Exclusivo Basílio Horta. "Se não fossem os autarcas o que seria da pandemia?"
O presidente da Câmara de Sintra revela em entrevista ao DN que o desemprego no concelho subiu para 10% nestes dois meses de pandemia e fala dos desafios para superar a crise, incluindo a turística. E diz que há falta de transportes e assume que "é um risco " nesta fase de pandemia.

Basílio Horta, presidente da Câmara de Sintra
© Carlos Manuel Martins/Global Imagens
A pandemia atingiu o concelho de Sintra com alguma intensidade. Enquanto autarca como lidou com este problema e que medidas foram tomadas?
Atacou concelho e continua a atacar. Logo desde o primeiro momento tomámos as medidas assim em que Portugal se confrontou com a pandemia. A primeira coisa que fizemos foi fechar os ginásios e os parques, ou seja o confinamento possível, ainda antes do governo tomar qualquer atitude. Depois há três fases de medidas, sendo que a primeira e a segunda fase estão já feitas e entraremos na terceira dentro de 15 dias. A primeira fase foi proteger a saúde das pessoas e apoiá-las no seu poder de compra. Isto significou aumentar o apoio às IPSS para que pudessem fazer mais coisas do que normalmente faziam, entre as quais distribuir alimentos, proteger as pessoas, fazer os testes em conjunto com a Câmara. Foi logo um milhão de euros dados às IPSS. E depois um acordo com o Hospital Amadora/Sintra para que comprasse imediatamente um conjunto de equipamentos de proteção sem esperar pelo apoio do Estado que veio mais tarde. Foi um milhão e meio de euros imediatamente. Para comprar equipamentos de proteção individual, ventiladores e um Raio X portátil e desinfetantes. Ao mesmo tempo tentamos proteger o poder de compra das pessoas e diminuiu-se o preço da água em 35% para os consumidores gerais e 20% para as empresas e todas as pessoas com rendimento social deixaram de pagar água em Sintra. O que significou em dois meses 4 milhões de euros. Depois temos um fundo de emergência social que acorre a pessoas com especiais vulnerabilidades. E foi fundamentalmente para pagar rendas de casa. Agora largámos o fundo de emergência social para pagar medicamentos e demos mais um milhão de euros ao fundo de emergência social., que ficou com dois milhões de euros para rendas de casa e medicamentos. Gastámos ao todo cerca de 11 milhões de euros.
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E a segunda fase?
Tem a ver com a economia. Os efeitos da pandemia no concelho de Sintra tem efeitos muito grandes. Porquê? Porque é o segundo concelho mais populoso do país, tem cerca de 400 mil pessoas e também é um dos maiores concelhos do país. Temos 320 Km2, se para efeitos de comparação Lisboa tem 100 k2, nós temos três vezes a área de Lisboa, que tem 100 mil habitantes, e temos oito vezes a área do Porto., que tem 40 km2. Vila Nova de Gaia, que é o terceiro concelho mais populoso do país, nós temos duas vezes aquele concelho. E tivemos que olhar para a economia também porque somos o concelho do país com maior número de pequenas e médias empresas e lançamos um programa que está em curso para apoiar as pequenas e micro empresas do setor da restauração e do comércio a retalho, do setor de prestação de serviços, em que empresas que tenham o máximo de volume de negócios de 100 mil euros e que os proprietários tenham um rendimento global familiar não superior a 30 mil euros. É para os empresários com pouco rendimento e que viram os seus estabelecimentos fechados por obrigação da lei e estiveram dois meses sem nenhum tipo de rendimento. Para isso fizemos um fundo de emergência empresarial e dotamos esse fundo com 3 milhões de euros e damos a cada empresário 1500 euros, o que significa que vão ser abrangidos 2 mil empresários e não pomos limite ao número de trabalhadores como o Estado. Pensamos começar os pagamentos em junho e julho, começámos já agora. Vamos agora entrar na terceira fase que é olhar para a parte cultural, as nossas freguesias, e para os bombeiros, que têm tido um trabalho muito além do que é normal, e o apoio à abertura da época balnear com os concessionários das praias.