A pandemia atingiu o concelho de Sintra com alguma intensidade. Enquanto autarca como lidou com este problema e que medidas foram tomadas? Atacou concelho e continua a atacar. Logo desde o primeiro momento tomámos as medidas assim em que Portugal se confrontou com a pandemia. A primeira coisa que fizemos foi fechar os ginásios e os parques, ou seja o confinamento possível, ainda antes do governo tomar qualquer atitude. Depois há três fases de medidas, sendo que a primeira e a segunda fase estão já feitas e entraremos na terceira dentro de 15 dias. A primeira fase foi proteger a saúde das pessoas e apoiá-las no seu poder de compra. Isto significou aumentar o apoio às IPSS para que pudessem fazer mais coisas do que normalmente faziam, entre as quais distribuir alimentos, proteger as pessoas, fazer os testes em conjunto com a Câmara. Foi logo um milhão de euros dados às IPSS. E depois um acordo com o Hospital Amadora/Sintra para que comprasse imediatamente um conjunto de equipamentos de proteção sem esperar pelo apoio do Estado que veio mais tarde. Foi um milhão e meio de euros imediatamente. Para comprar equipamentos de proteção individual, ventiladores e um Raio X portátil e desinfetantes. Ao mesmo tempo tentamos proteger o poder de compra das pessoas e diminuiu-se o preço da água em 35% para os consumidores gerais e 20% para as empresas e todas as pessoas com rendimento social deixaram de pagar água em Sintra. O que significou em dois meses 4 milhões de euros. Depois temos um fundo de emergência social que acorre a pessoas com especiais vulnerabilidades. E foi fundamentalmente para pagar rendas de casa. Agora largámos o fundo de emergência social para pagar medicamentos e demos mais um milhão de euros ao fundo de emergência social., que ficou com dois milhões de euros para rendas de casa e medicamentos. Gastámos ao todo cerca de 11 milhões de euros..E a segunda fase? Tem a ver com a economia. Os efeitos da pandemia no concelho de Sintra tem efeitos muito grandes. Porquê? Porque é o segundo concelho mais populoso do país, tem cerca de 400 mil pessoas e também é um dos maiores concelhos do país. Temos 320 Km2, se para efeitos de comparação Lisboa tem 100 k2, nós temos três vezes a área de Lisboa, que tem 100 mil habitantes, e temos oito vezes a área do Porto., que tem 40 km2. Vila Nova de Gaia, que é o terceiro concelho mais populoso do país, nós temos duas vezes aquele concelho. E tivemos que olhar para a economia também porque somos o concelho do país com maior número de pequenas e médias empresas e lançamos um programa que está em curso para apoiar as pequenas e micro empresas do setor da restauração e do comércio a retalho, do setor de prestação de serviços, em que empresas que tenham o máximo de volume de negócios de 100 mil euros e que os proprietários tenham um rendimento global familiar não superior a 30 mil euros. É para os empresários com pouco rendimento e que viram os seus estabelecimentos fechados por obrigação da lei e estiveram dois meses sem nenhum tipo de rendimento. Para isso fizemos um fundo de emergência empresarial e dotamos esse fundo com 3 milhões de euros e damos a cada empresário 1500 euros, o que significa que vão ser abrangidos 2 mil empresários e não pomos limite ao número de trabalhadores como o Estado. Pensamos começar os pagamentos em junho e julho, começámos já agora. Vamos agora entrar na terceira fase que é olhar para a parte cultural, as nossas freguesias, e para os bombeiros, que têm tido um trabalho muito além do que é normal, e o apoio à abertura da época balnear com os concessionários das praias..Uma das fontes de receita do município é precisamente o turismo, que estará paralisado durante muito tempo. Como ultrapassar isto? Nunca tivemos uma quebra tão grande no emprego. Até à pandemia estávamos com 4,6% de desemprego, ou seja, quase em pleno emprego. Neste momento, dois meses passados da pandemia, estamos com cerca de 10% de desemprego. A nossa sorte em Sintra é que nossa indústria continuou a funcionar, 81% está a funcionar, agora o problema é o da procura. Como vamos responder à quebra do turismo? Essa é uma pergunta para um milhão de dólares. E não é só Sintra, como é que o país vai recuperar? E como é que nós aumentamos as exportações e aumentamos o investimento com todos os outros países em crise. O maior mercado exportador é Espanha, mesmo em turismo, e está numa recessão profunda; o segundo mercado é a Alemanha, que está numa recessão grave, o terceiro mercado é a França, também em recessão grave, o quarto é a Inglaterra, é talvez dos piores de todos, a Itália e os Estados Unidos é o que nós sabemos, portanto, como é que influenciamos isto? E temos de ter alguma modéstia quando encaramos este problema porque nunca o vivemos. Tivemos crises graves e eu já as passei no governo e fora do governo, passei como ministro do Comércio e do Estado duas crises gravíssimas, a primeira em 1978 e depois outra mais tarde. Naquela altura o mundo estava bem e a crescer. Agora não, estão todos em recessão. A nossa resposta a isto tudo vai depender do que fazemos, mas também do que faça a Europa, os Estados Unidos e até a China. E quando se pergunta, e o turismo em Sintra? O que podemos fazer? Estamos a pensar lançar uma campanha de turismo original. Nós aproveitamos a pandemia para perceber as mudanças que temos de fazer no turismo e vamos adotar essas mudanças. Primeiro o turismo de Sintra não pode ser só o Palácio da Pena, a Regaleira e o Palácio da Vila. É preciso diversificar a oferta, temos praias únicas, de natureza, para quem gosta de Atlântico puro, temos um conjunto de igrejas do melhor que há no mundo, somos património da humanidade com paisagens únicas na Serra, em arquiteturas tradicionais em pequenas aldeias, e agentes culturais extremamente competentes e com grande capacidade de intervenção, no teatro e na música, temos uma oferta arqueológica do melhor em termos nacionais. Depois temos de estudar os preços e isenções de taxas porque temos de ser competitivos e temos de passar a ideia de que Sintra é uma terra segura. Os nossos casos de covid hoje, porque amanhã pode mudar tudo, pisamos em gelo fino, é zero. Na comparação per capita estamos em 37.º lugar. Até agora já desinfetamos em vias e estradas 300 quilómetros, o que significa Lisboa/Porto. Já interviemos em mais de 400 edifícios, já desinfetamos mais de mil carros e tudo isto com gente nossa e com os bombeiros. Tenho visto toda a gente a agradecer aos médicos e enfermeiros, nada mais merecido, mas o agradecimento aos autarcas, aos presidentes de junta de freguesia e aos presidentes de câmara que têm trabalhado muito. Penso que se não fossem os autarcas, que estão a dar tudo o que podem e não podem, o que é que era da pandemia? Não estou a puxar a brasa à minha sardinha porque aqui em Sintra quem tem trabalhado são os meus vereadores, eu coordeno. Ai de Portugal se não fossem os seus autarcas..Qual é a maior falta de resposta do governo nesta pandemia na relação com os municípios? Há uma área crítica que é os transportes e, aliás, o ministro já o reconheceu..Não há transportes suficientes para as exigências sanitárias? Não há transportes suficientes e aumentamos muito a procura com o passe único. E Sintra tem uma grande responsabilidade porque o passe único existe na Área Metropolitana de Lisboa por causa de Sintra. Pagamos 4 milhões e meio por ano para o ter. A procura aumentou, mas a oferta diminuiu, tiraram carreiras a Sintra e foi um castigo para os repor. Mesmo assim em horas de ponta vão 140% da sua capacidade..O que agora é de todo desaconselhável... Agora é um risco. O ministro está atento a isto, eu percebo que ele tem dificuldades, agora ele vai ter de responde mais tarde ou mais cedo a isto, quantos comboios são precisos, quem os compra e quem os paga. Talvez seja necessário mexer nos horários para responder às horas de ponta.