Em 2014, ano das últimas eleições europeias, o número de eleitores portugueses registados no estrangeiro não chegava aos 245 mil (244 849). Porém, neste ano, por via de uma alteração legal - o recenseamento automático de todos os portugueses registados nos consulados portugueses no estrangeiro -, esse número subiu para quase um 1,5 milhões de eleitores (1 431 825)..O número total de eleitores subiu assim de cerca de 9,6 milhões de eleitores (9 696 481) para cerca de 10,7 milhões (10 791 156). Esta é uma evolução que tem tudo para empurrar a abstenção para valores nunca antes atingidos. Nas contas do DN, no mínimo 71,1% (ou seja, 7,6 milhões de eleitores ausentes das urnas)..As contas fê-las o DN por transposição direta dos valores da abstenção registados em 2014 para os novos números de eleitores inscritos em 2019. Há cinco anos, nos eleitores registados no estrangeiro, só 2% participaram na votação (isto é: a abstenção foi até aos 98%). Ora, se essa percentagem de participação se mantiver agora que o número total de inscritos passou de 244,8 mil para 1,43 milhões, o número total de abstencionistas dos emigrantes portugueses rondará os 1,40 milhões..Somando-se este valor a uma projeção direta da abstenção dos eleitores no território nacional a partir do valor de 2014 (6,2 milhões de eleitores, o equivalente a 65% dos inscritos), isso atira a abstenção total previsível para 7,6 milhões de eleitores - os tais 71% do número total de inscritos. Será, evidentemente, um novo recorde: sete em três eleitores não irão às urnas..O recenseamento automático dos portugueses residentes no estrangeiro registou 848 mil eleitores na Europa e 583,6 mil fora da Europa, a maior parte dos quais (quase 400 mil) nas Américas..Os números do recenseamento disponíveis no site da Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna revelam também o número de cidadãos estrangeiros da UE residentes em Portugal e que poderão aqui votar nas eleições europeias do próximo domingo: 10,7 mil ao todo (10,3 mil residentes no continente, 250 na ilha da Madeira e 166 nos Açores..O Ministério da Administração Interna tem multiplicado os sistemas pelos quais informa os eleitores de onde poderão votar. Por um lado, há o site do recenseamento (ver imagem em cima). Por outro, volta a estar em funcionar uma solução via sms: "Envie uma mensagem escrita (sms) para o número 3838 escrevendo: RE (espaço) n.º de identificação civil constante no Bilhete de Identidade ou Cartão de Cidadão (espaço) data de nascimento (no formato AAAAMMDD).".A votação em Portugal para as eleições europeias na prática já começou. Anteontem, domingo, iniciou-se a aplicação de uma experiência inovadora de voto antecipado..Segundo dados enviados hoje à agência Lusa pelo Ministério da Administração Interna (MAI), quase 15 mil pessoas (14 909) votaram, somando valores do continente e das ilhas..O total de pedidos para exercer o direito de voto antecipadamente era de cerca de 19,5 mil pessoas, o que resulta numa afluência na ordem dos 76%. Os que pediram para votar antecipadamente mas não o fizeram poderão agora fazê-lo no próximo domingo, na respetiva assembleia de voto..Lisboa foi o distrito onde mais pessoas votaram antecipadamente (5 871) - apesar de apenas 68% dos 8595 inscritos terem comparecido para votar -, seguido pelo Porto (2 293) e Coimbra (943)..Em relação às regiões autónomas, a ilha da Madeira foi aquela onde mais pessoas votaram antecipadamente (410), seguida pela ilha de São Miguel (272), nos Açores..As pessoas que votaram antecipadamente em mobilidade representam 0,16% dos portugueses recenseados em território nacional, de um total de 9 329 331 eleitores..Em Lisboa, nos Paços do Concelho, milhares de pessoas formaram filas e o tempo de espera chegou a ser de quase duas horas. O Bloco de Esquerda viu esta afluência como auspiciosa. Já o CDS anunciou que pedirá esclarecimentos ao MAI por causa do tempo de espera.