16 mortos em ataques israelitas em várias zonas da Faixa de Gaza
A Defesa Civil da Faixa de Gaza anunciou esta sexta-feira a morte de 16 pessoas em ataques israelitas em diversas áreas do território palestiniano.
O número de mortos em "ataques israelitas em várias áreas da Faixa de Gaza desde a meia-noite chega a 16", disse à Agência France Presse (AFP) Mohammed al-Moughayir, funcionário da organização.
O responsável também mencionou a existência de "dezenas de feridos" na sequência dos ataques, que atingiram casas no centro e no sul da Faixa de Gaza.
As equipas de resgate da Defesa Civil, juntamente com cidadãos de Gaza, disseram que retiraram nove corpos dos escombros da casa da família Darmona em Jabalia (norte), que foi bombardeada na quinta-feira por Israel e que deixou mais de 50 pessoas subterradas, informaram a Defesa Civil e jornalistas no local.
Israel retomou os bombardeamentos em 18 de março, depois de terem fracassado as negociações indiretas com o movimento islâmico palestiniano Hamas para dois meses de trégua.
As autoridades israelitas, sob pressão internacional, anunciaram esta semana um recomeço limitado da ajuda humanitária, que estava totalmente bloqueada há mais de dois meses.
Na quinta-feira, o porta-voz do secretário-geral da ONU alertou que a ajuda humanitária autorizada nos últimos dias "nem sequer chega perto de cobrir a escala e o volume das necessidades".
O porta-voz de António Guterres referia-se a menos de cem camiões que entraram na quarta-feira no enclave palestiniano, ao fim de mais de dois meses de bloqueio, mas que são insuficientes para fazer face ao risco de fome de mais de dois milhões de habitantes.
Apesar do abastecimento de farinha de trigo e de outros bens, que permitiu a reabertura de "algumas padarias", segundo o Programa Alimentar Mundial (PAM), Stéphane Dujarric observou que não entram no território alimentos frescos, produtos de higiene, de purificação de água e combustível para hospitais há 80 dias.
O porta-voz de Guterres referiu-se também a um "pequeno número" dos cerca de 90 camiões da ONU intercetado por residentes ameaçados pela fome.
"Um pequeno número de camiões que transportavam farinha foi intercetado pelos habitantes locais e a sua carga foi removida", descreveu Stéphane Dujarric.
"Tanto quanto sei, este não foi um ato criminoso envolvendo homens armados. Foi o que por vezes descrevi como autodistribuição, o que reflete o elevado nível de ansiedade entre os residentes de Gaza que não sabem quando ocorrerá a próxima entrega de ajuda humanitária", esclareceu.
Na quarta-feira, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse ser preciso "evitar uma crise humanitária" para manter "a liberdade operacional de ação" do Exército e conter a vaga de condenação internacional que tem sido ouvida nos últimos dias.
Segundo Stéphane Dujarric, Israel ainda não concordou com um mecanismo regular de entrada humanitária que possa garantir um fluxo constante, observando que tudo é negociado diariamente.
Desde que anunciou no domingo a autorização de ajuda, Israel indicou que cerca de 200 camiões entraram até quarta-feira no território, embora a ONU indique que apenas 90 conseguiram partir da passagem fronteiriça de Kerem Shalom.
Depois de as forças israelitas terem quebrado uma trégua de dois meses, a 18 de março, o Governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu anunciou, no início de maio, um plano de conquista de Gaza, à custa da deslocação interna da maioria dos seus 2,4 milhões de habitantes.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas a Israel em 07 de outubro de 2023, que resultou na morte de 1.218 pessoas do lado israelita, a maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais.
Das 251 pessoas sequestradas, 57 ainda estão na posse do Hamas, em Gaza, e 34 foram declaradas mortas pelo exército.
As represálias israelitas fizeram pelo menos 53.762 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde do Hamas, considerados fiáveis pela ONU.
Alegando querer obrigar o Hamas a libertar os reféns raptados durante o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel, em 07 de outubro de 2023, Israel bloqueou igualmente toda a ajuda a Gaza, a 02 de março, acusando o Hamas de a desviar, o que este nega.