Apesar das críticas que se fizeram ouvir quase de imediato ao acordo anunciado entre a Comissão Europeia e os Estados Unidos no que respeita à imposição de taxas aduaneiras, a generalidade dos governos dos 27 optaram por saudar que se tenha evitado uma guerra comercial ao aceitar os 15% a que a maioria dos produtos europeus serão taxados à entrada dos EUA.A reação do ministro da Economia e Finanças grego resume o sentimento na maioria das capitais europeias: “O governo grego preferia uma taxa aduaneira mais baixa, idealmente de zero, para todo o comércio transatlântico. Por outro lado a taxa anunciada é mais baixa do que aquela agendada para entrar em vigor no dia 1 de agosto”, disse Kyriakos Pierrakakis. Outro argumento repetido até à exaustão é o de que, sendo o “acordo possível” - palavras da presidente da Comissão Ursula von der Leyen - este acaba com a imprevisibilidade. O chefe do governo irlandês Micheál Martin, por exemplo, saudou a “nova era de estabilidade” originada pelo entendimento obtido no domingo no salão de baile da estância de golfe de Turnberry, Escócia, propriedade de Donald Trump. Na mesma senda reagiu o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, ao considerar que o acordo “traz previsibilidade e estabilidade, vitais para as empresas portuguesas e a economia”. .“É claro que seria melhor não haver tarifas, mas este acordo proporciona mais clareza para as nossas empresas e traz mais estabilidade ao mercado.”Dick Schoof, PM dos Países Baixos. “Direitos aduaneiros: um acordo amargo para a UE” é o título do editorial do Le Monde, jornal francês que aponta o dedo a dois países em particular pelo facto de a Comissão não ter seguido uma linha de negociações mais dura: a Alemanha e a Itália. Em Berlim, apesar das críticas do setor industrial em geral (Federação das Indústrias da Alemanha) e também do setor automóvel, o chanceler alemão de pronto considerou “positivo que a Europa e os EUA tenham chegado a um acordo, evitando assim uma escalada desnecessária nas relações comerciais transatlânticas”. Em comunicado, Friedrich Merz realçou que o desacordo teria “afetado gravemente a economia alemã, orientada para a exportação”. Quanto à chefe do governo italiano, Giorgia Meloni classificou de “positivo” o facto de se ter chegado a acordo, e disse que a taxa de 15% é “sustentável”, embora tenha avisado que não estava em condições de ajuizar sobre um tema do qual não tem pormenores - os quais vão continuar a ser negociados. Numa declaração conjunta com os parceiros de coligação da direita e extrema-direita, Antonio Tajani e Matteo Salvini, Meloni disse estar pronta para tomar medidas de apoio ao nível nacional, mas também para pedir “que sejam ativadas a nível europeu para os setores particularmente afetados pelas medidas tarifárias dos EUA”..“Aprecio o esforço da Comissão Europeia e a atitude negocial e construtiva da presidente e apoio este acordo comercial, mas faço-o sem qualquer entusiasmo.”Pedro Sánchez, PM de Espanha.Se o socialista espanhol Pedro Sánchez se mostrou solidário com Bruxelas, mas “sem entusiasmo” pelo alcançado, o centrista francês François Bayrou não escondeu a deceção pelo acordo. "É um dia sombrio aquele em que uma aliança de povos livres, reunidos para afirmar os seus valores e defender os seus interesses, decide submeter-se." Foi secundado por dois ministros (dos Assuntos Europeus, Benjamin Haddad, e do Comércio Externo, Laurent Saint-Martin), tendo ambos dito que o acordo é “desequilibrado”. Disse Haddad: “Sejamos claros: a situação atual não é satisfatória e não pode ser sustentável.”A reação menos diplomática pertenceu ao líder húngaro, aliado de Trump e crítico de Bruxelas. “Isto não é um acordo. Donald Trump comeu von der Leyen ao pequeno-almoço. Já se suspeitava, porque o presidente dos EUA é um peso-pesado das negociações enquanto a senhora presidente é um peso-pluma”, comentou Viktor Orbán..Tarifas EUA. Acordo é “essencial para a previsibilidade” das empresas, afirma ministério da Economia.Tarifas: CIP vê com “relativo alívio” acordo entre UE e EUA mas deixa alerta