Amanhã há Nobel da Literatura. Será que a Academia Sueca vai ser justa?

Depois de o Nobel da Literatura ter sido concedido a Bob Dylan em 2016, nenhum outro anúncio espantará o mundo. Em tempos de pandemia, pode ser que a Academia Sueca encontre a vacina contra a sua cada vez pior imagem face a tantos desmandos.
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Desde o dia 5 de maio que os cinco candidatos finalistas ao Nobel da Literatura estão escolhidos. E desde há um mês, 6 de setembro, que as obras estarão lidas e a escolha acertada, podendo assim ser anunciada às 12.00 desta quinta-feira. O nome do escritor é desconhecido fora da Academia Sueca, mas é impossível fugir aos prognósticos sobre o hipotético galardoado de 2020.

Pode dizer-se que uma das mais fortes hipóteses é de a seleção recair sobre uma escritora.

Também é - ou deveria ser - previsível que autores da Europa Central serão postos de parte em nome de outras literaturas, afinal do mundo das letras não fazem parte apenas escritores deste continente.

A grande pergunta é qual será o escritor que estará presente na cerimónia de entrega dos diplomas Nobel, de uma medalha e do respetivo cheque, no próximo dia 10 de dezembro?

Maryse Condé, Lyudmila Ulitskaya, Anne Carson e Margaret Atwood fazem parte de um promissor quarteto feminino.

Condé nasceu em Guadalupe, estudou em França, foi professora na Guiné, Gana, Senegal e na Universidade de Columbia, em Nova Iorque. Tem um precedente que pode penalizá-la: há dois anos, quando não houve anúncio do Nobel da Literatura, foi a vencedora do galardão alternativo.

Ulitskaya é uma das mais populares escritoras russas, tendo tido um sucesso gigantesco com o seu primeiro romance, Sonechka, publicado em 1992, premiado, e com parte da obra traduzida.

Carson é uma poeta e ensaísta canadiana que recebeu em 1984, com o seu primeiro livro de poesia, um dos muitos prémios literários da sua carreira.

Atwood é outra autora canadiana, poeta, ensaísta e bem-sucedida romancista. Conta com mais de cinquenta títulos na sua bibliografia, vários prémios internacionais e, atualmente, tem a adaptação televisiva de A História de Uma Serva (The Handmaid's Tale) a correr mundo.

Se os escritores tiverem hipótese de disputar o escrutínio, existem alguns nomes com mais hipóteses de chegar à "final": o queniano Ngugi Wa Thiong'o, o espanhol Javier Marias e... o japonês Haruki Murakami.

Entre os autores que podem surpreender nesta edição do Nobel da Literatura está a autora Jamaica Kincaid, de origem caribenha-americana, e o poeta húngaro Peter Nadas. Ou a inglesa Hilary Mantel, autora de uma impressionante biografia de Thomas Cromwell e da sua época.

Uma coisa é certa, o escolhido terá de recolher pelo menos um voto a mais do que a metade das indicações do júri. E se Milan Kundera fosse esse nome, o Nobel seria muito bem entregue.

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