Taxa de testes positivos a subir desde setembro, mas já foi maior em abril
O número de testes de rastreio à covid-19 que dão positivo está a aumentar em Portugal. Desde a segunda quinzena de setembro que a taxa de positividade cresce consecutivamente, tendo passado de 3,4% para 6,4%. No entanto - e apesar de a semana que passou ter sido aquela em que foram confirmados mais novos casos -, a relação entre o número de infetados e de exames realizados já foi superior em abril. Na altura, havia, em média, 8% de testes positivos.
O DN fez as contas à taxa de positividade, por semana, a partir de dados disponibilizados pela Direção-Geral da Saúde. Abril foi o mês, desde o início da pandemia, em que esta foi mais elevada, agosto quando foi menor (chegou a estar nos 1,3%).
Nesta semana, o país bateu recordes sucessivos do número de casos de covid diários, tendo chegado a atingir as 2608 infeções, na sexta-feira, mas também foram feitos mais testes. De segunda a domingo, houve três dias em que se processaram mais de 30 mil amostras. Ou seja, estão a ser detetados mais doentes ligeiros e até assintomáticos.
A semana terminou com 13 247 novos casos e uma média de 1892. Em termos absolutos nunca houve tantas infeções pelo novo coronavírus no país, mas também estão a ser feitos mais testes do que nunca. Na quarta-feira 14, foram processadas pelos laboratórios 30 828 análises - o valor mais elevado desde março.
Comparada com a pior semana do pico anterior da pandemia - 30 de março a 5 de abril (5316 casos, média de 759) - e a segunda pior - 6 a 12 de abril (5307, média de 758), a taxa de positividade é, por enquanto, menor agora, em outubro. Nestas semanas de abril, respetivamente, 9% e 7,8% dos testes deram positivo. O dia em que foram feitas mais análises, neste período, foi a 9 de abril: 12.209.
No verão, a taxa de positividade diminuiu de forma acentuada, uma vez que foram registados menos casos e o número de testes foi subindo. Na primeira semana de agosto, por exemplo, apenas 1,3% deram positivos. Mas, a partir de setembro, o cenário começou a inverter-se e esta taxa a aumentar.
Portugal é o 15.º Estado europeu numa lista de 48 sobre a quantidade de testes por milhão de habitantes, sendo os primeiros lugares desta tabela ocupados por países de dimensões muito inferiores às de Portugal, como as Ilhas Faroé (que têm 48 mil habitantes), Andorra (77 mil) ou Gibraltar (33 mil).
De acordo com o worldometers, os únicos países europeus que mais testam do que Portugal e que têm uma população semelhante ou superior à do território português são o Reino Unido (que faz 426 339 testes por milhão de habitantes), a Rússia (361 638), a Bélgica (337 495) e a Espanha (312 033).
Portugal faz 288 254 exames de rasteio ao novo coronavírus por milhão de habitantes e é o sétimo país da União Europeia que mais testa.
As mensagens de apaziguamento do Governo e das autoridades de saúde repetem-se: mesmo com os casos a subir há capacidade hospitalar e o Serviço Nacional de Saúde funciona em rede. Ou seja, quando um hospital deixa de ter camas de internamento, o doente é transferido para outro na mesma área.
As declarações proferidas na sequência de notícias sobre a falta de capacidade de resposta em alguns hospitais da capital e de cancelamento de cirurgias programadas no norte por causa de casos de covid vão ao encontro do que dizem os números. Os internamentos por covid têm aumentado a um ritmo diário de cerca de mais 30 camas ocupadas, mas os valores continuam mais baixos do que em abril, no pico da pandemia.
Em média, na última semana, estiverem hospitalizadas, por dia, quase 900 pessoas em Portugal. Em abril, na semana de 15 a 21 (a que teve mais internamentos desde o início da pandemia), a média era de 1237 internamentos diários. Até agora, o máximo de pessoas hospitalizadas por causa da covid-19 foi de 1302, no dia 16 de abril.
Neste momento, estão internados 1086 doentes, ou seja, mais 72 do que no dia anterior. Já nos cuidados intensivos há agora 155 pessoas - mais sete que na véspera.
No mês de abril a média de internamentos semanais foi sempre superior a mil e nos cuidados intensivos estiveram à volta de 200 pessoas. Isto explica-se, segundo informação prestada pela diretora-geral da Saúde, em conferência de imprensa, por a doença estar a atingir pessoas cada vez mais novas, com tendência para terem poucos sintomas, mas que não deixam de ser motivo de grande preocupação, uma vez que podem transmitir o vírus à população mais vulnerável.
Se a população vulnerável - em geral, associada aos mais velhos - tiver menos contacto com o vírus, a letalidade também desce, como têm vindo a comprovar os dados divulgados pela Direção-Geral da Saúde.
A taxa de letalidade do país situa-se atualmente nos 2,18%, quando na semana passada era de 2,5% e na semana anterior era de 2,8%. Já a taxa de letalidade portuguesa acima dos 70 anos é agora de 12,2%, menos 1% do que na semana passada e menos 2% do que na anterior.