pelo país, e apoiada pelos Estados Unidos, distribua alimentos no terreno.

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Essa distribuição é considerada por várias ONG e pela ONU como insuficiente e tem sido marcada por episódios de desespero, caos e de violência por parte das forças israelitas. Mais de mil pessoas foram mortas e vários outros milhares sofreram ferimentos enquanto tentavam obter comida.

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