exclusivo
27 AGO 2019
27 agosto 2019 às 00h07

Partidos parlamentares contam gastar 7,4 milhões na campanha

A despesa total prevista pelos partidos parlamentares para a próxima campanha baixa 27% face ao que gastaram em 2015. Só Bloco e PAN aumentaram os orçamentos.

João Pedro Henriques, Miguel Marujo e Paulo Ribeiro Pinto

A Entidade das Contas e Financiamentos Políticos (ECFP) já tem em sua posse os orçamentos com as despesas previstas pelos partidos para a campanha das eleições legislativas. O prazo terminou ontem.

O partido que mais prevê poupar - face a 2015 - é o PSD. No total, uma redução de 43,45% nos gastos, passando estes dos 3,6 milhões de há quatro anos para pouco mais de dois milhões de euros, agora (ver quadro global no fim do texto).

Em 2015, o PSD e o CDS avançaram coligados (menos nos Açores e na Madeira) mas estabeleceram entre si um ratio de peso relativo nas despesas de cada um dos partidos de 77% (para o PSD) contra 23% (CDS). Ou seja: o PSD orçamentou nesse ato eleitoral 2,3 milhões de euros mas acabou por gastar 3,6 milhões - um desvio de quase 55%.

Rio corta nas agências de comunicação e sondagens

Agora, no PSD, a ordem é de cortar fortemente na despesa. E um dos cortes mais significativos será na rubrica relativa aos consumos com "conceção da campanha, agências de comunicação e estudos de mercado". Há quatro anos, o PSD gastou quase um milhão de euros nessa despesa. Agora, Rui Rio reduz esse valor para quase dez vezes menos (150 mil euros).

Também o CDS teve uma fatura bem diferente do valor estimado: mais 49,6% de gastos (os 719 mil euros previstos saltaram para 1 075 298 euros). Agora os centristas planeiam gastar 700 mil euros.

Os dados revelados ao DN pelos partidos mostram que só o BE e o PAN admitem que vão gastar mais do que o que gastaram nas campanhas de 2015. O crescimento no Bloco do orçamentado para agora face ao gasto em 2015 será na ordem dos 16,74% (de cerca de 840 mil euros para quase um milhão).

Já o aumento no PAN será percentualmente muito maior - embora seja o partido que tenha previsto uma campanha mais barata, de entre as formações parlamentares. Em 2015 custou cerca de 32 mil euros e agora o partido - com perspetivas de passar a ter mais do que um deputado eleito - planeia gastar 138 mil euros.

O PAN prevê gastar 61 mil euros na "estrutura", 20 mil em "folhetos e programas Braille", 19 mil para "deslocações, dormidas, refeições em campanha", 17 mil para outdoors e 4500 nos tempos de antena das televisões e rádios. A rubrica dos "brindes" foi reduzida a zero.

PS, a campanha mais cara

Com um desvio também grande nas suas contas em 2015 está o Bloco de Esquerda, que este ano quer manter o seu orçamento abaixo de um milhão de euros. Há quatro anos, os bloquistas orçamentaram 598 084 euros mas acabaram por gastar 839 464 euros, valor que se traduziu num aumento de 40,4%.

Sem entrar em detalhes, o BE antecipa ao DN que as contas estimadas para 2019 registam "um acréscimo face ao que foi gasto em 2015 de cerca de 140 mil euros", atirando o valor para 980 mil euros. O gabinete de imprensa do Bloco recorda que, há quatro anos, o custo final foi de 839 mil euros e que o partido foi o mais "rentável" entre o valor gasto e o número de votos, como avançou na altura o DN.

O PS orçamentou gastar um pouco menos que 2,5 milhões na campanha para as legislativas de 6 de outubro - a campanha mais cara de todas nos partidos parlamentares. A maior fatia será consumida nas rubricas de "comício e espetáculos", com 589,2 mil euros e de "propaganda, comunicação impressa e digital", com 508,1 mil.

O orçamento da campanha socialista - que já está depositado na Entidade das Contas e Financiamentos Políticos do Tribunal Constitucional, antes do prazo final que era esta segunda-feira - reflete, segundo o mandatário financeiro do PS, Hugo Xambre Pereira, "o planeamento atempado" da campanha do partido, com "consultas ao mercado para vários materiais e serviços necessários à campanha", que "será associado a um controlo financeiro permanente".

Esta promessa de controlo explica-se pelo disparo dos gastos em 2015: o PS tinha orçamentado 2,6 milhões de euros e gastou 3,2 milhões. Agora, Hugo Xambre Pereira afirma ao DN que "o valor total previsional de despesa de campanha é de cerca de 2,4 milhões de euros, inferior em quase 800 mil ao total da despesa da campanha de 2015 (-33%), que por sua vez já tinha registado uma redução de despesa em relação a campanhas anteriores".

CDU também corta

Em 2015, a CDU foi a única das formações com assento na Assembleia da República sem derrapagem nas contas - pelo contrário, a coligação liderada pelos comunistas acabou por gastar menos do que o que tinha orçamentado.

Agora, os comunistas apontam para uma despesa total na ordem dos 1,2 milhões de euros - ou seja, menos 15,8% do que o que gastaram há quatro anos.

Contas feitas pelo DN mostram, no total, em relação às seis formações parlamentares (PSD+PS+BE+CDS+CDU+PAN), que estas planeiam, no seu conjunto, fazer uma campanha mais barata do que a de 2015. Uma diferença na ordem dos 27% - passando dos 10,2 milhões de euros para 7,4 milhões.