António Costa tem na manga o nome do seu ministro Pedro Marques para avançar como cabeça-de-lista do PS nas eleições europeias de 26 de maio. Não é a escolha definitiva - e essa só será anunciada pelo líder socialista numa convenção nacional, a realizar no dia 16 de fevereiro, em Gaia -, mas é a opção mais forte na mesa da direção do PS. A secretária-geral adjunta socialista, Ana Catarina Mendes, e o líder parlamentar, Carlos César, foram nomes incluídos desde a primeira hora, mas António Costa não deve prescindir dos seus números dois no partido, mais ainda em ano de eleições legislativas..Este é um fator a ter em conta: as europeias vão funcionar como uma primeira volta das legislativas de outubro (e a crise do PSD pode ajudar a este cenário). António Costa já foi aconselhado a ir para a estrada em força durante a campanha eleitoral em maio, marcando presença todos os dias, não deixando essa tarefa só nas mãos do cabeça-de-lista do partido (o que será uma presença mais intensa do que a de José Sócrates, na campanha de 2009, quando as europeias também se realizaram meses antes das legislativas)..O secretário-geral do PS foi também aconselhado a apostar num nome forte para fora do partido, mas também para dentro, para ajudar a motivar os militantes a envolverem-se na campanha de uma eleição tradicionalmente pouco mobilizadora, como é a da escolha dos deputados para o Parlamento Europeu..A agenda intensa do ministro.Não é de estranhar que, nesta última semana, a agenda mediática do governo tenha sido praticamente preenchida por Pedro Marques e António Costa. Na segunda-feira, com o anúncio da compra de comboios para a CP; na terça, com o acordo para o novo aeroporto no Montijo; na quarta, com o anúncio da expansão da rede do metro de Lisboa; e na quinta, com a aprovação do Programa Nacional de Infraestruturas, na dependência do ministro do Planeamento e Infraestruturas, que António Costa defendeu ontem no Parlamento durante o debate quinzenal. À saída do hemiciclo, Pedro Marques percorreu os Passos Perdidos ao lado do primeiro-ministro. No domingo passado, no espaço de comentário na SIC, o antigo líder do PSD Marques Mendes tinha chamado a atenção para esta agenda preenchida. Depois de elogiar MárioCenteno, o "ministro das contas certas", Marques Mendes antecipou o "maior protagonismo" de outro ministro, Pedro Marques. "Falta saber se isto não traz água no bico", disse então. Para o comentador e conselheiro de Estado, este protagonismo mediático do ministro do Planeamento e Infraestruturas terá outras intenções, que classificou como tendo "ambição política". "Certamente, será qualquer coisa que será bom para ele, não será mau", defendeu Marques Mendes..Pedro Marques, 42 anos, é também quem tutela os fundos europeus no executivo socialista e, na sua biografia publicada no Portal do Governo, esse aspeto é sublinhado logo a abrir, recordando que, depois de se licenciar em Economia, a sua primeira experiência profissional foi como técnico no âmbito do QCA II, os quadros comunitários que antecederam o atual Portugal 2020..Natural do Montijo, foi também aí que teve o primeiro cargo político, como vereador eleito da câmara local. De 2005 a 2011 esteve no governo socialista como secretário de Estado da Segurança Social..Assis relativiza eventual saída.Na semana em que a eurodeputada Ana Gomes anunciou o seu afastamento por vontade própria, Francisco Assis desvalorizou a sua provável saída de Bruxelas..Aquele que foi a escolha de há cinco anos do líder anterior do PS, António José Seguro, para cabeça-de-lista (à época, o então secretário-geral defendia jogar esta carta para estabelecer uma ponte com os céticos da sua direção, António Costa incluído), diz que não abrirá nenhuma guerra com a sua eventual exclusão, que nem todos os dirigentes querem. "Eu sempre soube distinguir os planos. Tenho um bom relacionamento pessoal e político com o secretário-geral do PS, coincido com ele em absoluto nas questões de política europeia. Julgo que o PS vai ter um bom resultado e estou disponível, indo ou não nas listas, para participar ativamente no processo eleitoral", disse nesta semana Assis. O PS arranca hoje no Alqueva com a primeira de sete convenções regionais sob o lema "Rumo às europeias", que culminará com a referida convenção nacional, no dia 16 de fevereiro, em Gaia, onde Costa fará o anúncio formal do cabeça de uma lista que será absolutamente paritária, como já foi há cinco anos.