2020, o ano horrível do Benfica. Pior só em 2008

Os encarnados terminam o ano civil com apenas 53% de vitórias e nenhum troféu conquistado. Pior só há 12 anos quando conseguiram apenas 40% de triunfos.

O Benfica está a terminar um autêntico annus horribilis. As desilusões sucederam-se e a Supertaça perdida na passada quarta-feira frente ao rival FC Porto foi apenas mais um episódio de um 2020 para esquecer e que só encontra pior em 2008.

Ou seja, há 12 anos que os encarnados não tinham um ano civil tão mau e a prova disso é que apenas ganharam 25 dos 47 jogos que realizaram, o que representa apenas 53% de triunfos, acumulando ainda 11 empates e 10 derrotas, das quais três foram precisamente diante dos dragões.

E a verdade é que quando 2020 se iniciou nada fazia prever que este descalabro acontecesse, afinal o Benfica somou sete vitórias consecutivas e chegou ao jogo do Estádio do Dragão na liderança da I Liga, com sete pontos de vantagem sobre o FC Porto. Só que naquela noite de 8 de fevereiro as águias entraram em queda livre: viram esfumar-se a vantagem no campeonato, foram afastados da Liga Europa pelo Shakhtar Donetsk e perderam a final da Taça de Portugal com os dragões. Pelo meio foi despedido o treinador Bruno Lage - que tinha sido campeão na época anterior -, ficando Nélson Veríssimo como técnico até ao final da temporada...

118,5 milhões investidos em reforços

Com eleições no clube marcadas para outubro, Luís Filipe Vieira apostou tudo na sua reeleição e, em tempos de crise pandémica e económica mundial, abriu os cordões à bolsa. Fez regressar Jorge Jesus, que tinha acabado de ganhar quase tudo no Flamengo, e investiu 98,5 milhões de euros em novos jogadores, um recorde em Portugal.

Aliás, nunca nenhum clube português investiu tanto num só ano civil, pois além do montante astronómico gasto no verão é preciso juntar a contratação do alemão Julian Weigl em janeiro por 20 milhões de euros. Na prática, em 2020, o Benfica investiu 118,5 milhões de euros em reforços.

Só 40% de vitórias em 2008

Se compararmos com 2008, os encarnados terminaram a temporada com apenas 40% de vitórias (18 triunfos em 45 jogos), tendo ficado em quarto lugar na I Liga a 23 pontos do campeão FC Porto, caíram nas meias-finais da Taça de Portugal com o Sporting e nos oitavos-de-final da Liga Europa com o Getafe. E tudo isto com José António Camacho a sair do cargo de treinador pelo meio do caminho, ficando Fernando Chalana até final da época, à semelhança do que aconteceu com Nélson Veríssimo este ano.

Para a época 2008/09, foi contratado o espanhol Quique Flores que na última jornada do ano deixava a equipa no primeiro lugar do campeonato, mas já eliminado da Taça da Liga e da Taça UEFA.

Contudo, o nível de investimento foi incomparavelmente inferior ao que se registou este ano, pois nos dois mercados de transferências de 2018 foram investidos 31 milhões de euros, sendo que Pablo Aimar foi o jogador mais caro (7,5 milhões de euros).

"Desastre" em Atenas foi o primeiro sinal

Com Vertonghen, Everton, Pedrinho, Waldschmidt e Darwin Núñez, o jogador mais caro de sempre do futebol português (24 milhões de euros), Jorge Jesus e o Benfica sofreram um duro golpe logo no primeiro jogo da temporada na Grécia, onde uma derrota diante do PAOK Salónica atirou a equipa para fora da Liga dos Campeões, impedindo o clube de fazer face ao enorme investimento realizado.

Os encarnados foram então obrigados a vender Rúben Dias ao Manchester City para equilibrar as contas e, em troca, receberam Nicolás Otamendi. Mas os jogos que seguiram ao "desastre" na Grécia até criaram a ideia de que a equipa de Jorge Jesus poderia estar a crescer, uma vez que somou sete vitórias consecutivas.

Só que as derrotas com o Boavista (0-3) fora e com o Sp. Braga (2-3) em casa desmentiram a fase ascendente da equipa e acentuaram os problemas defensivos, como provam o facto de nos últimos 13 jogos ter sofrido golos em nove partidas (só com Paredes, Lech Poznan, Vilafranquense e Gil Vicente é que ficou com a baliza a zeros).

Janeiro de 2021 pode ser decisivo

O jogo da Supertaça com o FC Porto, em Aveiro, foi apenas o culminar de um ano errático que nem o regresso de Jorge Jesus conseguiu inverter. Para já, o Benfica já está fora da Liga dos Campeões e perdeu a Supertaça, mas ainda tem quatro objetivos intactos, pois ocupa o segundo lugar da I Liga a dois pontos do líder Sporting, na Liga Europa terá de medir forças com o Arsenal em fevereiro, na Taça de Portugal tem pela frente um duelo com o Estrela da Amadora e na Taça da Liga joga as meias-finais com o Sp. Braga.

O mês de janeiro de 2021 surge como muito importante para aquilo que será o resto da época 2020-21 do Benfica. É que terá pela frente as decisões da Taça da Liga e no campeonato vai fechar a primeira volta com visitas ao FC Porto e Sporting. Jesus tem poucos dias para melhorar uma equipa e, dessa forma, inverter o ciclo negativo que se abateu sobre a Luz em 2020.

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