Fundamentalismo terrorista
Quando o presidente da França foi surpreendido pelo cruel assassinato de Samuel Paty, professor de História e Geografia, em Conflans-Sainte-Honorine (Yvelines), por um jovem muçulmano, que o decapitou por ter utilizado caricaturas de Maomé numa das suas aulas, assumiu a indignação da França, afirmando que esta manteria a liberdade de ensinar, e a prática da vítima seria mantida: infelizmente, uma série de assassinatos cresceu em diferentes lugares da França, e depois fora, obrigando, para além das medidas de segurança e justiça, a recordar o famoso estudo de Nicolas Sarkozy, sobre O Estado, as Religiões e a Esperança, concluindo que "os muçulmanos já são a segunda religião da França", e advertindo "contra o fundamentalismo laico e contra o fundamentalismo religioso", acrescentando que "a República é uma maneira de organizar o universo temporal. É a melhor maneira de viver em comum. Mas ela não é a finalidade do homem: há ao mesmo tempo uma afirmação espiritual que a República não deve negar, mas que não é também de sua competência".
Foi o tema da sociedade de confiança que inspirou o estudo de Alain Peyrefitt (1995) sobre a sociedade de confiança, dizendo: "Em quarenta anos de observação, a atitude de confiança - ou de desconfiança - na pessoa apareceu-nos, sob formas muito diversas, como a quintessência dos conflitos culturais, religiosos, sociais e políticos, que exercem uma influência sobre o desenvolvimento."
Esta visão da real importância das religiões como realidade que a independência política não pode ignorar, levou o experiente João Paulo II, que nunca esqueceria a sofredora luta da sua Polónia pela liberdade, e que pareceu confirmá-lo na convicção de que "da justiça para cada um nasce a paz para todos", tomou a decisão de nomear São Thomas More para patrono de parlamentares e governantes. Algures afirmaria Gorbachev que a intervenção de João Paulo II foi definitiva na queda do Muro de Berlim.
Infelizmente, o atentado contra as Torres Gémeas de Nova Iorque mostrou que o desenvolvimento da ciência e da técnica, ao mesmo tempo que desenvolvia a conceção aristocrática do Conselho de Segurança com a distinção entre potências com veto (5) e as outras sem ele, que isso não impediria que "o fraco" possa atacar com desastre profundo, o adversário "forte".
No presente e fundamentado alarme da França, que não corresponde a ser única vítima possível, também não é possível ignorar que tais violências do fraco contra o forte aconselham de novo reconhecer a importância de Nicolas Sarkozy, quando meditou sobre o facto de os muçulmanos serem em número a segunda religião da França, sendo oportuno não esquecer, neste século, que essas fronteiras não limitam a expansão de qualquer fé, que o drama das migrações contribui para alargar, na até hoje presente dificuldade de distinguir a fundamentada distinção entre deveres humanitários e segurança. Tornando mais agravado o conflito se o encontro das religiões afetar a respeitabilidade a que cada uma tem direito.
Numa visita dos professores, o presidente Macron declarou: "A nação está inteiramente ao vosso lado hoje e amanhã para vos proteger, defender e ajudar a exercer a vossa missão, a mais bela que pode existir que é criar cidadãos livres." Representantes sindicais afirmaram: "A escola é o lugar da criação do cidadão e da sua liberdade de consciência, formação de espíritos esclarecidos para a prática do debate. É uma tarefa essencial no serviço público da educação... Atacar um professor é atacar um pilar da nossa democracia e da nossa República... Ninguém pode contestar e ainda menos recusar um ensino parte integrante dos programas da escola e da República."
O facto é que a adoção do terrorismo, muito formalmente implantado como vitória do fraco contra o forte, exige uma segura intervenção de multiplicar a adesão aos deveres que as vozes mais responsáveis assumem, sobretudo as que receberam Thomas More como patrono de parlamentares e governantes. Mas, agora, a intervenção do Global Council for Tolerance and Peace, a que preside H. E. Ahmad Aljarwan, dispondo de um International Parliament for Tolerance and Peace, lembra-nos que em Assis já estiveram muçulmanos, e tem como um dos temas afirmar que "é tempo de ficarmos unidos", adotando novas estratégias e novos métodos para servir a paz.
O desatino da violência, está certamente em contradição com os valores de todas as religiões, e que não é lícito que "um tufão abale os alicerces", já não apenas de uma sociedade afluente, mas de um globo em crise global.